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Novo comandante quer Tropa de Choque na rua para reduzir criminalidade em SP

Coronel Nivaldo Restivo falou com exclusividade ao R7 uma semana após assumir o cargo

São Paulo|Fernando Mellis, do R7

Coronel Restivo (foto) tem 32 anos de trabalho na Polícia Militar
Coronel Restivo (foto) tem 32 anos de trabalho na Polícia Militar Coronel Restivo (foto) tem 32 anos de trabalho na Polícia Militar

Três sirenes tocam no CPChq (Comando de Policiamento de Choque) para avisar a chegada do comandante ao prédio, localizado na Luz, centro de São Paulo. Alguns subordinados se apresentam ao coronel Nivaldo César Restivo, que assumiu a chefia no último dia 12, apesar de o oficial já ser um nome conhecido na divisão. Aos 49 anos, Restivo tem 32 de Polícia Militar, 18 deles dedicados ao Choque.

Na última terça-feira (22), o coronel recebeu com exclusividade o R7. Com fala calma e posicionamento claro sobre o trabalho da PM, ele adiantou que vai usar parte da Tropa de Choque nas ruas da capital para reduzir os índices de criminalidade. A cidade fechou o mês de junho com aumento de 42% no número de roubos. Algumas semanas depois, o governo anunciou uma dança das cadeiras em algumas chefias.

O novo comandante foi nomeado no lugar do coronel Carlos Celso Savioli, que foi para a assessoria militar do Tribunal de Justiça de São Paulo. Desde o dia 12, Restivo é responsável por batalhões como a Rota, o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), o COE (Comando de Operações Especiais), o canil, a cavalaria, além do efetivo usado muitas vezes em manifestações de rua.

Questionado sobre as recentes denúncias de abusos policiais, ele afirmou que protestos exigem respeito mútuo e que vai trabalhar para evitar esses casos. Restivo falou, ainda, sobre a acusação de lesão corporal grave a que respondia após a ação da PM no Complexo do Carandiru, em 1992. Com a prescrição do crime, o processo foi extinto na última segunda-feira (21). Sobre o assunto, o coronel disse estar “tranquilo”.

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Leia os principais trechos da entrevista:

R7:O senhor acha que mudanças frequentes no comando de batalhões importantes podem prejudicar o andamento dos trabalhos?

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Nivaldo Restivo: Eu acredito que não. A política de segurança pública de São Paulo é igual para qualquer dirigente. Nós somos gestores de pessoas, de logística. Esses ensinamentos de gestão todos os comandantes têm, é institucional.

R7: Haverá alguma mudança no Choque a partir de agora?

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Restivo: Eu pretendo preservar as características de cada uma das nossas cinco unidades, porém, ver o que é possível contribuir no policiamento territorial para o combate à criminalidade. A ideia é o emprego saturado de efetivo da Rota no patrulhamento especializado, do Regimento de Cavalaria, do canil, além da atuação do 2º BPChq na elaboração de bloqueios de veículos em vias de grande circulação, bem como da atribuição do COE, em áreas de difícil acesso. É importante pontuar que sempre aproveitaremos a especialização dessas frações de tropa, destinando-as para apoio e preservando as características originárias de emprego.

R7: Como isso vai funcionar na prática?

Restivo: Por exemplo, o 2º Batalhão de Choque faz o policiamento em eventos esportivos. Eu tenho a possibilidade de empregá-lo para auxiliar um comandante de área territorial que tenha uma dificuldade com algum tipo de indicador criminal. Desloco o efetivo para lá quando não tem o emprego em algum evento esportivo, artístico ou cultural. Da mesma forma o canil, que trabalha muito atrelado ao controle de distúrbios civis, revista em presídios, aeroportos, para detectar drogas. Mas eu posso empregar o canil em uma área específica em que a presença ostensiva da Polícia Militar vá colaborar na redução dos indicadores também.

R7: O senhor assume o CPChq em um momento em que especialistas dizem que a PM ainda está aprendendo como lidar com as manifestações de rua, muitas vezes violentas. Em sua opinião, o que precisa ser aperfeiçoado pela PM paulista?

Restivo: O trato com manifestações exige um emprego de técnicas reconhecidas mundialmente. O que se faz aqui se faz em qualquer lugar do mundo. É lógico que o que vem acontecendo do ano passado para cá são situações em que não estávamos habituados a atuar daquela maneira. Aperfeiçoamos a maneira de agir. Hoje, uma manifestação havida, por exemplo, em fevereiro do ano passado, vai ter um tratamento diferenciado em relação ao que fazíamos antes.

R7: De que maneira o senhor pretende evitar que os policiais do Choque cometam excessos?

Restivo: É fundamental a nossa atuação em cima da técnica e da legalidade. O treinamento tem uma participação muito grande nesse foco. Toda vez que você tem uma tropa especializada, ela oferece um serviço de melhor qualidade. Paralelo a isso, os equipamentos suprem uma deficiência de terreno, de conhecimento. Uma tropa bem preparada e equipada pode atuar de maneira tranquila e minimizar as possibilidades de erro.

R7: Na abertura da Copa, uma manifestação pequena foi encerrada com bombas de gás e balas de borracha em SP, deixando correspondentes internacionais feridos. A ação foi mais dura em virtude do Mundial?

Restivo: A PM tinha uma função muito bem definida nesse contexto de Copa do Mundo. Independente do momento, que era a abertura, ou se essa situação se descrevesse hoje, a atuação seria a mesma. As técnicas empregadas naquele momento são exatamente as mesmas de hoje.

R7: Qual é a sua opinião sobre as manifestações de rua?

Restivo: Eu entendo que toda manifestação deve ter uma motivação definida, tem que respeitar os interesses das pessoas que não estão envolvidas naquele cenário e acho que todo manifestante tem sim o direito de expressar sua opinião. Só acho que a atuação de um tem um limite, então eu não entendo que o manifestante tem o direito de quebrar o patrimônio de uma pessoa. Fechar uma avenida pode decorrer em uma pessoa que está indo para o hospital simplesmente morrer porque não recebeu o apoio médico em tempo. Todos que estão envolvidos têm que ser respeitados.

R7: O Choque tem fama de ser truculento. O que o senhor acha disso?

Restivo: O rótulo que se dê a isso, vinculando o nome Choque, fardamento ou a armadura que se usa, não revela aquilo que fazemos. É lógico que um policial do Choque tem um porte físico mais avantajado, os equipamentos demonstram que ele está um pouco mais encorpado. Isso pode revelar um aspecto de truculência, mas eu insisto que somos uma tropa que restabelece a ordem quando a ordem for quebrada.

R7: O processo em que o senhor era réu — por lesão corporal grave durante a operação de rescaldo — no caso do Carandiru , prescreveu na segunda-feira (21). Quando o senhor assumiu o comando da Rota, em 2012, houve algumas críticas devido a essa acusação. Em sua opinião, a extinção desse processo pode reverter essas críticas, mudar sua imagem?

Restivo: Eu estou muito tranquilo em relação a isso por vários aspectos. Primeiro, porque eu sei o que aconteceu dentro daquele local naquele dia. No meu entendimento, a denúncia oferecida não revela a ação de cada um que aconteceu lá. A denúncia oferecida foi genérica, não tem individualização. Eu tenho convicção, tenho certeza, do que falaram que eu fiz, eu não fiz.

R7: O senhor agiu dentro da lei no Carandiru?

Restivo: Certamente. Eu não tinha tropa sob meu comando. Eu era oficial que tinha outra finalidade lá.

R7: O senhor presenciou algum tipo de abuso naquela ocasião?

Restivo: Não. Não teve. O que foi descrito na denúncia não revela a ação que me atribuíram.

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