Obra do Museu do Ipiranga está parada

Reabertura deve ocorrer na simbólica data de 2022, bicentenário da Independência do Brasil

07/09/2016 - 09h30 (Atualizado em 23/02/2024 - 10h58)

Fechado em agosto de 2013 por causa de problemas estruturais, o edifício-monumento do Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga, continua sem cronograma nem orçamento para obras de recuperação. Ainda neste mês, entretanto, deve ser assinado contrato com a empresa que venceu o processo de concorrência para produzir laudo técnico sobre o estado do prédio — no valor de R$ 1,5 milhão, com prazo de dez meses.

Desde agosto de 2013, quando o museu foi fechado, os esforços foram mais emergenciais: escoramento das salas críticas e transferência do pesado acervo que sobrecarregava muito o prédio construído entre 1890 e 1895 — ao custo mensal de R$ 172 mil, o museu locou, no ano passado, sete imóveis na região do Ipiranga para abrigar os cerca de 150 mil itens do acervo.

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De lá para cá, um primeiro laudo chegou a ser produzido, destacando, entretanto, as patologias somente da fachada. "Já temos claro que a Universidade de São Paulo (responsável pelo museu) não pode arcar com o custo integral do restauro e da modernização", afirma a historiadora Solange Ferraz de Lima, diretora da instituição - ela assumiu o cargo em junho. "Precisaremos de apoio e captação de recursos com a iniciativa privada."

Desde o ano passado, o Grupo Mulheres do Brasil, associação sem fins lucrativos, está empenhado em ajudar a prospectar patrocínios. O trabalho deve acentuar-se a partir de 2017, após o laudo de problemas estruturais.

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Enquanto isso, a direção segue mirando na simbólica data de 2022, bicentenário da Independência do Brasil, como limite para reabrir as portas do edifício. Solange frisa, entretanto, que a instituição Museu Paulista "não está fechada". "Mas é compreensível que nossas atividades se confundam com o espaço que é a nossa sede", afirma.

Atividades acadêmicas e educativas passaram a ocorrer, desde o ano passado, em uma nova sede, na Avenida Nazaré, no mesmo bairro. Em caso de necessidade e sob agendamento, pesquisadores têm sido recebidos no edifício interditado.

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E a rica biblioteca, de 70 mil volumes, também foi reaberta ao público em outro endereço (Rua Brigadeiro Jordão, 149, também no Ipiranga).

Concomitantemente, cada vez mais peças do acervo da instituição vêm sendo emprestadas para mostras em outros museus e espaços culturais.

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7 de Setembro

Por causa da Semana da Pátria, desde domingo uma exposição-painel está aberta nos tapumes que cercam o edifício. Quem passar por ali até o dia 11 poderá conferir mais detalhes sobre a história do prédio, a criação do museu e os problemas que levaram ao fechamento do local.

Uma programação especial está prevista para hoje, por causa do feriado. Às 11h, um grupo de pintores será recebido no interior do edifício-monumento. Sob coordenação do artista plástico Bruno Moreschi, eles devem observar o famoso quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo (1843-1905), e propor releituras de sua obra. A atividade integra programação do Sesc Ipiranga e os resultados devem fazer parte de programação ao longo deste semestre.

Às 18h, em telão montado na esplanada do edifício, será exibido o filme Resgates, documentário independente dirigido por Denise Szabo e produzido por Felipe Ferreira e Elsa Villon. Passando pelos bairros de Ipiranga, Sacomã e Heliópolis, o filme mostra as transformações urbanas de São Paulo nas últimas seis décadas. Após a exibição, haverá bate-papo com a equipe responsável pela produção da obra.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dois anos fechado para visitas, Museu do Ipiranga ainda se prepara para obras e só deve reabrir em 2022:

Um dos principais museus de São Paulo está fechado para reformas há pouco mais de dois anos — e a previsão para reabertura é somente para 2022. A demora, no entanto, é comum em restauros e reformas desse tipo. Veja a seguir como está o andamento dos trabalhos em centros culturais de São Paulo e quanto tempo costuma levar obras desse tipo

Em agosto de 2013, os tapumes e as redes de proteção começaram
a chegar. Andaimes e faixas também tomaram conta da paisagem e o tradicional
jardim simétrico já não era mais ponto de foto dos turistas. Há pouco mais de
dois anos, o Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga, fechou as
portas para visitação. Com necessidade de obras de restauro, reforma e
modernização do prédio, o centro cultural de 120 anos tem previsão de
reabertura somente em 2022

O longo período para finalização
dos trabalhos chama atenção, mas a professora Sheila Walbe Ornstein, diretora
do museu, explica que uma obra desse tamanho demora bastante tempo.

— A
data estimada está dentro da realidade de uma obra desta magnitude. Ela é
bastante simbólica, porém representa o período necessário para alcançar o objetivo
de restauro e modernização

Até agora, apesar de a obra em si
não ter começado, foi feito um trabalho de “intervenção física” e escoramento
de forros de algumas salas para garantir a preservação do acervo e a segurança
da equipe do Museu que atua no local e prepara a transferência dos acervos para
imóveis alugados na região. Sheila
explica, ainda, que foi feita toda a avaliação do prédio.

— Neste
período, foram feitos os mapas de danos das fachadas, levantamento dos
principais problemas nos telhados e os levantamentos completos das necessidades
ambientais para o restauro e a modernização do edifício. A seguir, antes do
início da execução de obras dessa natureza, é necessário obter autorizações dos
órgãos de preservação do patrimônio histórico, no caso do Museu Paulista, nas
três esferas de governo, entre outras instâncias públicas

Por enquanto, sem visitantes, o
museu mantém as consultas ao acervo por especialistas, assim como o empréstimo
de obras do acervo. Segundo Sheila, neste ano foram feitos empréstimos a quatro
exposições, sendo uma internacional.

— Além
disso, o Museu Republicano “Convenção de Itu”, extensão do Museu Paulista da
USP, está em plena atividade

Ao todo, 60 pessoas trabalham
dentro do edifício diretamente com atividades relacionadas às preparações para
a transferência de acervos. A diretora conta que os sete imóveis alugados na
região estão em fase de adequação física para receber equipes e acervos.

— Os cerca de 120 mil itens do acervo serão transferidos
quase em sua totalidade, permanecendo no edifício apenas as obras que não
apresentam condições para seu transporte, casos, por exemplo, da tela
“Independência ou Morte”, da maquete da cidade de São Paulo e dos bandeirantes
no saguão principal. Essas obras receberão uma proteção especial durante o
restauro, ficando totalmente protegidas quanto a impactos e poeira.

Fora
isso, o museu pretende transferir para um dos imóveis alugados, ainda no
segundo semestre, os cerca de 70 mil livros do acervo. Com isso, a biblioteca
poderá ser reaberta para consulta pública e para pesquisas

Memória em construção

Por motivos diferentes, uma parte
do Memorial da América Latina, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, também está
sem receber visitantes desde 2013. Em novembro daquele ano, o auditório Simón Bolívar pegou fogo e está
desativado até hoje. Felipe Pinheiro, diretor administrativo e
financeiro do Memorial, explica que a fase de licitação para realizar a
primeira parte da obra está terminando. Com isso, poderá ser realizada a recuperação
estrutural do prédio, orçada em R$ 6,5 milhões.

— Nessa
primeira fase tem que recompor o concreto e fazer um novo. Onde pegou fuligem
ou fogo tem que fazer o lixamento e estucagem, recuperar pilastras. Depois,
entramos na fase arquitetônica que inclui os trabalhos de hidráulica, elétrica,
acessibilidade, ar condicionado e a terceira fase é de cenografia e
luminotecnica.

No caso do Memorial, os projetos de restauro e modernização já estão prontos, mas é necessário aguardar as licitações de cada etapa para começar a próxima, o que faz com que o processo seja mais lento

Em paralelo aos trabalhos de
reforma, a obra de Tomie Ohtake, uma tapeçaria
de cerca de 800 metros quadrados que foi destruída no incêndio, já está sendo
refeita. Antes de morrer, a artista plástica já havia informado que o trabalho
seria feito novamente. A obra de Tomie foi encomendada pelo
arquiteto Oscar Niemeyer em 1989, ano da inauguração do Memorial da América
Latina.

Pinheiro conta que o trabalho já
está em execução. O custo para refazer a tapeçaria é de cerca de R$ 780 mil e o
diretor informou que o trabalho deve ser pago por uma parceria com uma empresa
da iniciativa privada.

— A
tapeçaria está sendo refeita. O instituto [Tomie Ohtake] está coordenado a confecção
da obra e o artista é o mesmo que fez a obra original. Antes de falecer, a
Tomie encaminhou pra ele esse trabalho. A obra deve demorar mais ou mesmo sete
meses e meio para ficar pronta

O Ministério Público de São Paulo instaurou, na última terça-feira (3), um inquérito para apurar as consequências e as causas do incêndio que destruiu parte do Auditório Simón Bolívar, do Memorial da América Latina, na semana passada

Em 2014, dois museus em São Paulo
reabriram após alguns anos fechados para reforma. Em maio, depois de três anos
e meio fechado para restauração, o antigo Memorial da Imigração reabriu como
Museu da Imigração do Estado de São Paulo.

Esta
foi a primeira grande reforma do prédio, que teve sua construção finalizada em
1888. A reforma custou em torno de R$ 20 milhões. O prédio do museu, localizado
no Brás, limite com a Mooca, na zona leste da capital, serviu como hospedaria
para imigrantes de 1887 a 1978. Por ele passaram mais de 2,5 milhões de
pessoas, de mais de 70 nacionalidades. Em 1982 ele foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado)

Em dezembro, foi a vez da
reabertura do Obelisco-Mausoléu, localizado em frente ao Parque Ibirapuera, na
zona sul de São Paulo. O monumento, que ficou mais de um ano em obras, ficou fechado
para visitação por 12 anos.

O
Governo do Estado investiu R$ 326 mil no projeto e R$ 11,1 milhões na execução
das obras de restauro e modernização, totalizando R$ 11,4 milhões

Um dos principais museus de São Paulo está fechado para reformas há pouco mais de dois anos — e a previsão para reabertura é somente para 2022. A demora, no entanto, é comum em restauros e reformas desse tipo. Veja a seguir como está o andamento dos tr...