Pai de estudante morto em festa na Unicamp duvida de versão de suspeitos pelo crime
Denis Papa Casagrande foi morto após briga generalizada no último sábado em Campinas
São Paulo|Do R7, com Rede Record
A versão de que Denis Papa Casagrande, de 21 anos, assediou uma moça punk durante uma festa na Unicamp, na madrugada do último sábado (21), antes de ser morto a facadas em Campinas, no interior paulista, não convenceu o pai do estudante, Celso José Casagrande. Segundo ele, a garota em questão jamais “faria o tipo” das garotas com as quais Denis gostava de se relacionar.
— Eu vi a moça e duvido dessa versão. Ela não é o tipo de moça que o Denis se relacionava.
As declarações do pai da vítima foram feitas em entrevista à TVB, afiliada da Rede Record em Campinas, depois da família tomar conhecimento do teor do depoimento de Anderson Mamede. Integrante do grupo de punks que estava na festa, ele admitiu ter agredido Denis com um skate, justificando que o universitário havia tentado “agarrar a namorada”, Maria Teresa Peregrino, de 20 anos. No entanto, ele negou ter matado a vítima.
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Mamede também ficou ferido no tumulto. Além dele, outras seis pessoas ligadas aos punks, incluindo Maria Teresa, foram ouvidos por mais de 12 horas no Departamento de Homicídios de Campinas. A polícia realizou diligências com os dois, mas o delegado Rui Pegolo, responsável pelo caso, evitou dar detalhes do que foi revelado nos depoimentos.
A mãe de um jovem de 17 anos, que também depôs e é amigo de Mamede e Maria Teresa, afirmou na saída da delegacia que a jovem confessou ter dado as facadas que mataram Denis Casagrande. Essa informação não foi confirmada pela polícia, tanto que ninguém até o momento foi preso ou formalmente acusado pelo assassinato.
Amigos do universitário devem ser ouvidos ainda nesta semana, mas Pegolo evitou falar sobre prazos para a conclusão do inquérito. A reportagem do R7 tentou falar com o delegado, porém não obteve retorno até o momento.
Pais questionam “omissão” da Unicamp
Segundo Celso José Casagrande, as informações que ele recebeu de amigos do filho é que houve busca de socorro junto a uma portaria da Unicamp, mas não conseguiram qualquer tipo de ajuda. O pai de Denis ainda questionou a postura da instituição até o momento, tachando-a como “fria”.
Da sua parte, a instituição de ensino divulgou nota em que afirma que a celebração aconteceu sem autorização e que o campus foi invadido. Uma sindicância interna já está em andamento para apurar eventuais responsabilidades de funcionários da universidade.
Festa
Batizada de "Festival de Rádios Livres", a festa aconteceu no teatro de arena do Ciclo Básico e foi organizada pela Rádio Muda — rádio universitária que funciona dentro do campus. O evento, que contou com banda, estava marcado para as 23h.
Segundo o parecer da Unicamp, por volta das 23 h, a vigilância interna da universidade chegou a acionar a Polícia Militar e a Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas) por causa da invasão no campus por participantes da festa. Eles teriam avançado sobre as barreiras e vigilantes de duas guaritas.
"Ambas as solicitações não foram atendidas, apesar da insistência da Vigilância Interna", informa a nota. A PM informou que não houve chamado sobre festas no campus. A Emdec informou que a área dentro da universidade não é de competência da empresa.
Desde 2009, toda festa no campus está sujeita à autorização prévia da universidade, que disse não ter autorizado nem ter participação na rádio.
A universidade também informou em nota que "não apoia e nem tem participação alguma na rádio que opera de forma clandestina e ilegal no campus". O comunicado ainda informa que "a Unicamp acompanha o andamento das providências tomadas pelo Ministério Público Federal, que instaurou Inquérito Civil Público para apurar as responsabilidades pela rádio e adotar as medidas cabíveis".
A Unicamp informou que vai apurar o caso "e identificar os responsáveis pela festa realizada sem autorização da instituição bem como a participação de pessoas estranhas à comunidade acadêmica".
Assista ao vídeo: