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Polícia de SP aciona Interpol para prender chefes do PCC nos EUA e Paraguai

Um dos chefes da facção criminosa vive na Flórida com dinheiro do tráfico, segundo o Deic

São Paulo|Fernando Mellis, do R7

Drogas apreendidas durante a operação
Drogas apreendidas durante a operação

A Polícia Civil de São Paulo pediu apoio da Interpol para tentar deter dois membros da liderança do PCC (Primeiro Comando da Capital) que estão fora do País. Eles tiveram a prisão decretada durante a operação Bate-Bola, desencadeada pelo Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) em parceria com o Ministério Público Estadual. Desde fevereiro, 38 pessoas foram presas e dois adolescentes apreendidos.

Segundo o diretor do Deic, delegado Wagner Giudice, Fabiano Alves de Souza, conhecido como Paca, está na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero. Vivendo fora do Brasil, ele administra a organização financeira da facção criminosa. Souza cumpriu 11 anos e quatro meses de prisão, boa parte da pena na penitenciária de Presidente Venceslau, onde estão o chefe do PCC, Marcola, e outros dois integrantes da cúpula.

O outro foragido é Wilson José Lima de Oliveira. O delegado que coordenou as investigações, Ruy Ferraz Fontes, aguarda que a Interpol envie detalhes sobre a vida dele nos Estados Unidos.

— O Wilson se agregou a um grupo nos Estados Unidos que nós desconhecemos quem seja e ele está dando as ordens para a manutenção do trabalho do tráfico aqui em São Paulo. Ele tem duas funções aqui: mantém pontos de venda de varejo, que são dele, e pontos de venda de varejo que são do PCC. Ele vive do lucro da venda de cocaína aqui em São Paulo lá nos Estados Unidos, abrigado por alguém que nós desconhecemos.


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O Deic diz que já foi emitido alerta vermelho para que eles sejam presos no exterior. Apesar desse anúncio, nenhum dos dois constava na lista de pessoas procuradas pela Interpol até o começo da noite desta terça-feira (15).


A operação Bate-Bola começou em fevereiro, com duas prisões, e as demais neste mês. A Polícia Civil diz que o alvo foi a parte gerencial do tráfico de drogas nas ruas. Foram apreendidos 102 kg de cocaína; 40 kg de maconha; armas, R$ 120,9 mil em espécie; 31 automóveis, sendo cinco de luxo; e duas motos. Os investigadores também analisam documentos e celulares encontrados com os presos.

O secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, disse que a operação representou “um grande golpe na facção criminosa”.


— Não resolve o problema, nós sabemos disso. É preciso que esse trabalho continue, mas é um resultado altamente positivo, porque alcança pessoas que tinham alguma relevância na facção.

Grella disse que até o momento o serviço de inteligência da polícia não detectou qualquer ameaça de retaliação do PCC. O diretor do Deic descartou a ligação entre os ônibus incendiados nos últimos dias e as prisões. 

Segundo o promotor que acompanhou o trabalho da polícia, Lafaiete Ramos, os presos responderão pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico. Alguns deles também poderão ser processados por lavagem de dinheiro, como é o caso de Marivaldo Maia de Souza.

Ele é o dono de uma loja de carros na avenida Pires do Rio, na zona leste, que, segundo o Deic, era usada para lavar o dinheiro do tráfico. Todos os veículos que estavam no local foram apreendidos.

Policiais investigados

O secretário afirmou que enviou nesta terça-feira documentos às corregedorias das polícias Civil e Militar para apurar eventuais crimes cometidos por agentes. Não foi informado quantos policiais serão investigados. O diretor do Deic explicou como eles agiam.

— É fato que é polícia sim, no que a gente ouviu e que está escrito em anotações. Não são líderes do crime. Eles se aproveitam do lucro do crime. O que a gente coletou foi que, eventualmente, o policial passa na chamada biqueira, no ponto de venda de droga, e aí ele arrecada o dinheiro que tem naquele momento. É muito mais uma situação de concussão, ou extorsão cometida por funcionário público, do que outra coisa.

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