Promotor: Elize pode ter usado serra elétrica para esquartejar Matsunaga
Segundo ele, hipótese será investigada "com profundidade"
São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7
O promotor José Carlos Consenzo afirmou que não descarta a possibilidade de a serra elétrica, adquirida por Elize Matsunaga no dia em que ela matou o marido, ter sido utilizada no esquartejamento do executivo da Yoki Marcos Matsunaga, em maio deste ano. A história veio à tona após novo depoimento da babá que cuidava da filha do casal, prestado na quarta-feira (7) à polícia.
De acordo com a funcionária, que hoje mora com os pais do empresário, o objeto foi comprado por Elize na volta de uma viagem para o Paraná . Para o promotor, o depoimento traz "um fato relevante" às investigações.
— Vai ser examinado com muita profundidade. Vou verificar qual era o objetivo disso (da compra da serra elétrica). Após ter acesso ao depoimento (da babá), vou fazer um exame juntamente com os demais laudos para ver a necessidade de complementação de esclarecimentos a respeito da utilização da serra elétrica no crime.
De acordo com Consenzo, a motosserra é semelhante a um modelo que o casal tinha no apartamento onde morava. A diferença é que o disco não apresentava “dentes”, funcionava como uma espécie de “faca giratória”. O objeto foi comprado em uma loja de ferragens na cidade de Cascavel (PR).
— A babá só falou agora porque está morando com os pais do Marcos. Ela contou para o pai do Marcos a história da serra. Falou que não estava conseguindo dormir, mas não havia falado antes por medo.
Segundo o representante do Ministério Público, Elize teria dito à babá que a serra elétrica seria um presente para o empresário abrir caixas de vinho. Depois que soube do crime, a funcionária procurou o objeto na casa e não o encontrou, achando apenas a outra serra que havia no imóvel.
— Se Elize falou para a empregada que daria a serra elétrica de presente para o Marcos e se ela disse, no depoimento dela à polícia, que já tinha contratado advogado e falou para a família que não ficaria mais um dia com o marido, que ia se separar dele, como é que alguém vai separar e dar uma motosserra de presente para abrir caixa de vinho?
Novo inquérito
O promotor José Carlos Cosenzo pediu, em outubro, a instauração de um inquérito policial para apurar a presença de duas ou mais pessoas na cena do assassinato do empresário Marcos Matsunaga.
A solicitação é sustentada em provas técnicas, segundo o promotor. Entre elas, está o laudo necroscópico, elaborado pelo médico legista Jorge Pereira de Oliveira, que apontou diferenças de cortes durante o esquartejamento da vítima.
O caso
O empresário, herdeiro da Yoki Alimentos, foi encontrado morto e esquartejado na Estrada dos Pires, numa região rural, em Cotia, na Grande São Paulo, no dia 27 de maio. A mulher do empresário, Elize Matsunaga, 30, confessou o crime e o esquartejamento no dia 6 de junho. A Polícia Civil afirmou que o assassinato pode ter tido motivação passional. De acordo com as investigações, Elize suspeitava que o marido estivesse tendo um caso e contratou um detetive particular para segui-lo.
O profissional confirmou a traição. De acordo com a versão da mulher, Matsunaga foi morto com um tiro após uma discussão entre o casal, em que ela teria sido agredida. Depois, ela disse ter esquartejado sozinha o corpo e guardado os pedaços em sacolas plásticas.