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Reitor da USP diz desconhecer festa tradicional que foi alvo de denúncias

Zago afirma que festa de sua época de estudante era show para o jardim de infância

São Paulo|Mariana Queen, do R7

Reitor Marco Antonio Zago faz fala em CPI do Trote em São Paulo
Reitor Marco Antonio Zago faz fala em CPI do Trote em São Paulo

“Não tenho nenhuma opinião a dar [sobre o Show Medicina], porque eu desconhecia todos esses atos”, afirmou o reitor Marco Antonio Zago, após audiência da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Trote, instaurada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo para investigar a violação de direitos humanos nas universidades do Estado.

Questionado como não sabia se estudou medicina na USP, Zago respondeu:

— Eu estudei na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, onde, na minha época, existia um show medicina que hoje seria considerado, provavelmente, um show para o jardim de infância.

No final do ano passado, uma série de denúncias de estupros e humilhações em festas estudantis na FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e em outras unidades da USP motivou a abertura da CPI. Zago comentou que nenhum diálogo foi realizado entre ele e o diretor da FMUSP. 


— O diretor da Faculdade de Medicina mudou muito recentemente e nós tivemos agora um período de recesso, de tal maneira que essas questões serão retomadas neste momento. Vai haver diálogo, como eu tenho com todos os diretores com todas as unidades.

Zago também falou das festas estudantis do início do ano e daquelas realizadas ao longo dos semestres.


— Festas não contam com apoio da instituição ou das unidades e não dispõem de infraestutura. São realizadas informalmente e ganham caráter continuo. Mais de uma vez acarretam em mortes e depois não se acha mais quem organizou os eventos.

Ele lembrou que, em dezembro de 2014, a congregação da universidade proibiu as festas na Cidade Universitária, bem como fez a direção do campus São Carlos da USP.


Para o reitor, as festas estão relacionadas aos atos de violência entre os alunos, e sua proibição já age como uma forma de coibir tais ações. 

Marina Ganzarolli, advogada e ex-aluna da faculdade de da USP, uma das criadoras do grupo feminista Dandara na unidade, também participou da sessão.

— Não temos que ensinar as meninas a usarem saias mais longas ou pararem de beber. Temos que ensinar alunos a não estuprarem as mulheres. E para isso precisamos do apoio administrativo.

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Ela pediu que uma seja aberta uma comissão de combate à violência contra a mulher.

— Existem uma série de medidas administrativas que podem ser resolvidas com a abertura de diálogo com os coletivos. Pedimos uma comissão permanente de enfrentamento à violência contra a mulher no campus. Não temos ideia e nem estatísticas de quantas meninas podem ter desistido de suas graduações por não ter conseguido conviver com os seus violadores, que são alunos.

Zago firmou compromisso público em abrir diálogo para implementar medidas propostas pelos alunos e alunas que estavam na reunião da CPI. Ele também lamentou que a ouvidoria da universidade não tenha detectado as denúncias de estupro.

— É surpreendente que não tenham chegado essas denúncias [de violência e abusos] pela ouvidoria da universidade. A ouvidoria aponta que normalmente chegam denúncias de assédio moral apenas.

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