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Réu se emociona com início de argumentação de advogada durante julgamento do Carandiru

Ieda Ribeiro disse que todos os réus são seus heróis e que tem orgulho de defendê-los 

São Paulo|Ana Ignácio, do R7

Massacre do Carandiru terminou com a morte de 111 detentos
Massacre do Carandiru terminou com a morte de 111 detentos OSWALDO JURNO

Um dos policiais militares acusados de participação no massacre do Carandiru se emocionou com a fala da advogada Ieda Ribeiro. A magistrada começou sua defesa por volta das 14h20 deste sábado (20) e, após fazer alguns agradecimentos, Ieda começou a falar diretamente com os réus e disse que todos eles são seus heróis.

Ronaldo Ribeiro dos Santos ficou emocionado quando a advogada emendou frases em que reconhecia o esforço e a importância dos policiais para a sociedade. Quando ela lamentou por quem “perdeu dois filhos na vida”, o réu retirou um lenço de seu bolso e enxugou o rosto.

- Eu me penitencio e me desculpo quando tiro os senhores do convívio a sua família. Eu me penitencio e me desculpo porque a sociedade não os respeita.

Ieda disse ainda que os policiais são seres invisíveis, mas “é o ser invisível que, quando eu preciso, está ao meu lado”.


- Os meus heróis não morreram de overdose. Todos os meus heróis estão aqui.

A advogada deve falar pelas próximas três horas. Na sequência, a promotoria pode usar duas horas para réplica – seguidas de duas horas pra tréplica. 


Relembre o caso 

O massacre do Carandiru começou após uma discussão entre dois presos dar início a uma rebelião no pavilhão nove. Com a confusão, a tropa de choque da Polícia Militar, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, foi chamada para conter a revolta. Foram mortos 111 detentos. 


Ao todo, 286 policiais militares entraram no complexo penitenciário do Carandiru para conter a rebelião em 1992, desses, 84 foram acusados de homicídio. Desde aquela época, cinco morreram e agora restam 79 para serem levados a julgamento.

Até hoje, apenas Ubiratan Guimarães chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, porém um recurso absolveu o réu e ele não chegou a passar um dia na cadeia. Em setembro de 2006, Guimarães foi encontrado morto com um tiro na barriga em seu apartamento nos Jardins. A ex-namorada dele, a advogada Carla Cepollina, foi a julgamento em novembro do ano passado pelo crime e absolvida.

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