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Sorocaba dominada pela dengue: morador encontrou larva até no pote de escovas de dente

Epidemia desacelera, mas situação continua grave; cerca de 38 mil estão infectados na cidade

São Paulo|Caroline Apple, do R7

David Santana conta que a mulher encontrou larvas dentro do banheiro: “A infestação está muito grande”
David Santana conta que a mulher encontrou larvas dentro do banheiro: “A infestação está muito grande” David Santana conta que a mulher encontrou larvas dentro do banheiro: “A infestação está muito grande”

Quem mora em Sorocaba, município a 95 km de São Paulo, já teve dengue ou está a um aperto de mão de quem já sofreu ou está sofrendo com a doença. Uma epidemia atinge quase 38 mil pessoas na cidade, número que corresponde a quase 6% da população sorocabana, composta por cerca de 460 mil habitantes. Onze pessoas já morreram neste ano.

O R7 esteve lá nesta quarta-feira (8) para ver de perto a situação dos moradores da cidade que está dominada pela dengue. 

Nas ruas, todas as pessoas abordadas pela reportagem tinham algum caso de problemas com a doença em casa ou na vizinhança.

No centro da cidade, o vigilante David Santana de Sena, de 34 anos, andava com a mulher e os dois filhos quando pediu para que a história dele fosse registrada.

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Sena conta que não acreditou quando a mulher foi lavar o banheiro e encontrou um foco de dengue dentro do porta-escovas de dente da família.

— Minha mulher foi lavar o banheiro e encontrou larvas do mosquito dentro do pote onde guardamos as escovas de dente. Tem que ficar de olho, porque a infestação está muito grande.

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Um termo que se tornou comum na cidade é "exame do laço". Quem não está familiarizado com a doença pode não saber do que se trata, mas, em Sorocaba, é algo que se escuta o tempo todo.

Exame do laço ou prova do laço é o meio que confirma o diagnóstico de dengue. Com um laço apertado no braço do paciente, após cerca de cinco minutos nos casos positivos, aparecem pintas vermelhas na área pressionada, uma das característica da doença.

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Um quarteirão, dez casos de dengue

O gesseiro Soelmo Ramos, de 35 anos, é morador da alameda Guarujá, na Vila Nova Sorocaba, o terceiro bairro com mais registros da doença no município. Ramos foi abordado pela reportagem em um posto de gasolina. De lá, o gesseiro levou a equipe para sua rua, onde, somente em um quarteirão, mais de dez pessoas tiveram dengue ou estão doentes, entre elas, a própria mulher de Ramos, que estava se recuperando após um período "terrível" com a doença.

— Todo mundo aqui já foi picado pelo mosquito. Teve família inteira com dengue de uma vez. Eu não passo mais repelente, mas sei que é perigoso.

Entre essas vizinhas está a costureira Terezinha Aparecida de Oliveira, de 73 anos. Terezinha está com dengue há quase uma semana. No posto, o exame clínico constatou a doença, mas a costureira ainda aguardava a confirmação do exame de sangue.

— Já estou tomando soro, me hidratando. Doí tudo. Muito vômito, muita dor atrás do olhos. O pior é que preciso trabalhar, mas não posso. Estou aqui terminando uma peça porque minha cliente vai viajar no fim de semana.

A filha de Terezinha também está doente e o genro voltou a trabalhar naquele dia, após um mês afastado do trabalho, por causa da dengue.

Ramos afirma que na rua há duas casas onde pessoas acumulam lixo e acredita que os mosquitos que picaram sua mulher e os vizinhos vieram de lá.

— A gente liga para prefeitura, mas dá muito trabalho e a gente desiste.

Todas as semanas, 5.000 pessoas ficam doentes

Ana aguardou atendimento por horas para saber se tem dengue
Ana aguardou atendimento por horas para saber se tem dengue Ana aguardou atendimento por horas para saber se tem dengue

Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (8), o secretário municipal de Saúde, Francisco Antônio Fernandes, destacou que o aumento dos números de casos e internações desacelerou e que a média de novos casos tem se mantido a mesma há três semanas. Do dia 1º de abril até o dia 6 foram registrados 6.705 novos casos, contra 5.253 casos contabilizados na semana anterior.

— Continuamos preocupados, pois ainda estamos com um número alto de casos e, em algumas regiões da cidade, como Lopes de Oliveira, Nova Esperança e Nova Sorocaba, o número de registros não diminui.

Para conseguir atender à população, alguns postos da Prefeitura têm ficado abertos aos finais de semana. Mesmo assim, os moradores reclamam da demora no atendimento.

A estudante Ana Laura Nunes da Rocha estava no posto de Vila Nova Sorocaba aguardando atendimento havia quase cinco horas.

— Estou com todos os sintomas da dengue, mas preciso fazer o exame do laço para confirmar e poder me medicar corretamente. Não é todo remédio que quem tem dengue pode tomar para aliviar, principalmente, a dor de cabeça e atrás dos olhos.

Nesta quinta-feira (9), estava prevista a chegada de um contingente de médicos cedidos pelo Governo do Estado de São Paulo, que será distribuído por hospitais e postos da região para atender exclusivamente casos de suspeita de dengue.

De acordo com a Secretaria de Saúde, foi criada uma coordenação médica na Santa Casa de Sorocaba, específica para atendimento de pacientes com a doença.

Ações de combate

A Prefeitura de Sorocaba tem feito campanhas de conscientização entre os moradores para que não deixem água parada, mas, devido à gravidade da situação, atitudes mais incisivas tiveram que ser tomadas.

A gestão municipal montou um calendário que irá nortear a pulverização de inseticidas pelos bairros. Outra ação é a coleta de materiais onde o mosquito poderia se proliferar.

Até o momento, mais de 48 toneladas de lixo foram retirados de casas, ruas e terrenos da cidade.

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