Testemunha diz que Rota mentiu sobre tiroteio com 2 mortos e 14 PMs são presos
Ela afirma que um dos baleados foi detido por militares, em Guarulhos, horas antes de sua morte
São Paulo|André Caramante, Do R7
Um pelotão inteiro da Rota, suposta tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, foi preso no fim da tarde desta quinta-feira (6) sob a suspeita de ter forjado um tiroteio para tentar justificar a morte de dois homens. As duas mortes aconteceram em um matagal na avenida Doutor Felipe Pinel, em Pirituba (zona oeste de São Paulo).
A prisão dos 14 integrantes da Rota é administrativa, por cinco dias, e aconteceu porque uma testemunha ouvida pela Corregedoria (órgão fiscalizador) da Polícia Militar de SP afirmou que um dos dois homens mortos havia sido preso antes do tiroteio alegado pelos militares.
A testemunha disse à Corregedoria que os PMs da Rota teriam detido um dos dois mortos em Guarulhos (Grande São Paulo) e o levado para Pirituba, onde ele foi envolvido em tiroteio simulado. Localizada na região metropolitana norte, a cidade de Guarulhos fica distante cerca de 32 km de Pirituba, bairro da zona oeste da capital paulista.
Na fim da tarde de quinta-feira, os PMs da Rota disseram ter matado os dois homens em Pirituba porque eles tentaram resistir à prisão. Um terceiro homem conseguiu escapar do cerco dos PMs e fugiu pelo mesmo matagal onde os outros dois foram mortos.
O trio estava em um carro sem registro de roubo ou furto. Segundo a versão dos PMs da Rota, os homens estavam armados e carregavam dois artefatos explosivos. Quando foram localizados pela Rota, eles tentaram fugir, foram alcançados, abandonaram o veículo e trocaram tiros.
Segundo o advogado João Carlos Campanini, a prisão dos 14 PMs da Rota é inconstitucional. “Eles [PM] simplesmente foram presos e não tiveram o direito de defesa”, disse. Na sexta-feira (07/08), o defensor dos PMs fez um pedido de libertação deles, mas a Justiça Militar decidiu que os homens da Rota devem permanecer presos ao menos até terça-feira (11).
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, além das prisões dos 14 PMs da Rota, também foram apreendidos uma submetralhadora 9 mm., um revólver, um colete à prova de balas e duas dinamites.
A pasta se recusou a informar os nomes e os números dos registros dos PMs da Rota presos pela corregedoria da corporação.
Até a conclusão desta reportagem, a Secretaria da Segurança ainda não havia identificado os dois mortos pela Rota.