Testemunha nega que vigia tenha sido torturado para confessar participação na morte de Mércia
Promotor e defesa do caso voltaram a discutir durante depoimento
São Paulo|Ana Cláudia Barros e Vanessa Beltrão, do R7
Segunda testemunha a ser ouvida nesta terça-feira (13), segundo dia do julgamento de Mizael Bispo, no Fórum Criminal de Guarulhos, Grande São Paulo, o advogado Arles Gonçalves Júnior, destacou, ao ser questionado pelo promotor Rodrigo Merlin, que não verificou abusos durante as investigações da morte de Mércia Nakashima. Gonçalves é membro da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e foi indicado na época para acompanhar o inquérito policial.
O representante da OAB confirmou que esteve presente durante o interrogatório da vigia Evandro Bezerra da Silva, no qual ele delatou Bispo. Evandro também é acusado pelo assassinato da vítima e, após admitir participação na morte em 2010, alegou que foi torturado para confessar o crime.
Segundo a testemunha, o vigia chegou a dizer que Mizael estava bravo com Mércia e que pretendia tomar providências contra ela. Gonçalves mencionou ainda que, após o término do interrogatório, Silva, em conversa com o delegado Antônio de Olim, acrescentou novos dados ao interrogatório, sobretudo quando confrontado com informações técnicas. A testemunha reiterou que não observou arbitrariedade por parte da polícia.
— Não vi nada que pudesse caracterizar algum abuso.
Bate-boca
Defesa e acusação voltaram a bater boca durante o depoimento de Gonçalves Junior, que chegou a afirmar que estava ofendido após uma colocação da defesa.
O clima ficou tenso quando o advogado de defesa do réu, Ivon Ribeiro, perguntou se a testemunha conversou com o promotor do caso, Rodrigo Merli, dentro do carro no dia em que foi feita a reconstituição do crime. Os dois teriam ido no mesmo veículo para a represa de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, onde o corpo e o carro da vítima foram encontrados em junho de 2010. O advogado informou que não comentou nada durante o trajeto sobre o assassinato de Mércia e que a função dele era acompanhar a investigação.
Após a afirmação, Ivon provocou: "O senhor esquece bem algumas coisas, mas lembra bem de outras". O juiz chegou a advertir para que o defensor não fizesse comentários e determinou que as perguntas agora seriam feitas por meio do sistema presidencialista, em que os questionamentos são intermediados pelo juiz.
A testemunha também chegou a afirmar que estava se sentindo ofendido, pois a defesa teria insinuado que ele só lembrava o que lhe interessava.