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Todos os 230 detidos em protesto contra a Copa já foram liberados

Cinco jornalistas estavam entre os presos; manifestação deixou ao menos oito feridos

São Paulo|Do R7, com Agência Brasil e Estadão Conteúdo

Fotógrafo é presos durante protesto contra a Copa do Mundo, neste sábado (22). Concentração na Praça da República.
Fotógrafo é presos durante protesto contra a Copa do Mundo, neste sábado (22). Concentração na Praça da República.

Todas as 230 pessoas detidas no protesto contra a Copa do Mundo já foram liberadas, segundo informações da Polícia Civil. Este foi o maior número de prisões realizadas durante uma manifestação, desde que em junho do ano passado começou uma onda de protestos em todo o Brasil contra os gastos com a Copa do Mundo e a má qualidade dos serviços públicos. 

Entre os detidos, que foram levados a várias delegacias da região central, estavam cinco jornalistas que faziam a cobertura da manifestação. O ato, no centro de São Paulo, foi marcado por cenas de vandalismo e confronto entre manifestantes e policiais militares. Ao menos oito pessoas ficaram feridas durante o protesto: cinco policiais, dois manifestantes e um fotógrafo. 

Essa foi a primeira vez que o "pelotão ninja" da Polícia Militar, especializado em artes marciais e sem armas de fogo, atuou em uma manifestação. Às 23h30 de sábado, 37 detidos foram liberados do 4.º Distrito Policial (Consolação). Os manifestantes foram fotografados e fichados. Para advogados, é uma tática de intimidação. A nova estratégia da PM era apoiada pela Tropa de Choque e por um helicóptero. O objetivo era isolar os black blocs dos demais manifestantes.

O protesto começou por volta das 17h na praça da República e reuniu cerca de 1.000 pessoas, segundo a Polícia Militar. Os manifestantes percorreram diversas ruas do centro de São Paulo. O tumultuo começou às 19h30. Os PMs cercaram um grupo de manifestantes na Rua Xavier de Toledo, no centro. No momento da detenção, nenhum deles estava cometendo vandalismo. A PM, porém, informou que só agiu após os primeiros atos de depredação.


Os policiais apanharam os manifestantes com golpes de artes marciais, como o chamado "mata leão", e desferiram golpes de cassetete. Eles retiravam um a um os manifestantes do meio do grupo. Até uma mulher sem máscara foi imobilizada pelos PMs e jogada ao chão.

A ação dividiu os manifestantes em dois grupos. Uma parte deles, formada principalmente por black blocs, correu para o viaduto do Chá, quebrando lixeiras, depredando duas agências bancárias e orelhões. Também atacaram PMs com paus e garrafas. O segundo grupo voltou à praça da República, local de origem do protesto, e caminhou pacificamente para a rua da Consolação.


Enquanto isso, os policiais reuniam os detidos na rua Xavier de Toledo, entre as rua 7 de Abril e o viaduto do Chá. Um cordão de isolamento dos PMs impedia que qualquer pessoa visse ou filmasse o que estava acontecendo com os detidos.

Todos foram obrigados a aguardar sentados a chegada de cinco ônibus que os conduziram a sete delegacias, onde foi feita uma triagem para que a polícia decidisse quem seria autuado em flagrante — entre os detidos, havia cinco jornalistas que estavam trabalhando.


Mais tarde, a PM deteve mais 50 pessoas no vale do Anhangabaú, entre elas uma repórter do jornal Estado de S.Paulo. Segundo a PM, os manifestantes detidos tinham máscaras, sprays, estilingues, bolas de gude e correntes.

No 78.º Distrito Policial havia 30 detidos. Segundo o advogado André Zanardo, do Coletivo Advogados Ativistas, a polícia fez um boletim de ocorrência coletivo acusando todos de desacato, resistência, desobediência e lesão corporal.

— Não há nenhuma lei que ampare essas detenções.

Ao todo, cerca de mil manifestantes participaram do protesto. A PM não informou quantos homens mobilizou. O ato havia começado às 17h. Os PMs haviam montado uma barreira na saída das estações do Metrô no centro e revistavam mochilas. Um manifestante abandonou uma mochila com coquetel molotov e foi filmado por câmaras do metrô.

Outro protesto

Esse foi o segundo protesto do ano contra a Copa, em São Paulo. O primeiro, há quase um mês, também foi marcado pela violência. O protesto teve a participação do movimento Black Bloc, que entrou em confronto com a Tropa de Choque. Parte dos manifestantes ficou presa dentro de um hotel na rua Augusta, quando tentava se refugiar das bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Um dos participantes, Fabrício Proteus Nunes Fonseca Mendonça Chaves, de 22 anos, reagiu a uma abordagem da PM com um estilete, levando dois tiros, que atingiram o tórax e a região genital. Ele ficou 16 dias internado na Santa Casa, teve alta e voltou a ser internado na última quinta-feira (20). De acordo com a assessoria do hospital, Chaves apresenta infecção urinária em decorrência de lesões causadas por tiros na região genital e não tem previsão de alta.

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