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Trilho compartilhado entre cargas e passageiros tem que acabar em SP, defende especialista

Treze pessoas ficaram feridas em um acidente entre duas composições nesta semana

São Paulo|Do R7*

Acidente da última quarta deixou 13 pessoas feridas, segundo CPTM
Acidente da última quarta deixou 13 pessoas feridas, segundo CPTM Acidente da última quarta deixou 13 pessoas feridas, segundo CPTM (JOSÉ PATRÍCIO/ESTADÃO CONTEÚDO)

O descarrilamento de um trem cargueiro, seguido de choque com uma composição de passageiros na linha 7 — Rubi da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), na última quarta-feira (18), reascendeu a discussão sobre o uso compartilhado de trilhos por trens de carga e de passageiros.

A ferrovia paulista surgiu, há mais de 140 anos, com o objetivo central de servir ao transporte de mercadorias. Porém, ao longo dos anos, com o crescimento da Grande São Paulo e, consequentemente, com uma demanda cada vez maior, houve uma inversão de papeis e o deslocamento de usuários se tornou prioridade. É o que aponta o especialista em engenharia de transportes, Horário Augusto Figueira.

— Na região metropolitana de São Paulo não é mais possível [o uso dos trilhos compartilhados], porque os intervalos de trens no sistema da CPTM já são tão pequenos que não tem o que chamamos de brecha técnica para você inserir os gigantescos trens de carga. Compartilhado eu não vejo mais como. A gente está no limite.

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Para Figueira, o País fez uma má escolha ao priorizar o transporte rodoviário na década de 50. Segundo o especialista, se o investimento nos trilhos tivesse continuado, hoje haveria mais opções para resolver a atual situação.

— Nós vamos abrir outra via para carga? Bom, do jeito que a cidade foi ocupada ao longo da ferrovia, hoje precisaria de grandes desapropriações. E, atualmente, o custo de desapropriação ficaria muito grande. Então você vai ter que procurar outro traçado, fora da mancha urbana. O que eles querem fazer, então, é o “ferroanel”, para carga de passagem e carga que vai para o porto.

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Trens de carga e de passageiros dividem mesmo espaço de trilhos
Trens de carga e de passageiros dividem mesmo espaço de trilhos Trens de carga e de passageiros dividem mesmo espaço de trilhos (CLAYTON DE SOUZA/AE)

O responsável pelo atendimento da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), Anderson Alves Conte, diz que é possível manter um sistema compartilhado. Ele ressalta, porém, que os trens de carga estão perdendo espaço atualmente, além de ser necessário mais investimento nas ferrovias.

— Tem que ter manutenção e as operadores de trem de carga e de passageiros precisam conversar. É claro que, à medida que vai aumentando o número de passageiros no trem metropolitano, tendo que diminuir os intervalos entre os trens, vai ficar cada vez mais inviável passar a composição de carga. É preciso criar uma linha onde esse trem passe por fora [do grande fluxo].

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A CPTM informou em nota que "está modernizando o sistema e se preparando para reduzir ainda mais os intervalos entre os trens, o que inviabilizará, num futuro próximo, o compartilhamento das vias". A empresa disse ainda que "a implantação do ‘ferroanel’ (vias exclusivas para os trens de carga), projeto que está sob a responsabilidade do governo federal, torna-se urgente e inadiável, sendo a solução definitiva para a questão".

Ainda segundo a companhia paulista, o compartilhamento existe por causa de um convênio com o governo federal, firmado em sua fundação, em 1992. A única linha que não divide os trilhos é a 9—Esmeralda (Osasco-Grajaú). O transporte de carga é realizado à noite, entre 22h e 3h, e das 10h às 15h. A quantidade de carga transportada, por mês, é de 2,9 milhões de toneladas, e as composições chegam a ter 1.500 m de extensão.

*Colaborou Thiago Pássaro, estagiário do R7

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