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Um ano após morte de mulher que teve rosto desfigurado, caso continua sem respostas

Geralda Guabiraba foi achada sem os olhos e a pele do rosto em local conhecido como Pedra da Macumba

São Paulo|Fernando Mellis, do R7

Amiga de Geralda disse que dona de casa tinha confissão a fazer antes do crime
Amiga de Geralda disse que dona de casa tinha confissão a fazer antes do crime

Na madrugada de sábado, 14 de janeiro de 2012, o corpo da dona de casa Geralda Guabiraba, de 54 anos, foi encontrado em um lugar conhecido como Pedra da Macumba, em Mairiporã, na Grande São Paulo. A mulher estava caída, com os dois braços abertos e uma cesta em cada mão. Havia um corte profundo no pescoço dela. A pele do rosto tinha sido cortada, com precisão cirúrgica, e os olhos arrancados. Um ano depois da morte, o inquérito continua parado no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), sem suspeitos para o assassinato.

A investigação foi transferida da Delegacia de Mairiporã para o DHPP no começo de março de 2012. O diretor do departamento, Jorge Carlos Carrasco, chegou a dizer, com base em depoimentos, que a vítima poderia ter se suicidado e depois ter sido atacada por algum animal silvestre. Porém, segundo a promotora do caso, Fernanda Pimentel Rosa, a hipótese foi descartada pelo Ministério Público depois que os resultados dos exames do IML (Instituto Médico Legal) foram analisados.

— Com base no laudo necroscópico e nos laudos da exumação, ficou comprovado que a causa da morte foi um corte profundo no pescoço, o que afasta a possibilidade de ter havido suicídio. Os laudos também excluem a possibilidade de ataque por animais.

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Laudos


O exame necroscópico feito no corpo da dona de casa confirmou que a causa da morte foi esgorjamento. Além disso, foi constatado que ela tinha ingerido chumbinho — veneno popular usado para matar animais domésticos.

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No computador dela, os peritos encontraram pesquisas feitas na internet sobre o veneno. Além disso, também foi constatado que horas antes da morte Geralda acessou uma página que ajuda a escrever cartas de amor. Ela pesquisou sobre assuntos referentes a amor não correspondido e amor proibido.

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Desabafo

Uma ex-empregada de Geralda, que não quis ter a identidade revelada, disse que um dia antes do crime foi procurada pela dona de casa, que afirmou que queria falar sobre algo grave que tinha feito e que estava relacionado com um padre.

— Ela falou que queria me contar algo que ela tinha feito, que era algo muito grave. [Disse] que quando eu soubesse o que ela teria feito talvez eu poderia até perder a admiração que eu tinha por ela.

Geralda foi morta antes que pudesse falar à ex-funcionária o que tinha acontecido.

Noite do crime

Imagens do circuito interno de segurança do prédio onde a vítima morava, em Lauzanne Paulista, na zona norte de São Paulo, mostram que Geralda chegou em casa pouco antes das 21h de sexta-feira, 13 de janeiro. Ela deixou o edifício às 23h26.

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Câmeras de ruas por onde a dona de casa passou filmaram o carro dela supostamente sendo escoltado por outros dois veículos. De ela morava até o local do crime são cerca de 8 km, que podem ser percorridos em aproximadamente 18 minutos.

A morte

No início da madrugada de 14 de janeiro, pessoas viram o corpo, e um cachorro próximo dele, e chamaram a Polícia Militar. Geralda estava próxima a uma pedra, que é conhecida como Pedra da Macumba, por ser usada para rituais religiosos.

A pele do rosto dela tinha sido retirada, possivelmente, por um bisturi. Os olhos foram arrancados e não estavam na cena do crime. Além disso, Geralda estava deitada, com os braços abertos e um cesto em cada mão. Apesar do corte profundo no pescoço, não havia sangue no local e nem no escapulário que ela tinha. O carro da vítima foi achado a poucos metros do corpo, com a chave na ignição. Nada foi roubado.

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Caso em sigilo

Pouco tempo depois do início da investigação a Justiça decretou que a investigação acontecesse em segredo. Detalhes sobre o caso não podem mais ser divulgados. Diversos membros da congregação cristã que Geralda frequentava foram ouvidos pela polícia, inclusive o padre, que prestou depoimento duas vezes. Ela era casada e tinha dois filhos. Familiares relataram que ela era uma mulher calma, que frequentava muito a igreja, mas sofria de depressão e tinha parado de tomar os remédios.

Para a promotora Fernanda Rosa, apesar de não haver autoria do assassinato, nenhuma hipótese foi afastada.

— É um caso muito complexo e não tem como descartar nada. As investigações ainda não foram concluídas. 

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