28 milhões de pessoas vivem com um dependente químico, diz pesquisa
Mães “chefes de família” são as responsáveis pelo tratamento de filhos dependentes químicos
Saúde|Fabiana Grillo, do R7
Pelo menos 28 milhões de pessoas vivem no País com um dependente químico. Os dados são do Lenad Família (Levantamento Nacional de Famílias dos Dependentes Químicos) da Unifesp e foram divulgados nesta terça-feira (3).
A pesquisa ouviu 3.142 famílias de dependentes químicos em tratamento no período de junho de 2012 a julho de 2013 em 23 capitais de todas as regiões brasileiras. A maioria dos pacientes em tratamento é do sexo masculino com a média de idade de 32 anos. Quase um terço (26%) tem ensino superior incompleto ou completo.
O estudo revelou que mais da metade das famílias (57,6%) possui algum parente usuário de drogas. Para eles, más companhias (46,8%), baixa autoestima (26,1%) e ausência do pai (22,7%) foram os responsáveis pelo uso destas substâncias. Para Maria de Fátima Rato Padin, uma das participantes da pesquisa, um dado que chamou a atenção foi que os familiares desconsideram a presença de um parente dependente químico como fator de risco.
— Isso mostra que falta orientação e informação sobre prevenção, tratamento e pós-tratamento de dependência química. Não existem programas de prevenção específicos e é fundamental considerar todas as faixas etárias para obter sucesso.
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A maioria dos pacientes em tratamento era poliusuário, ou seja, consumia regularmente mais de uma droga, sendo mais da metade (68%) consumidores de maconha em combinação com outras substâncias. O tempo médio de uso de substâncias foi de 13 anos e a busca por ajuda demorou cerca de três anos.
Quase metade dos familiares (44%) relatou que descobriu que o parente era usuário de drogas por meio de mudança de comportamento, ou seja, mais agressivo, indiferente e alienado. Sobre o tratamento, metade dos familiares desconhecia o serviço do Caps-AD. Entre os cientes de sua existência, menos da metade (46%) nunca procurou esse serviço.
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Tratamento
Ainda de acordo com o levantamento, 80% dos acompanhantes do paciente são mulheres, sendo que 46% delas são mães. Deste grupo materno, 57% também são “chefes de família”.
Segundo o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, um dos coordenadores da pesquisa, o objetivo do estudo não é só divulgar os dados.
— Mas também chamar a atenção para um assunto que possa ser debatido pela sociedade com mais empenho. Temos que sair da área do discurso e buscar políticas públicas mais consistentes.
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O estudo detectou que em mais da metade dos casos (58%), o tratamento foi pago exclusivamente pelo próprio familiar, enquanto que o uso de convênios foi citado em mais de 9% dos casos.
A família do dependente químico geralmente se apresenta em situação de vulnerabilidade e de risco para o desenvolvimento de problemas de saúde. Familiares de dependentes químicos têm mais problemas de saúde que a média da população.