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"A ritalina foi um maravilhoso divisor de águas", diz mãe de adolescente com TDAH

Mães relatam dificuldades que enfrentaram com o diagnóstico de déficit de atenção dos filhos

Saúde|Fabiana Grillo, do R7

Gabriel Alli Chair (ao lado da mãe Simone Alli Chair) conseguiu vencer o déficit de atenção com o uso de ritalina
Gabriel Alli Chair (ao lado da mãe Simone Alli Chair) conseguiu vencer o déficit de atenção com o uso de ritalina Gabriel Alli Chair (ao lado da mãe Simone Alli Chair) conseguiu vencer o déficit de atenção com o uso de ritalina

O estudante Gabriel Alli Chair, 16 anos, sempre foi agitado e hiperativo, características que o prejudicou na escola e nas atividades extracurriculares, segundo a mãe Simone Teixeira Alli Chair, 51 anos, diretora-presidente da Associação de Pais Inspirare, voltada para pacientes com TDAH, dislexia e autismo.

— Meu filho fez judô, natação, inglês, tênis, mas em tudo era “convidado” a se retirar, porque não seguia regras, desobedecia aos professores, não respeitava as filas e nem escutava as orientações. Isso acontecia desde o maternal, quando a maioria dos colegas acompanhava a atividade e ele tumultuava o ambiente.

O diagnóstico de TDAH (Déficit de Atenção e Hiperatividade) foi confirmado por três especialistas aos cinco anos e veio acompanhado de impulsividade e Transtorno Opositor Desafiador. Nesse momento, Simone lembra que a ritalina precisou entrar em cena.

— Apesar da preocupação de ser um remédio controlado, meu maior receio era não poder ajudá-lo. Não podia negar o direito de tratamento para o meu filho. O uso da medicação foi um maravilhoso divisor de águas.

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Outro caso em que a ritalina trouxe benefícios significativos foi no da estudante Paluza Casaes, 16 anos, diagnosticada com TDAH há três anos. Após muito sofrimento, prejuízo escolar, bullyng e mudança de colégio, a mãe Lilian Casaes, 49 anos, resolveu procurar ajuda médica, mas admite que resistiu para aderir ao tratamento.

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— Fiquei apavorada e relutei o máximo que pude para dar o remédio para Paluza. Não tinha coragem e achava um absurdo medicá-la com isso.

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No entanto, Lilian garante que a ritalina trouxe muito mais do que concentração e disciplina para a filha.

— O saldo positivo da medicação foi visível tanto na escola como em casa. Hoje me arrependo de não ter dado o remédio antes.

A psicóloga e psicoterapeuta Iane Kestelman, presidente da ABDA (Associação Brasileira de Déficit de Atenção), também é mãe de uma jovem de 23 anos com o transtorno de atenção. Ela explica que é muito comum as pessoas com TDAH serem rotuladas como preguiçosa, desinteressada, burra e incompetente.

— Por isso o diagnóstico é libertador, já que tira do indivíduo a ideia de que ele é incapaz. O grande problema é que a maioria dos profissionais desconhece a doença, o que dificulta o tratamento correto.

A psiquiatra Ivete Gattás, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), avisa que não existe exame que comprove o transtorno neurocomportamental, por isso os médicos precisam estar bem capacitados para fazer uma avaliação clínica criteriosa. Segundo ela, a doença é baseada em três principais características: impulsividade, hiperatividade e desatenção.

— A impulsividade e a hiperatividade aparecem mais no sexo masculino e, por incomodar bastante, os meninos são diagnosticados e tratados de forma mais rápida. Já as meninas, que costumam ser mais quietinhas, a desatenção prevalece e, muitas vezes, o diagnóstico demora mais tempo.

No Brasil, a ritalina é praticamente a única alternativa farmacológica utilizada no tratamento de crianças diagnosticadas com TDAH. Por orientação da bula, a droga deve ser usada em crianças a partir dos seis anos e, segundo Ivete, a introdução é de forma lenta e gradual.

— Não há um tempo definido de uso do remédio porque a TDAH não se extingue. Quanto mais cedo se inicia, melhores são os resultados. É claro que existe efeito colateral, que tendem a desaparecer com o tempo.

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