Amamentação diminui o risco de abandono e maus tratos, diz especialista
Ato de amamentar estabelece um forte vínculo entre mãe e filho
Saúde|Do R7*
Na Semana Mundial do Aleitamento Materno, que termina nesta quarta-feira (7), a pediatra Lélia Cardamone Gouvêa, professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), alerta que o ato de amamentar estabelece um forte vínculo entre mãe e filho, diminuindo o risco de abandono e maus tratos.
— Pesquisas apontam que crianças amamentadas por quatro meses ou mais são menos negligenciadas, abandonadas e vítimas de maus tratos. Além de a mãe transmitir a sensação de segurança para o bebê, o leite materno tende a deixar a criança mais tranquila e fácil de sociabilizar durante a infância.
A médica acrescenta que o leite materno proporciona economia financeira, não só pelo fato de o alimento industrializado ser mais caro, como também pela prevenção de doenças.
— O leite da mãe é rico em nutrientes, vitaminas e agentes imunológicos que contribui para a prevenção de doenças. Isso representa economia com visitas médicas e remédios.
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A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida e a manutenção da amamentação até os dois anos de idade. No entanto, muitas mães interrompem esta forma de alimentação antes do tempo.
Amamentação prolongada divide opiniões
Para a médica, isso acontece por falta de informação sobre os benefícios do leite materno, que não exclusivo apenas para o bebê, mas também para a mulher (veja tabela abaixo).
— O leite materno traz benefícios a curto, médio e longo prazos.
E quando a mulher não pode amamentar?
De acordo com o pediatra Moises Chencinski, da SPSP (Sociedade de Pediatria de São Paulo), alguns perfis de mulheres não podem ou conseguem amamentar. Neste caso, antes de tomar qualquer atitude, é fundamental procurar ajuda médica.
— Algumas doenças infecciosas podem ser transmitidas para o bebê por meio do leite humano, por isso é importante consultar um especialista para que ele avalie o caso individualmente.
O médico explica que mulheres infectadas com o vírus HIV não devem amamentar, já que a doença pode ser transmitida pelo leite materno.
— Estas mulheres podem alimentar seus bebês com leite doado, disponível em bancos de leite. O alimento é processado e pasteurizado, ficando livre de doenças.
No caso da presença de hepatites, tuberculose ou mastite, a contraindicação é mais rara e vai depender do estágio da doença. Segundo o médico, o mesmo acontece com mulheres que têm histórico de câncer de mama.
— Histórico de câncer não significa contraindicação para amamentar, assim como a realização de mastectomia (remoção da mama) ou tratamento com radioterapia.
Chencinski lembra que, apesar da amamentação criar um vínculo forte da mãe com o bebê, esta relação precisa ser reforçada com carinho, afeto, acolhimento, atenção, amparo e amor.
*Brunna Mariel, estagiária doR7