Após aprovação no México de vacina contra a dengue, ministro da Saúde cobra rapidez da Anvisa
Laboratório que detém os direitos da vacina espera que aprovação ocorra no início de 2016
Saúde|Eugenio Goussinsky, do R7*
Com a aprovação da vacina contra a dengue no México, nessa quarta-feira (9), aumentaram as expectativas de que ela também seja liberada no Brasil. Só falta a aprovação do registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
No laboratório Sanofi Pasteur, que detém os direitos da vacina, o lançamento no País é aguardado para o início de 2016. Os trâmites, segundo a empresa e a Anvisa, estão todos dentro do prazo. A Anvisa, porém, ainda não confirmou uma data para a liberação.
Ao comentar a aprovação no México, o ministro da Saúde do Brasil, Marcelo Castro, ressaltou, em evento na capital paulista, que o processo de aprovação precisa ser mais direto.
— A vacina foi registrada no México, o primeiro país que permite a vacinação contra a doença. Queremos acelerar o processo e desburocratizar os procedimentos na Anvisa para que a vacina seja disponibilizada para a população [brasileira] em breve.
Segundo o laboratório, o desenvolvimento deste produto levou cerca de 20 anos. Até o fim de 2015, 20 países, pelo menos, terão um pedido de registro em suas respectivas agências regulatórias.
O infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da SBim (Sociedade Brasileira de Imunizações), ressaltou a complexidade do processo, em função da variação conhecida de quatro tipos da doença.
— A vacina da dengue é uma vacina quimérica, com pedações do vírus usados para o processo de imunização. É uma vacina que levou muito tempo para ser estruturada, pois foi necessário reconhecer quais pedaços da dengue 1,2,3 ou 4 deveriam estar contidos na vacina.
A vacinação é composta de três doses, injetáveis, a serem aplicadas em intervalos de seis meses. Kfouri ressaltou que a vacina tem eficácia de cerca de 60% nos casos mais rotineiros.
Em relação aos casos graves, em que se incluem dengue hemorrágica, a eficácia, segundo ele, é de em torno de 90%. Já a taxa de hospitalização é evitada em cerca de 80% dos casos.
Vacinas distantes
Kfouri explica, porém, que o fato de a vacina da dengue já ser uma realidade, o mesmo não se pode dizer em relação ao zika vírus e à febre chikungunya, compostas por vírus diferentes, apesar de também serem transmitidas pelo Aedes aegypti.
— Talvez em um futuro muito longínquo poderemos pensar em uma combinação de vacinas como existe hoje, por exemplo, com sarampo, caxumba e rubéola. Isso é algo ainda tão distante que ainda não está em cogitação. Não se cogita hoje nem vacina dos três separadamente, muito menos uma associação de três vacinas diferentes.
Para a Anvisa, a aprovação no México não servirá como base para a liberação da vacina no Brasil. A agência ressalta que cada país tem suas regras de vigilância sanitária, além de diferenças culturais, alimentares, comportamentais, entre outras, que devem ser levadas em conta para que um produto de saúde possa ser comercializado.
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Em relação à vacina pesquisada pelo Instituto Butantan, em São Paulo, representantes da agência afirmaram ao R7 que o processo não está parado há oito meses, apesar de o instituto estar esperando desde abril último pela permissão para entrar na fase 3 de pesquisa, a última antes do pedido de registro. A questão, segundo esses relatos, é que alguns documentos foram enviados com atraso à Anvisa.
Segundo o Instituto Butantan, porém, o processo todo tem sido demorado. Somente as pesquisas na fase 2, de acordo com a assessoria do instituto, demoraram quase dois anos para serem aprovadas.
*Colaborou Brenno Souza
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