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Câncer de Roberto Jefferson é altamente letal

Especialistas afirmam que sobrevida não passa de cinco anos

Saúde|Marsílea Gombata, do R7

Roberto Jefferson luta contra o câncer de pâncreas desde julho deste ano
Roberto Jefferson luta contra o câncer de pâncreas desde julho deste ano

A imagem abatida do ex-deputado Roberto Jefferson, delator do esquema do mensalão em 2005, revela a gravidade da doença que o atinge: o câncer de pâncreas. Segundo o oncologista Dr. Anderson Silvestrini, presidente da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica), isso se deve à difícil cirurgia pela qual passou e pelo próprio desenvolvimento da doença.

— Infelizmente, o tumor no pâncreas costuma ser diagnosticado mais tardiamente, pois não apresenta muitos sintomas.

Jefferson luta contra o câncer desde julho deste ano quando uma ressonância confirmou a existência da doença. O político, que também tem diabetes, já foi submetido à cirurgia para retirar o tumor e agora passa por sessões de quimioterapia.

A última internação do ex-deputado aconteceu dia 12 de setembro em decorrência de fortes dores abdominais. De acordo com o boletim médico divulgado na época, Jefferson apresentava infecção intestinal e estava desidratado — quadro que resultou em sete dias de internação.


Não à toa, o ex-deputado precisou se licenciar da presidência nacional do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) se dedicar totalmente ao tratamento da doença.

Entenda o câncer de pâncreas


De difícil diagnóstico e raro, o câncer de pâncreas é extremamente letal. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), 5% dos pacientes diagnosticados sobrevivem mais de cinco anos. Das 145 mil pessoas que a doença atinge anualmente, 139 mil morrem. Na maior parte dos casos, mesmo após cirurgia para retirada do tumor e tratamento com quimioterapia, o tumor pode reincidir e a sobrevida de cinco anos não chega a 2%. 

Uma das principais razões para uma taxa tão alta de letalidade é a agressividade silenciosa da doença, que leva a um diagnóstico tardio.


Tipos

O câncer de pâncreas é dividido em dois tipos: adenocarcinoma, responsável por 90% dos casos, e neuroendócrino, mais raro. No primeiro tipo, um dos sintomas que o paciente pode ter é a cor amarelada, causada pelo tumor que atinge uma parte do pâncreas chamada de cabeça. Além disso, os pacientes podem apresentar dor e ter a urina escurecida. Entre 70% a 80% dos casos de adenocarcinoma são diagnosticados em estágios avançados ou com metástase (surgimento de tumores secundário em outra parte do organismo).

O outro subtipo mais raro, o neuroendócrino, foi o responsável pela morte de Steve Jobs, fundador da Apple, em outubro do ano passado. Além do procedimento de tratamento padrão, com cirurgia para retirada do tumor e quimioterapia, o tipo neuroendócrino tem ainda a possibilidade de ser combatido com alguns medicamentos mais específicos para se conseguir viver com a doença controlada durante alguns anos.

Para reverter as estatísticas causadas, em parte, por um diagnóstico tão tardio, o oncologista Dr. Daniel Saragiotto, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), explica, no entanto, que não existe nenhum exame de rotina que possa detectá-la.

— Muitas vezes, o paciente descobre quando faz uma ultrassonografia ou tomografia. 

Quando não há metástase, o tratamento do câncer de pâncreas envolve cirurgia para retirada do tumor e sessões de quimioterapia. Mas em muitos casos os médicos nem chegam a operar, seja pelo tamanho do tumor ou pelo fato de a doença ter se espalhado. Quando isso acontece, faz-se uma quimioterapia paliativa, para tentar controlar a doença que está em estágio avançado. É o caso de 90% dos pacientes com adenocarcinoma de pâncreas. Nos outros 10%, a operação é feita, mas as chances de reincidência do tumor são altas.

Fatores de risco

Dentre os fatores de risco relacionados à doença, especialistas afirmam que a hereditariedade é rara e o hábito mais associado é o tabagismo.

Incomum antes dos 30 anos de idade, o câncer de pâncreas costuma aparecer a partir dos 60 anos e sua incidência é maior em homens. Segundo a União Internacional Contra o Câncer (UICC), os casos são mais comuns conforme avança a idade: se na faixa que vai dos 40 aos 50 anos são 10 casos para cada 100 mil habitantes, entre 80 e 85 anos esse índice sobe para 116 para cada 100 mil.

Longe de configurar os tipos de câncer mais comuns — ao lado das neoplasias de pele, mama e pulmão — , o câncer de pâncreas é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados no Brasil. Nem por isso, observa o Dr. Saragiotto, o alerta deve ser menor:

— Não é um tumor muito incidente, mas é bastante letal. Quando analisamos as estatísticas, vemos que o número de incidências é muito próximo do número de mortes. A maior parte das pessoas com esse diagnóstico acaba falecendo.

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