Cientistas descobrem como genes podem mudar o formato do rosto

Os cientistas estão começando a entender porque o rosto de uma pessoa pode ser tão diferente de outra. De acordo com o site da BBC News, durante uma experiência feita em camundongos, os investigadores descobriram pequenas regiões do DNA que influenciam na forma do desenvolvimento das características faciais.

Os resultados, publicados na revista Science, também podem ajudar os pesquisadores a descobrir como os defeitos congênitos faciais surgem. Embora o teste tenha sido realizado em animais, o rosto humano também tem a probabilidade de se desenvolver da mesma forma.

O professor Alex Visel, do Instituto do Genoma do Laboratório Nacional de Berkeley, na Califórnia, disse à BBC News que ele e seu grupo de pesquisadores estão tentando descobrir como as instruções para a construção do rosto humano são incorporadas no DNA humano.

— Em algum lugar deve haver algum projeto que define como o nosso rosto vai parecer.

Desligamento

A equipe internacional encontrou mais de 4.000 “potenciadores” no genoma do camundongo, que parece desempenhar alguma função na aparência facial.

Esses trechos curtos do DNA agem como interruptores e deixam os genes em estado de “ligado” e “desligado”. Os pesquisadores conseguiram identificar, em 200 deles, como e onde eles trabalham no desenvolvimento de camundongos.

— Nos embriões de camundongos, podemos ver exatamente onde e como o rosto se desenvolve. Neste momento, o gene interruptor é ativado.

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Os cientistas também analisaram o que aconteceu quando três desses interruptores genéticos foram retirados dos camundongos.

— Esses camundongos pareciam bastantes normais, mas é muito difícil para os seres humanos diferenciar isso na face desses animais. A forma como podemos contornar esse problema é por meio de uma tomografia computadorizada que possa ajudar no estudo das formas dos crânios desses camundongos. Podemos digitalizar as suas cabeças. Assim, medimos a forma do crânio de uma maneira mais precisa.

Ao comparar os camundongos transgênicos com os não modificados, os pesquisadores descobriram que as mudanças foram muito sutis. No entanto, alguns deles desenvolveram crânios mais longos ou mais curtos, enquanto outros desenvolveram rostos mais largos ou mais estreitos.

— O que isso realmente nos diz é que esse interruptor especial também desempenha um papel no desenvolvimento do crânio e que também pode afetar na sua aparência.

Designer de bebês?

Compreender isso também poderia ajudar a entender por que as coisas podem dar errado, como os defeitos faciais de nascença no período de desenvolvimento dos embriões no útero.

— Há muitos tipos de defeitos congênitos craniofaciais, fissura de lábio e palato. Isso tem graves implicações para as crianças que são afetadas, pois podem interferir na alimentação, fala e respiração. Tais defeitos requerem cirurgias extensas e implicações psicológicas.

Embora alguns destes sejam causados por mutações genéticas, os pesquisadores querem entender como os interruptores genéticos interagem.

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De acordo com o professor Visel, os cientistas ainda estão apenas no começo da compreensão dos processos que moldam o formato do rosto, mas seus resultados iniciais sugeriram um processo extremamente complexo.

Visel também disse que ainda é improvável que o DNA possa ser usado para prever a aparência exata de alguém ou que os pais possam alterar o material genético para mudar a aparência do bebê.