A estrela do cinema Angelina Jolie, 39 anos, passou por uma cirurgia para retirar os ovários e as trompas de Falópio como uma medida preventiva contra o câncer, doença que matou sua mãe aos 56 anos. Há dois anos, a atriz já havia sido submetida a uma dupla mastectomia (remoção dos dois seios), após exames confirmarem que ela corria alto risco de ter câncer de mama. Segundo a geneticista Maria Isabel Achatz, diretora de Oncogenética do A.C.Camargo Cancer Center, a decisão de retirar preventivamente um ou mais órgãos deve ser tomada em conjunto com a equipe médica interdisciplinar e a família.
— As cirurgias redutoras de risco representam a minoria das indicações. No entanto, a retirada dos ovários e das trompas é a melhor indicação para quem tem a mutação BRCA1 ou BRCA2, já que é muito difícil fazer a detecção precoce de câncer de ovário.
Mesmo assim, a médica alerta que essa cirurgia preventiva não exclui o risco de a paciente ter a doença.
— A proteção para quem faz a retirada dos ovários e das trompas é de 80%, ou seja, não é total.
A boa notícia é que encontrar mutação nos genes BRCA1 e BRCA2, como é o caso de Angelina que também perdeu a tia e a avó para o câncer, é raro.
— Encontrar uma mutação é raro, a incidência é de menos de 1% na população brasileira. Por isso, nem todo mundo tem indicação para fazer o teste genético.
O teste genético é feito a partir da coleta de amostras do sangue ou da saliva e aponta se o paciente herdou ou não uma alteração genética relacionada ao câncer. O resultado é informado para o paciente em torno de 45 dias, explica a médica.
— O SUS [Sistema Único de Saúde] não cobre o exame e o convênio autoriza a realização em certos casos. Na rede privada, o valor é de R$ 5.000.
Impactos para a mulher
Entre as consequências do procedimento, Maria Isabel ressalta a menopausa precoce.
— A paciente pode sentir todos os inconvenientes da menopausa,como fogachos, secura no órgão genital,diminuição da libido, maior risco para osteoporose, entre outros sintomas. Como é uma síndrome que envolve câncer de mama e ovário não há indicação para a reposição hormonal.
Em um artigo publicado nesta terça-feira (24) no jornal New York Times, a atriz disse "não vou ser capaz de ter mais filhos, e prevejo algumas mudanças físicas. Mas eu me sinto à vontade com o que virá, não porque eu seja forte, mas porque isso faz parte da vida. Não há nada a ser temido."