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Com varizes, jovem de 22 anos revela vergonha das pernas e diz: "É terrível usar meia-calça no calor"

Médicos explicam causas e tratamentos para o problema que incomoda muitas mulheres

Saúde|Fabiana Grillo e Vanessa Sulina, do R7

Anos atrás, Soniley Magalhães apostava na calça para esconder as pernas. Hoje, ela adora usar vestidos
Anos atrás, Soniley Magalhães apostava na calça para esconder as pernas. Hoje, ela adora usar vestidos Anos atrás, Soniley Magalhães apostava na calça para esconder as pernas. Hoje, ela adora usar vestidos

Saias, vestidos, shorts, por muitos anos, não fizeram parte do figurino de Soniley Magalhães do Patrocínio, 22 anos, de São Paulo. A estudante evitava usar roupas que exibiam suas pernas com vasinhos e varizes. Foi ainda na adolescência, aos 16 anos, que ela começou a sofrer com o incômodo. Não bastasse sua vergonha e falta de autoestima, Soniley conviveu com comentários negativos “dos outros”, como ela mesma diz. Para piorar, sentia dores, queimação e até câimbras por causa das varizes.

— Na minha perna esquerda, tinha uma veia única e reta que saía da coxa e seguia até o pé. Era grossa, saltada e muito verde. Na outra perna, eu também tinha varizes pequenas da mesma cor. Além da dor, queimação e câimbras, principalmente em dias de calor, sentia muita vergonha de mostrar as pernas por causa dos olhares e comentários como: “Isso é horrível, você é muito novinha, tão branquinha para estar com isso”. Falavam que era para eu me tratar.

Alvo de comentários negativos, Soniley também recorda que evitava, inclusive, ir à praia para não ter que usar biquíni. E, quando havia necessidade de usar saia para ir à igreja, recorria a um acessório para esconder o problema.

— Quando eu ia à praia ou piscina, usava short longo para mostrar o menos possível. Para ir à igreja de saia, poderia estar o calor que fosse, eu colocava meia-calça da cor da pele para não mostrar tanto a veia. Mas é terrível usar meia-calça no calor.

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Conheça as causas das varizes

As varizes são veias superficiais anormais, dilatadas, cilíndricas, tortuosas e alongadas, caracterizando uma alteração da circulação venosa do organismo, com maior incidência no sexo feminino, explica o cirurgião vascular e presidente da SBACV (Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular), Pedro Pablo Komlós.

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— O problema acomete mais as mulheres do que os homens por conta das alterações hormonais que elas passam ao longo da vida, como puberdade [marcada pela 1ª menstruação], gravidez, menopausa e terapia de reposição hormonal. As mulheres brancas de origem alemã ou italiana são as mais acometidas.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 30% da população sofre com as varizes. Por ser um problema de origem genética, Komlós acrescenta que se o pai ou a mãe têm varizes, há mais chance de o filho também apresentar o quadro, “embora não seja uma regra”.

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Na família de Soniley, a maioria das mulheres tem as pernas marcadas pelas varizes.

— Menos minhas duas irmãs que não têm nada. Por elas não terem herdado da minha mãe, eu pensava: “Não é possível, eu sou mesmo a zicada da família” [risos].

Segundo a estudante, a mãe tem varizes “enormes e grossas” nas pernas, mas não pretende operar. Ela recorre apenas ao uso da meia elástica para reduzir as dores, o inchaço e impedir que o problema evolua. 

Cristina Cancian revela que ela, a mãe e a filha sofrem de varizes
Cristina Cancian revela que ela, a mãe e a filha sofrem de varizes Cristina Cancian revela que ela, a mãe e a filha sofrem de varizes

Assim como Soniley, a supervisora de tesouraria Cristina Cancian, 47 anos, conta que também tem histórico familiar de varizes. As marcas em suas pernas começaram a aparecer ainda na adolescência, aos 15 anos.

— A minha mãe tem varizes até hoje e minha filha, de 22 anos, tem igualzinha a que eu tive. Mas ela leva na boa. Não tem vergonha como eu tinha na idade dela. Hoje também as pessoas não comentam como antigamente.

Salto alto e pílula causam varizes?

O cirurgião vascular do Hospital Israelita Albert Einstein Ricardo Aun acrescenta que não só as questões genéticas e hormonais estão intimamente ligadas às varizes como também obesidade e sedentarismo.

— O restante, como escada, salto alto, anticoncepcional, cigarro, roupa apertada, prisão de ventre, exercício físico com peso e depilação com cera quente não são desencadeadores de varizes. Tudo isso é mito.

Profissões que exigem ficar na mesma posição por um tempo prolongado também podem estimular o aparecimento de varizes, conforme explica o professor titular de cirurgia vascular e endovascular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Pedro Puech.

— Pessoas que trabalham em pé ou sentadas, como dentista, cirurgião, balconista, caixa de padaria, porteiro, segurança e cabeleireiro, tendem a forçar mais as veias aumentando a probabilidade de varizes.

O calor é outro fator que pode estimular a dilatação das veias, desencadeando as varizes ou piorando os sintomas de quem já sofre com o problema. Dessa forma, Aun orienta usar protetor solar nas pernas antes da exposição ao sol e molhá-las com água fria várias vezes ao dia.

Livre-se das varizes

Na maioria das vezes, as varizes e os vasinhos são tratados puramente por estética. No entanto, há casos em que a alteração pode significar um problema mais sério de circulação e resultar na formação de feridas que não cicatrizam, alerta o presidente da SBACV.

— Em casos mais avançados, as varizes podem resultar em úlceras varicosas e trombose venosa, podendo evoluir para embolia pulmonar.

Exatamente por causa da baixa autoestima e vergonha, Cristina conta que chegou a usar uma técnica inusitada para esconder as varizes até conseguir fazer a operação.

— Uma das varizes era grande, saltada na batata da perna e dava uma volta no joelho. Aquilo era horrível e eu costumava passar maquiagem para tentar esconder. Porém, precisei esperar até os 28 anos para operar, pois preferi casar e ter filhos antes, já que na gravidez a tendência é que as varizes voltem. Agora, já uso de tudo e economizo na maquiagem, não é? [risos].

O médico do Einstein explica que a gravidez aumenta a chance de todas as mulheres desenvolverem varizes, especialmente aquelas que têm histórico familiar.

— Isso acontece por dois motivos: primeiro por causa das alterações hormonais durante esse período e segundo porque o útero cresce e comprime a veia que drena o sangue das pernas, deixando o fluxo mais lento.

Segundo o professor, é possível tratar as varizes e os vasinhos [microvarizes], independentemente da idade. Hoje no mercado brasileiro existem diversos tipos de tratamentos (ver lista na arte abaixo) para ambas as condições, avisa o médico.

Porém, é necessário primeiramente procurar um especialista para avaliar o quadro clínico e qual é a indicação de tratamento, afirma Puech.

— Algumas varizes não precisam de tratamento. São as chamadas compensadas, ou seja, a pessoa vê que tem varizes, mas não tem sintoma nenhum. Mas por que, então, ela procura um médico? Pois, ela tem medo de que as varizes possam lhe trazer algum tipo de prejuízo futuro. Portanto, se a pessoa não sente nada e também não se sente incomodada, não é necessário retirá-las. Há pacientes que têm até varizes grandes, mas convivem bem com isso. É preciso apenas monitorar com regularidade para ver se não estão aumentando.

Mas há também as “varizes descompensadas”, que, por causarem sintomas, exigem tratamento, completa o cirurgião vascular.

— Nesses casos, os pacientes sofrem com dores, inchaço, coceira, atrofia, queimação e até pontos de pigmentação na pele [manchas escuras]. Assim, é necessário operar, ou seja, retirar as varizes e jogá-las no lixo.

Após o tratamento, as varizes somem, porém, o especialista diz que não está descartada a chance de novas varizes surgirem, o que acontece em cerca de 20% dos casos.

— Quanto mais jovem a pessoa opera, maior a chance de ela voltar a ter varizes, pois ela terá mais tempo de vida. Além disso, se a mulher engravidar após a cirurgia, a probabilidade de o problema voltar é maior.

Varizes não têm prevenção

Por ser um problema genético, os especialistas alertam que ainda não há nada eficaz na prevenção das varizes e dos vasinhos. Para as pessoas que já têm predisposição a desenvolver o quadro, Aun recomenda praticar atividade física regularmente e manter uma vida saudável.

— Qualquer exercício é bom para a circulação sanguínea, especialmente os aeróbios e praticados na água, como natação e hidroginástica. Além disso, vale apostar em uma vida saudável, com manutenção do peso corporal, alimentação balanceada e sem cigarro.

Para as mulheres que pretendem engravidar sem correr o risco de ter varizes ou aqueles que vão se submeter a viagens longas de avião, Aun orienta usar meias elásticas.

— No avião, é importante movimentar as pernas e tomar líquidos não alcoólicos para evitar que o quadro evolua para trombose.

Sem varizes e com autoestima

Assim como Cristina, Soniley também resolveu fazer a cirurgia para se livrar das varizes e deu adeus a vergonha. Aos 20 anos, depois de conseguir um emprego com convênio médico, a vida da jovem mudou. Ela conta que teve "a oportunidade de procurar um bom cirurgião" e, então, realizar a sonhada operação.

— Só de o médico tocar na minha perna, já viu que era caso de cirurgia. Ele pediu para eu conversar com meus pais para ter certeza do que queria. E, então, três meses depois, fiz a operação convencional e sumiu. Fiquei 20 dias em casa me recuperando.

Com sorriso no rosto e o armário repleto de saias e vestidos, a estudante garante:

— Depois de tudo, posso te dizer que minhas pernas estão bem bonitas [risos]!

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