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Covid: em um mês, Brasil soma 73% dos casos do 2º semestre de 2021

Vacinação reduz mortes, mas variante Ômicron faz país registrar 2,7 milhões de casos de Covid apenas em janeiro

Saúde|Gabriel Croquer, do R7

Especialistas advertem que transmissão desenfreada facilita o surgimento de novas variantes
Especialistas advertem que transmissão desenfreada facilita o surgimento de novas variantes

A variante Ômicron do novo coronavírus se espalhou pelo Brasil e já faz o país somar 2.747.285 casos confirmados da doença em 28 dias de janeiro, o equivalente a 73% do que foi registrado em todos os 184 dias do segundo semestre do ano passado. É o que apontam dados do Ministério da Saúde, analisados pelo R7

Os registros colocam a média móvel de casos no patamar mais alto desde que a pandemia começou no Brasil: 183.289. A situação também se reflete nos recordes de casos diários. Dos dez piores dias em relação ao número de infecções, nove foram registrados nas últimas duas semanas. O último recorde foi nesta sexta-feira (28), com 269.968 casos.

Recordes de casos diários de Covid

28/1/2022 -269.968 casos

27/1/2022 -228.954 casos


26/1/2022 - 224.567 casos

19/1/2022 - 204.854 casos


25/1/2022 - 183.722 casos

20/1/2022 - 168.495 casos


21/1/2022 - 166.539 casos

22/1/2022 - 157.393 casos

18/9/2021 - 150.106 casos (represamento de dados do Rio de Janeiro causou recorde)

18/1/2022 -137.103 casos

A escalada de casos lembra o roteiro do início de 2021, quando a variante Gama tomou subitamente um Brasil que ainda sofria com pouquíssimas doses de vacinas contra a Covid-19. Em algumas semanas, as infecções escalaram para recordes de mortes, com até 4.000 brasileiros perdendo a vida para a doença em 24 horas. 

Com 70% da população totalmente imunizada e 77% com a primeira dose, o aumento inédito de infecções ainda não causou movimento semelhante no número de vítimas. A média móvel de mortes está em 474, aproximadamente seis vezes menor que a do pico da segunda onda, em abril do ano passado. 

No entanto, o aumento extraordinário de infecções que a Ômicron causa já deixou o Distrito Federal e seis estados com taxa de ocupação de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) acima de 80%. Em São Paulo, o governo estadual vai adicionar mais 700 leitos após o número de internações triplicar

O epidemiologista e pesquisador do Observatório Covid-19 BR Roberto Kraenkel avalia que a falta de política de testagem no Brasil e o apagão de dados do Ministério da Saúde tornaram impossível acompanhar a evolução da variante no país desde que o primeiro caso foi confirmado na cidade de São Paulo, no dia 30 de novembro de 2021.

Desde então, a queda no número de internações na capital paulista foi revertida e houve uma explosão no número de atendimentos de síndrome gripal. Kraenkel relata também que o surto ainda foi acompanhado da epidemia nacional de influenza, o que tornou ainda mais difícil a avaliação do cenário epidemiológico para avaliar a influência de cada vírus.

"Nós passamos basicamente um mês, quase um mês e meio, em um apagão de dados, de certa forma incompreensível, porque não se sabe o que aconteceu exatamente e não há transparência sobre o que ocorreu. Mas esses dados estão voltando agora", avalia.

Apesar da piora súbita do cenário, o comportamento da Ômicron em outros países, como a África do Sul e o Reino Unido, mostra que a terceira onda da pandemia pode ser mais rápida e menos letal. Nos dois países, o número de infecções explodiu, mas houve uma rápida diminuição na quantidade de casos, sem crescimento equivalente no número de mortes e internações.

Há também a perspectiva de a variante, menos letal e muito contagiosa, poder antecipar o fim da pandemia e tornar a Covid-19 endêmica. Mas especialistas advertem que o aumento tão significativo no número de infecções, além de causar um aumento natural no número de internações e mortes, é perigoso por elevar o risco de outras variantes surgirem.

"O que se espera é que a gente atinja esses picos nas próximas semanas, e até o fim de março, teoricamente, isso diminua", diz o presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), Marcos Cyrillo.

"Depois, a tendência é de vacinação, de mais gente pegando a doença, então teremos uma imunidade maior. Mas provavelmente nas próximas duas, três semanas é que nós vamos atingir esse pico ou saber como a variante vai se comportar."

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