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Crack em São Paulo é adulterado com substâncias que podem causar câncer, necrose e problemas cardíacos

Dados foram obtidos em estudo de especialistas; adulterantes são extremamente nocivos

Saúde|Do R7

Há a presença dessas substâncias no mundo todo
Há a presença dessas substâncias no mundo todo

Estudo realizado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), em parceria com o Centro de Referência para Álcool, Tabaco e Outras Drogas (CRATOD) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, indica que usuários de crack em São Paulo estão consumindo a droga misturada com adulterantes extremamente nocivos à saúde. 

O psiquiatra Marcelo Ribeiro, diretor do CRATOD e um dos coordenadores do estudo diz que se trata que a saúde dos usuários fica ainda mais ameaçada por causa da mistura.

— Essas substâncias são adulterantes conhecidos de cocaína. E o diferencial de nossa pesquisa é que, ao contrário da maioria dos estudos, feitos analisando dados de amostras apreendidas da droga, os adulterantes identificados em nosso levantamento foram analisados após a absorção pelo organismo dos usuários, um fato extremamente preocupante para a saúde destes indivíduos

Já o psiquiatra especializado, Ronaldo Laranjeira, presidente da SPDM e coordenador do estudo, destacou que tais adulterantes estão presentes no mundo todo, mas a concentração dos mesmos varia em função do lucro almejado pelos traficantes e da origem da droga.


— A cocaína consumida por esses usuários em São Paulo apresentam uma grande presença dessas substâncias, gerando efeitos colaterais e complicações ao organismo dos dependentes, já comprometido pelo uso de drogas.

A cocaína costuma sempre ter adulterantes, escolhidos por proporcionarem reações similares às dela, mas, apesar de parecerem não estar presentes, têm efeitos farmacológicos extremamente danosos ao organismo.


A lidocaína, adulterante mais utilizado, é um anestésico que pode provocar erupção cutânea, urticária ou reação alérgica. Já a Fenacetina é um analgésico e antiinflamatório, que prolonga o efeito da cocaína. Porém, ela é nefrotóxica (ataca os rins) e seu uso é proibido no Brasil. Tem potencial para gerar, por exemplo, insuficiência renal crônica. 

Associado à diminuição de glóbulos brancos (baixa imunidade), o levamisol é misturado à cocaína para potencializar os efeitos no sistema nervoso central. Este vermífugo é indicado no tratamento contra parasitas, inclusive em animais. Seu uso indiscriminado pode causar câncer e necrose na pele, frequentemente atingindo a face, além de prejudicar as defesas do organismo contra infecções. 


Outros anestésicos são a benzocaína e a procaína também. A benzocaína pode causar inflamações e sensibilidade anormal à dor. Já a procaína pode provocar excitação, depressão, tremores, entre outros efeitos, que podem evoluir até para convulsões crônicas, além de afetar o funcionamento do sistema cardiovascular, causando arritmia e diminuição dos batimentos cardíacos.A hidroxizina é um anti-histamínico, que pode provocar crises convulsivas, tremores e agitação.

Os especialistas no Brasil ainda têm um conhecimento limitado a respeito das consequência das presença desses adulterantes em usuários de drogas no País. As evidências que chegaram ao sistema de saúde ainda são recentes.

Sabe-se, porém, que casos de imunossupressão e doenças inflamatórias vasculares e de pele, aparentemente relacionados ao consumo de cocaína com levamisol, vêm recebendo acompanhamento na América do Norte e na Europa.

Em Alberta, Canadá, foram relatados cinco casos de severa neutropenia em pacientes que tiveram detectados na urina a presença de cocaína e Levamisol.

Casos de agranulocitose e vasculite crônica em usuários de cocaína adulterada com levamisol vêm sendo notificados no Canadá desde 2009. Um total de 203 casos de complicações nesse sentido foram registrados até 2012. 

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Outra coordenadora da pesquisa, Hannelore Speierl, Diretora de Enfermagem da Unidade Recomeço Helvétia, diz que os adulterantes potencializam os males gerados pelo uso da droga.

— A cocaína por si só já é extremamente prejudicial à saúde, provocando sérios danos ao cérebro, pulmões e rins, depressão e psicose, apenas para citar alguns. Porém, quando combinada aos adulterantes, os males causados ao organismo se multiplicam, representando um sério problema de saúde pública.

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