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Entenda como ocorre o processo de despertar o cérebro do ex-BBB Rodrigo Mussi

Neurocirurgião explica que acordar é o primeiro passo para avaliar eventuais sequelas decorrentes do acidente de carro

Saúde|Do R7

Mussi estava em um carro de aplicativo que bateu atrás de um caminhão na marginal Pinheiros
Mussi estava em um carro de aplicativo que bateu atrás de um caminhão na marginal Pinheiros Mussi estava em um carro de aplicativo que bateu atrás de um caminhão na marginal Pinheiros

A notícia de que o ex-BBBRodrigo Mussi abriu um dos olhos e mexeu a cabeça seis dias após um acidente de carro que o deixou em coma trouxe otimismo a familiares, amigos e fãs dele.

Nos últimos dias, o irmão de Rodrigo disse que os médicos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) haviam diminuído a sedação dele.

O neurocirurgião Feres Chaddad, professor de neurocirurgia na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e chefe do setor de neurocirurgia da BP — Beneficência Portuguesa — de São Paulo, explica que o processo de retirada dos anestésicos ocorre quando os médicos observam melhora nos resultados das tomografias cerebrais de rotina e também quando não há aumento da pressão intracraniana.

Trata-se de um processo feito progressivamente para evitar que o paciente acorde agitado e isso prejudique o quadro clínico.

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Rodrigo sofreu um traumatismo cranioencefálico. Com base no procedimento cirúrgico ao qual ele foi submetido — drenagem de hematoma —, Chaddad considera que o ex-BBB teve uma contusão cerebral ou um hematoma extradural ou subdural (lesões entre o osso e a membrana do cérebro).

Em todos os casos existe um inchaço do cérebro que compromete funções básicas do organismo, acrescenta o neurocirurgião.

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"Nesse primeiro momento [após o acidente], o cérebro se desliga para diminuir o consumo de oxigênio, e o indivíduo desmaia. [...] A primeira ação do resgate é manter a via aérea, manter o indivíduo respirando. Se ele estiver em coma, você vai pôr um tubo na garganta e controlar a respiração. A outra coisa é manter a pressão arterial, para que o sangue continue chegando ao cérebro dele."

Rodrigo Mussi permanece em coma induzido e intubado na UTI do Hospital das Clínicas desde o acidente, na madrugada de 31 de março.

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Além de abrir um olho na terça-feira (5), o ex-BBB já havia apertado o dedo do irmão no dia anterior.

"Se ele está abrindo um olho, apertando a mão, é um sinal de que o cérebro já está voltando a funcionar — e um bom indicativo", afirma Chaddad.

Despertar é só o começo

Entretanto, despertar deve ser só o começo de uma série de avaliações que os médicos ainda terão que fazer para entender as lesões. Para o neurologista, neste momento é preciso que ele tenha "nível neurológico".

"Quando o indivíduo desperta, por exemplo, ele pode simplesmente abrir o olho, que é um tipo de despertar. Ele pode abrir o olho e estabelecer algum tipo de conexão com as pessoas, que é outro tipo de despertar. Isso precisa ser observado com o passar do tempo. Aí é feita uma avaliação motora para ver se ele mexe adequadamente os braços, as pernas, o rosto. É avaliado também se ele está enxergando, se houve alguma alteração visual."

Posteriormente, será observado se Rodrigo sofreu algum tipo de déficit cognitivo, seja na atenção, memória, comunicação ou comportamento, entre outros.

As eventuais sequelas são determinadas pelas áreas lesionadas do cérebro, mas isso não significa que todas sejam permanentes.

"Pode ser feita uma ressonância nuclear magnética, que vai apontar onde existem lesões. A ressonância pode estar excelente, mas ele não está mexendo [os membros]. Aí eu sei que isso é devido ao inchaço [no cérebro] e que vai melhorar. Tem área, por exemplo, que você chama de morte aparente. Ela parou de funcionar agora, mas a célula está viva. Com o estímulo, fisioterapia, ela volta a funcionar", explica o médico.

Com a remoção total da sedação e a retirada da ventilação mecânica, são iniciadas, ainda no hospital, fisioterapias respiratória e motora.

Após a alta, a reabilitação consiste em tentar devolver a qualidade de vida que o paciente tinha antes do acidente. Em São Paulo, locais como a Rede de Reabilitação Lucy Montoro atendem indivíduos nessas condições. 

É uma fase que pode levar mais de um ano. Somente após esse período, é que ficam mais evidentes quais sequelas podem ser permanentes.

Riscos neste momento

Por estar intubado, com sondas e acessos venosos, Rodrigo Mussi corre um risco comum a pacientes na mesma condição: o de infecção hospitalar.

Internações que se prolongam em UTI podem evoluir para quadros de pneumonia bacteriana, por exemplo, infecções urinárias, entre outras, que oferecem perigo à vida do indivíduo.

"Toda porta de entrada, toda perfuração que você faz em um indivíduo, com o tempo, vira uma porta de entrada de microrganismos", diz o neurocirurgião.

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