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Entenda por que Fiocruz produzirá insumo nacional só em outubro

Matéria-prima passa por 11 etapas de produção até que esteja pronta para avaliação do laboratório AstraZeneca, no Reino Unido

Saúde|Carla Canteras, do R7

Fiocruz começa produção do IFA nacional da vacina AstraZeneca
Fiocruz começa produção do IFA nacional da vacina AstraZeneca Fiocruz começa produção do IFA nacional da vacina AstraZeneca

A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro, começa neste mês a produção de matéria-prima para que a vacina anticovid AstraZeneca seja totalmente fabricada no Brasil. O material da transferência de tecnologia chegou na última semana, mas só em outubro o laboratório Bio-Manguinhos, da fundação, entregará os imunizantes nacionais. 

A dúvida é por que demora seis meses para que o laboratório consiga produzir o insumo farmacêutico? A epidemiologista Carla Domingues, que coordenou o PNI (Programa Nacional de Imunizações) durante oito anos, salienta que a produção não é imediata e passa por etapas, que precisam de validação, até que a matéria-prima esteja pronta para fabricar a vacina.

"O lote de célula-semente [material importado] passa por processos produtivos que têm de ser validados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Por exemplo, a vacina de rotavírus são 17 etapas, demora quase um ano para produzir um lote da matéria-prima", conta Domingues. 

Essa validação é o que garante a qualidade da vacina, como orienta a epidemiologista. "Quando analisamos os imunizantes, falamos que devem ter eficácia, segurança e qualidade. Eficácia é ver se ele protegeu. Segurança é confirmar que não tem efeito adverso e a qualidade é provar que a vacina passou por todas as etapas do processo produtivo e não apresentou nenhum problema", diz ela.

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No caso da AstraZeneca, a produção do IFA é feita em 11 etapas, que vão desde o descongelamento das células-semente até o controle de qualidade do insumo. Para as primeiras vacinas nacionais, a Fiocruz vai fabricar lotes de pré-validação e outros três de validação. Depois de prontos, uma amostra de cada lote será mandado para a farmacêutica no Reino Unido, onde serão feitos testes para comparar com os imunizantes já em uso no mundo. 

Depois dessa fase, as vacinas passam por formulação, envaze, rotulagem e embalagem. Aí, seguem para o controle de qualidade do produto acabado; submissão contínua da documentação dos lotes de IFA à Anvisa para registro de fabricação, e começam as entregas da para o Ministério da Saúde. 

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Extamente por causa de todas essas etapas que os imunizantes totalmente brasileiros só estarão prontos em outubro. Carla Domingues ressalta que o prazo pode sofrer alteração, caso tenha algum problema na fabricação, que são normais na indústria farmacêutica.

"Temos de contar que todo o processo vai funcionar direitinho para sermos autossuficientes em Bio-Manguinhos em outubro. Mas temos de levar em consideração que se em uma das etapas tiver algum tipo de contaminação, da água, do ar, tem de desprezar todo o lote e recomeçar o processo. Cada etapa tem de ter uma validação do controle de qualidade", explica a epidemiologista. 

É torcer para que tudo dê certo nas etapas produtivas para que ainda esse ano as vacinas nacionais estejam imunizando os brasileiros. A Fiocruz pretende produzir 50 milhões de doses com os lotes de IFAs que começaram a ser fabricados.

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