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Entenda por que pessoas vacinadas também podem transmitir covid

Pessoas que ainda não tomaram 2ª dose da vacina podem contrair Delta, não perceber, e passar adiante, destaca infectologista

Saúde|Carla Canteras, do R7

Vacinados podem transmitir covid, mesmo se forem assintomáticos ou tiverem covid leve
Vacinados podem transmitir covid, mesmo se forem assintomáticos ou tiverem covid leve Vacinados podem transmitir covid, mesmo se forem assintomáticos ou tiverem covid leve

O ritmo da vacinação contra a covid-19 segue acelerado no Brasil, mas a taxa de transmissão da doença, de acordo com relatório semanal do Imperial College, de Londres, não sofre uma queda significativas no país. O motivo disso se deve ao aparecimento da variante Delta por aqui, associada ao fato de as pessoas imunizadas seguirem transmitindo a doença.

Na última semana, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), do governo dos Estados Unidos, apresentou um relatório sobre a preocupação de que pessoas vacinadas podem transmitir a doença da mesma forma que as não imunizadas. A explicação é que os imunizantes contra a covid-19 não impedem que o indivíduo contraia a doença, apenas que fiquem em estado grave.

"A vacina é muito mais eficaz contra doença sintomática do que contra a assintomática ou sintomática com sintomas muito leves. Vemos redução muito importante nos casos com sintomatologia intensa, mas podem ainda ocorrer, com certa frequência, pacientes com sintomas sutis, e essas pessoas transmitem", explica o infectologista Carlos Fortaleza, professor da Unesp (Faculdade de Medicina de Botucatu).

"A questão é que temos de lembrar que nenhuma vacina é 100% eficaz, principalmente em relação às infecções pouco sintomáticas, elas ocorrem em pessoas vacinadas", acrescenta ele.

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A evolução da Delta no país também gera uma preocupação ainda maior, uma vez que estudos mostram que a proteção das vacinas, no caso da nova variante, só é efetiva a partir da aplicação de duas doses dos imunizantes. No Brasil, pouco mais de 20% da população está com o esquema vacinal completo.

"Precisamos ter mais de 50% da população brasileira com a segunda dose. As vacinas podem impedir as formas graves da doença. Estudos dos Estados Unidos e Reino Unido tem mostrado eficácia também contra os casos graves da variante Delta. Elas podem diminuir muito as hospitalizações e óbitos quando aplicadas as duas doses", afirma a farmacêutica Soraya Samili, farmacêutica, professora de farmacologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e coordenadora do centro SOU_Ciência.

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Fortaleza alerta, ainda, que as pessoas imunizadas têm de prestar ainda mais atenção à qualquer alteração física, já que a doença pode ser praticamente imperceptível.

"O grande problema é a entrada da variante delta com os brasileiros com uma dose só. Mesmo assintomático, muitas vezes ele nem vai procurar o médico porque estará com um pequeno resfriado, mas vai transmitir para um idoso, que pode ter quadro grave e morrer. Mesmo depois de estar vacinado, precisa ficar muito atento aos pequenos sintomas respiratórios. Pode ser uma covid, que pode ser mais leve, mas ainda sim é transmissível", diz ele.

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Diminuir circulação do vírus para evitar variantes

Além da diminuição do número de casos, a manutenção do ritmo de transmissão da covid preocupa os profissionais da saúde, porque facilita o surgimento de novas variantes ainda mais fortes, que podem escapar das vacinas.

"No Brasil, hoje, precisamos de uma força-tarefa para vacinar todo mundo. A proteção contra a covid não é individual e sim coletiva. Se muita gente está vacinada, o vírus circula menos e protege todo mundo. Não podemos esquecer que quanto mais temos circulação do vírus, mais dá oportunidade para o vírus se modificar", observa o infectologista.

Soraia concorda e completa: "Se o vírus seguir circulando muito, podem surgir novas variantes, talvez até mais fortes do que a Delta. Essa é a questão do momento entre os especialistas e cientistas: diminuir a circulação", salienta ela.

Uso de máscara é fundamental

Diante da possibilidade de transmissão após imunização, o crescimento de casos com a nova cepa e da baixa porcentagem da população totalmente vacinada, as medidas não-farmacológicas, como o uso de máscaras contínuo, seguem essenciais para diminuir a circulação do SARS-CoV-2 e suas variações.

"O controle do vírus tanto com vacinas, quanto por medidas não farmacológicas, como uso de máscara, não sair de casa, parece que foi esquecido pela população. Esse tipo de controle, diminui o surgimento de variantes, que só surgiram em lugares que estavam com a situação descontrolada e caótica", lembra Fortaleza.

A abertura generalizada que acontecem nas cidades brasileiras é vista com atenção pelos especialistas. "Me preocupa muito a abertura geral dos serviços e tudo ao mesmo tempo. Pessoalmente, teria uma postura mais conservadora, abrindo mais lentamente. Com a variante Delta circulando por aí, é bem arriscado fazer aberturas grandes. É impensável parar em usar máscaras", ressalta o médico.

Soraya também observa a necessidade da imunização completa. "A segunda dose é extremamente importante e temos de salientar que devemos seguir usando a máscara. A vacina previne contra a forma grave e a máscara evita a transmissão. O importante é vacinar e usar proteção. Temos de seguir isso religiosamente.", conclui a farmacêutica.

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