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Família faz apelo para salvar bebê que nasceu sem intestino no Mato Grosso

Transplante custa cerca de R$ 2 milhões e só pode ser feito nos EUA 

Saúde|Do R7*

Maryah Alice luta pela vida enquanto espera por um transplante de intestino
Maryah Alice luta pela vida enquanto espera por um transplante de intestino

“Sempre que acordo, rezo para que seja só um pesadelo”. Já com a fala estremecida, Mara Alice, de 41 anos, não consegue segurar a emoção ao contar como a neta, Maryah Alice, luta pela sobrevivência em um leito do Hospital Regional do Mato Grosso do Sul.

A menina, que completa 17 dias nesta terça-feira (2), foi diagnosticada com gastrosquise ainda na barriga da mãe, Alice, de 15 anos. A doença é uma má-formação, que ocorre quando um dos órgãos internos da criança se forma na parte externa da barriga. Normalmente, esse tipo de caso é resolvido com uma cirurgia, feita no bebê logo após o parto, que insere o órgão na parte interna do corpo. Com cirurgiões pediátricos a postos para realizar o procedimento, Alice deu à luz Maryah Alice no dia 15 de julho. Contudo, quando fizeram o parto, os médicos tiveram uma surpresa: a barriga dela estava normal, e não havia nenhum órgão exposto, apenas uma pele em excesso que media cerca de 4 cm.

— Foi uma alegria.

Contudo, foi no segundo dia de vida de Maryah que os médicos perceberam que havia algo errado com a criança. Sempre que ela tentava se alimentar de leite materno, vomitava logo em seguida. A bebê voltou para a sala de cirurgia, só que dessa vez era ela quem seria operada. A equipe médica abriu a barriga da menina, e teve uma surpresa chocante: no fim da gestação, a pele da barriga de Maryah Alice que grudava o intestino à parte externa de sua barriga fechou, fazendo com que o intestino fosse “engolido” de volta para dentro, e necrosasse.


A menina, que minutos antes havia enchido a família de esperança, já não tinha mais intestino.

— Receber essa notícia doeu demais, foi um baque, um choque. Estamos desesperados, sofrendo muito — conta Mara.


Sofrimento: com intestino para fora do corpo, menina é alimentada por tubo desde nascimento

Os médicos disseram à família de Mara que Maryah Alice teria apenas algumas horas de vida. Mas a frágil lutadora já transformou essas horas em 17 dias. E, agora, a família luta para conseguir transferi-la do Hospital Regional do MS para um centro de tratamento do SUS (Sistema Único de Saúde) especializado em gastrosquise. Nesse centro, a criança receberia suplementação rica em ômega 3 por meio de sondas, para que conseguisse se nutrir até o momento que pode salvar sua vida: o transplante de intestino.


O Brasil não realiza esse tipo de procedimento, por isso a família vai precisar recorrer a uma clínica em Miami, nos Estados Unidos, para tentar salvar a vida de Maryah Alice. No entanto, o custo total dessa viagem e do transplante supera os R$ 2 milhões.

— Não temos condição financeira alguma. Estou desesperada, não sei o que fazer. Pedimos doações para as pessoas, que têm contribuído muito com o que podem. Recebemos uma grande quantidade de fraldas, e já conseguimos arrecadar R$ 2 mil. Estamos muito gratos, mas ainda assim é um longo passo até que consigamos chegar à quantia final.

Segundo Mara, o Ministério da Saúde afirmou que o SUS (Sistema Único de Saúde) cobre a transferência de crianças com gastrosquise para o centro de tratamento específico, mas não garantiu à família que cobriria a despesa do caso de Maryah Alice. Agora, ela, a filha e a neta estão à espera da resposta da Pasta, que não deu notícias nos últimos dias.

— Ela é uma batalhadora, está sobrevivendo. Mas sabemos que não podemos arriscar, ela precisa ser transferida urgentemente. Esse é o primeiro passo para que possamos correr atrás da ida para os Estados Unidos. Não sei como faríamos isso, mas um passo de cada vez — emocionou-se a avó.

A avó ainda contou que a filha está sofrendo muito, e que seu corpo tem sentido esse desespero:

— O leite materno de Alice já começou a diminuir, uma vez que, ela não tem amamentado. Ela está sem chão. Todos estamos. Sempre que acordo, rezo para que seja só um pesadelo.

Serviço:

Para ajudar a família, entre em contato com Alice Century.

*Colaborou: Talyta Vespa, estagiária do R7

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