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Gays têm altas taxas de HPV, HIV e hepatite B, aponta estudo feito em Campinas

Pesquisa contou com a participação de 600 homossexuais brasileiros     

Saúde|Do R7

Gays têm altas taxas de HPV, HIV e hepatite B
Gays têm altas taxas de HPV, HIV e hepatite B Gays têm altas taxas de HPV, HIV e hepatite B

Um estudo coordenado pelo Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz aponta para a necessidade de ações de prevenção a DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) voltadas para homossexuais. Publicada na revista científica Plos One, a pesquisa encontrou altas taxas de infecções em um grupo de cerca de 600 voluntários da cidade de Campinas, em São Paulo. O levantamento revelou que 40% deles já tinham sido expostos a pelo menos um dos dois tipos de HPV (papilomavírus humano) mais associados a alguns tipos de câncer.

Além disso, 8% foram diagnosticados com HIV — um percentual quase 20 vezes maior que o encontrado na população brasileira em geral — e 11% já haviam sido infectados com hepatite B — uma prevalência aproximadamente dez vezes acima da média para a região pesquisada.

A pesquisa também conseguiu detectar que mais da metade dos voluntários tinha pelo menos uma infecção e quase 30% apresentavam uma sobreposição de duas ou mais DSTs, explica a virologista Selma Gomes, pesquisadora do Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz e coordenadora do estudo.

— Nesse grupo de difícil acesso para pesquisas, conseguimos estudar diversas infecções unindo as especialidades dos diferentes laboratórios.

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Alta frequência de HIV

A alta frequência do HIV entre homossexuais é um resultado que vem se repetindo em diversas pesquisas realizadas nos últimos anos. As pesquisadoras Mariza Morgado, chefe do Laboratório de Aids e Imunologia Molecular da Fiocruz, e Sylvia Teixeira, do mesmo laboratório, verificaram que mais de um quarto dos soropositivos tinha contraído o vírus há menos de seis meses, apontando para uma taxa anual de infecção de quase 5%.

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Sexo seguro: fique longe das principais DST´s

Segundo Mariza, “isso significa dizer que cinco em cada cem pessoas deste grupo estão contraindo o vírus por ano”.

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— É uma incidência muito alta. O recrudescimento da Aids nesta população é um fenômeno que está ocorrendo em grandes capitais do mundo. De certa forma, é como se a doença voltasse a ter um perfil semelhante ao começo da epidemia, nos anos 1980, quando homens que fazem sexo com homens foram os mais atingidos nos países desenvolvidos.

Vacina pode ser estratégia contra HPV

Reconhecidos como um risco para as mulheres pela associação com o câncer do colo do útero, os vírus HPV-16 e HPV-18 também são uma ameaça para os homens. Segundo a pesquisadora Alcina Nicol, do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas Médicas do IOC, o HPV-16 é responsável por cerca de 40% dos casos de câncer de pênis, e os dois vírus (HPV16 e HPV-18) estão associados a 90% dos tumores de ânus e 24% dos casos de câncer de garganta. A pesquisa apontou que 32% dos participantes já tinham sido expostos ao HPV-16 e 20%, ao HPV-18.

— Nosso estudo sugere que os homens também poderiam se beneficiar da vacina contra o HPV no Brasil. Além de reduzir o risco de câncer anal e peniano, a imunização masculina ajudaria a interromper a transmissão do vírus para as mulheres.

A pesquisadora lembra que Estados Unidos, Canadá e Austrália estão entre os países que recomendam a vacina para meninos.

Baixa proteção contra hepatite B

No caso da hepatite B, além do alto índice de infecção, a pesquisa apontou um baixo nível de proteção, apesar da disponibilidade da vacina para a doença. A imunização é oferecida gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) desde 1998. Atualmente, ela está disponível para toda a população até 49 anos e sem limite de idade para os grupos com maior vulnerabilidade, o que inclui os gays.

No entanto, a análise de anticorpos realizada indicou que apenas um terço dos voluntários estava protegido contra este vírus, diz Selma.

— É um resultado negativo considerando que a vacina contra a hepatite B existe há cerca de 30 anos. Talvez falte divulgar melhor a informação para os homens que fazem sexo com homens.

Caroline Soares, também pesquisadora do Laboratório de Virologia Molecular do IOC, diz que “no site do Ministério da Saúde, os HSH são apresentados como um dos públicos-alvo da imunização, mas poderia haver campanhas de conscientização específicas para este grupo”.

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