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Genética, personalidade e trauma podem levar à depressão, alertam especialistas

Psicanalista afirma que sensação é de que "tudo parece que perdeu o sentido"

Saúde|Vanessa Sulina, do R7

PC Siqueira diz que sofre com depressão
PC Siqueira diz que sofre com depressão PC Siqueira diz que sofre com depressão

Falta de interesse e prazer para realizar atividades, tristeza constante e agonia são apenas alguns dos sinais de depressão. Além de PC Siqueira que relatou ao R7 que sofre com a doença, cerca de 10% da população brasileira convive com este mal e 15% terão a doença em algum momento da vida, de acordo com dados da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Para o psicanalista e professor da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Claudio Cesar Montoto, a depressão é uma forma de a pessoa “se posicionar como sujeito perante as grandes questões da vida humana”.

— A pessoa pode perceber que está em um processo depressivo quando não consegue ter forças, capacidade, desejo para enfrentar os desafios comuns, do dia a dia da nossa existência. Tudo parece que perdeu sentido. Não há donde tirar forças para continuar a luta do que chamamos viver.

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Além da predisposição genética — um dos principais fatores, a personalidade e episódios traumatizantes podem contribuir para o desenvolvimento da depressão, conforme explica o psiquiatra Kalil Duailibi, da Associação Brasileira de Psiquiatria.

— Um dos fatores a se considerar é que o estresse está aumentado no mundo. Algo crônico e de pequena intensidade pode levar à depressão e insônia. Isso é da modernidade. Relações difíceis com os chefes, com familiares, preocupações econômicas levam a quadros de muita ansiedade.

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Uma das curiosidades, de acordo com o especialista, é que homens e mulheres desencadeiam a doença de forma diferente. Quando estão deprimidos, os homens ficam mais “irritados, briguentos, explosivos, mal-humorados”. Já as mulheres, ficam mais sensíveis.

— Eles brigam no trânsito, na reunião de condomínio, briga com o vizinho. Já as mulheres têm mais depressão que o sexo masculino. Elas têm mais dores crônicas porque somatizam mais. Elas ficam muito mais vulneráveis, sensíveis, às vezes, uma palavra torta mexe com ela absurdamente.

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Frescura X depressão

Além da dificuldade do deprimido em conviver com a doença, quem nunca passou por um “episódio depressivo acha que o sujeito com depressão é um fresco”, afirma Montoto. Na entrevista à reportagem, PC Siqueira contou que algumas pessoas ainda pensam que “você não faz porque é preguiçoso”.

— Não há nada pior que empurrar o depressivo para que se movimente e veja que linda é a vida.

Tratamentos possíveis

Uma das soluções de tratamento está no uso de antidepressivos, de acordo com Duailibi. Há classes de remédios contra a depressão e as escolhas são feitas de acordo com cada paciente. Segundo ele, é necessário verificar se a pessoa perdeu peso ou não, quais sintomas que ela tem. O tratamento demora de duas a três semanas para dar “uma boa resposta” e tem que ser prolongado e não pode ser interrompido.

— É necessário mudar também os hábitos de vida. Fazer atividades físicas pelo menos quatro vezes por semana. Além disso, investir na psicoterapia ajuda a pessoa a entender o que se passa em sua vida e ela descobre como desarmar os gatilhos. Alimentação saudável ajuda a prevenir a depressão, como peixes, atum e sardinha, além de frutas vermelhas pequenas, como cerejas, framboesa e amora. Esses alimentos têm substância chamada de antocianina que protege os neurônios.

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Montoto também chama a atenção para a terapia. Segundo ele, ela é essencial no tratamento para que a pessoa “possa se defrontar com as suas questões mais fundamentais”.

— A terapia não é indicada para quem está louco e sim para que não se enlouqueça. O indivíduo pode passar a vida toda, até morrer sem nunca ter mexido em nenhuma questão fundamental a respeito de como lidar com si mesmo e com o outro. No entanto, fazer análise, por exemplo, significa ter que aceitar o desafio de mergulhar no mais profundo do ser para se defrontar com o que há de melhor e de pior em nós mesmos.

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