“Há uma onda muito grande de se demonizar alimentos”, diz especialista

“Quem está de dieta não pode comer chocolate”. “Não vai comer doce, senão vai engordar”. Essas são apenas algumas das muitas frases que costumam ser ouvidas por quem quer adotar um estilo de vida mais saudável e perder peso. No entanto, para o médico pediatra e professor da UFBA (Universidade Federal da Bahia) Hugo Ribeiro esse tipo de generalização é falsa e faz com que se perca a chance de informar a população sobre a real importância de se alimentar bem.

— Há uma onda muito grande no mundo inteiro de se demonizar alimentos. Podemos ter uma dieta inadequada com alimentos ditos “bons”, e podemos ter uma dieta adequada com alguns alimentos ditos ruins. Todos os alimentos “cabem” na dieta, contanto que sejam consumidos com moderação.

As declarações de Ribeiro foram dadas nesta segunda-feira (21) durante o debate “Alimentação e Esporte para uma Vida Saudável”, promovido pela embaixada da Itália no Brasil, em parceria com a marca de chocolates italiana Ferrero.

O especialista alerta que o fenômeno do ganho de peso é global e ameaça cada vez mais a saúde da população. De acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), cerca de 2,3 bilhões de adultos estarão com sobrepeso no mundo inteiro até 2025, e mais de 700 milhões serão obesos.

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Outro dado alarmante diz respeito à projeção de crianças com sobrepeso. De acordo com a OMS, o número poderia chegar a 75 milhões em 2025.

Segundo Ribeiro, é preciso conscientizar a população sobre a importância da alimentação saudável desde a infância — principalmente durante os primeiros dois anos de vida da criança, quando, de acordo com o especialista, se desenvolvem os hábitos alimentares que serão seguidos pela pessoa pelo resto da vida.

— A dieta da mãe também é fundamental. Precisamos alimentar melhor as crianças durante a gestação.

Esporte e qualidade de vida

Campeã mundial e medalhista olímpica de basquete, a ex-jogadora Magic Paula também participou do encontro na segunda-feira. Ela destacou a importância da prática de atividades físicas para a manutenção de um estilo de vida saudável — trabalho que ela desenvolve por meio do projeto Passe de Mágica, que atende mais de 780 crianças e adolescentes na região da Grande São Paulo.

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Na opinião de Paula, o esporte tem a vantagem de contribuir com o amadurecimento e crescimento pessoal de quem o pratica, além de trazer mais disposição e ajudar a melhorar o desempenho da pessoa em outras atividades — inclusive no trabalho.

No entanto, ela afirma que uma das principais dificuldades enfrentadas pelos educadores físicos, atualmente, é a concorrência com os jogos e a internet, que costumam atrair os jovens e distanciá-los das atividades físicas.

— É muito desleal essa competição.

Outro ponto destacado pela campeã olímpica é o discurso da falta de tempo para fazer esportes — o qual, segundo Paula, muitas vezes não se justifica.

— A gente tem um discurso muito fácil: “Não tenho tempo”. Mas a gente vê que a pessoa tem tempo para fazer outras coisas, como tomar cerveja com os amigos depois do futebol de final de semana.

* Por Luis Felipe Segura