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Mulher relata luta para vencer câncer de pele que se alastrou até o cérebro: "Não é fácil, mas estou certa da cura"

Diagnosticada há cinco anos, Luciana conta que tudo começou com uma simples pinta

Saúde|Ana Luísa Vieira, do R7

Câncer de pele de Luciana atingiu fígado, abdômen e até o cérebro
Câncer de pele de Luciana atingiu fígado, abdômen e até o cérebro Câncer de pele de Luciana atingiu fígado, abdômen e até o cérebro

A história da dentista Luciana Fiorin com o melanoma [tipo mais agressivo de câncer de pele] começou de um jeito bastante comum para quem sofre com a doença: com uma simples pinta no colo. “Eu já tinha essa marca havia bastante tempo, mas em 2011 percebi que ela passou a crescer e mudar de cor”, conta a paulista, hoje aos 42 anos. Preocupada, ela decidiu falar com seu dermatologista.

— Comentei que estava incomodando e ele disse que bastava uma cauterização para solucionar o problema. Cauterizamos no consultório mesmo.

Após o procedimento, entretanto, a marca não só permaneceu na pele como mudou de tamanho e demorou a cicatrizar. Luciana já estava especialmente preocupada porque começou a sentir coceira no local. Ao procurar o especialista novamente, entretanto, ele sugeriu que ela passasse por uma segunda cauterização.

— Não resolveu, e a pinta começou a ficar mais feia ainda. No retorno ao consultório um mês após a segunda cauterização, o médico me encaminhou para um cirurgião plástico, já que minha preocupação maior era com a estética.

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Foi o segundo médico que retirou a mancha completamente meses depois e solicitou a realização de uma biópsia. “No momento, ele me disse que poderia ser um carcinoma [tipo menos agressivo de câncer]. Mas eu achei estranho porque a pinta era pequena e o corte onde ela havia sido retirada ficou enorme”, relata a dentista.

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A confirmação de que a lesão era, na verdade, um tumor maligno, veio após a remoção dos pontos. Entre os primeiros sinais de que a pinta estava crescendo e o resultado do exame, entretanto, já havia se passado praticamente um ano — tempo crítico para um câncer que se alastra rapidamente e pode atingir nódulos linfáticos e até órgãos como cérebro, pulmões e fígado.

— Eu tinha pesquisado sobre o melanoma na internet, mas achei que nunca fosse acontecer comigo. Tive de ser encaminhada para um hospital especializado em tratamento de câncer e passei por uma outra cirurgia para aumentar a margem de segurança. A operação foi feita para evitar a propagação de novas células cancerígenas no entorno do local onde o tumor havia sido retirado.

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Dificuldades e superação

Luciana tentou seguir a vida normalmente após a cirurgia, realizando exames gerais regularmente. Em fevereiro de 2013, porém, viu surgir na axila a primeira metástase do tumor que havia retirado. A partir de então, o que a dentista viveu foi um verdadeiro turbilhão — de emoções e tratamentos.

— Fui tratada com diferentes medicamentos, tive efeitos colaterais. O câncer se espalhou até o meu fígado. Descobri metástases também no cérebro e no abdômen. A pior parte de todo o processo foi quando tive de realizar uma quimioterapia internada no Centro de Tratamento Intensivo do hospital. Foram ciclos a cada 15 dias, durante quatro meses. Fiquei de cama, sem força para levantar e cheguei a dizer para o médico que, se precisasse passar por isso de novo, me recusaria.

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Olhando para trás, Luciana afirma hoje que perder os cabelos por conta do tratamento foi o menor dos problemas diante da infelicidade de ter que deixar os três filhos — de 10, 13 e 16 anos — em casa, além de largar o trabalho. Já em 2014, depois de receber a notícia de que os tumores chegaram até seu sistema nervoso central, a dentista foi informada por seu oncologista de que novos medicamentos imunoterápicos acabaram de chegar ao Brasil e seriam usados como protocolo de pesquisa nos pacientes do hospital onde ela se tratava. As drogas agiriam “despertando” o sistema imunológico da paulista para a presença dos tumores. Desta forma, o próprio organismo dela passaria a reconhecer e combater as células cancerígenas. Era a luz no fim do túnel.

— Já faz dois anos que me trato com esse remédio. Tive boa resposta e sem nenhum efeito colateral. Desde então, um dia da minha vida a cada quinzena é dedicado ao tratamento da doença. Eu fico no hospital desde o início da manhã até o fim da tarde. Faço exames, passo por consulta, o médico libera a medicação, eu recebo os medicamentos. O mais difícil ainda é a insegurança de não saber qual vai ser o próximo passo. Você vive um dia de cada vez sem fazer planos para o futuro. Meus planos são para hoje, amanhã, semana que vem.

Os tumores da dentista já não crescem desde dezembro de 2014 — alguns, inclusive, diminuíram de tamanho. Otimista, Luciana se diz privilegiada por ter recebido medicamentos tão eficientes aos quais poucas pessoas têm acesso no Brasil. “A luta não é nada fácil, mas tenho certeza da cura. Quando entrei em contato com o Instituto Melanoma Brasil, que ajuda pacientes diagnosticados com a doença, conheci gente em situações muito mais precárias do que a minha, eles podem não ter o tratamento que eu tive. Depois do câncer, passei a agradecer cada detalhe da minha vida”, conclui.

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