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Nova vacina contra a meningite chega ao Brasil em 2015 

Imunização é arma principal contra a doença; saiba quais são os tipos e onde se vacinar

Saúde|Fabiana Grillo e Vanessa Sulina, do R7

Vacina que promete afastar o risco do meningococo tipo B já está aprovada na Europa, Canadá e Austrália
Vacina que promete afastar o risco do meningococo tipo B já está aprovada na Europa, Canadá e Austrália

A meningite é uma doença que assusta por dois motivos: as graves sequelas que ela pode deixar no organismo e por ter uma taxa de mortalidade que pode chegar a 90% se o paciente não receber tratamento adequado e rápido. A boa notícia é que existe uma forma gratuita de bloquear a doença: estar com a caderneta de imunização em dia, garantem os especialistas ouvidos pelo R7.

Atualmente, existem cinco vacinas disponíveis na rede pública e privada (veja quadro abaixo) capazes de prevenir a meningite, e até 2015 deve chegar ao Brasil mais uma arma contra a doença.

A vacina que promete afastar o risco do meningococo tipo B já está aprovada na Europa, Canadá e Austrália para todos os grupos etários acima de dois meses, comemora o pediatra Renato Kfouri, presidente da SBim (Sociedade Brasileira de Imunizações), que participou neste mês da XVI Jornada Nacional de Imunizações, no Rio de Janeiro.

— A doença meningogócica B é a segunda mais frequente e responde por 20% dos casos, perdendo apenas para o tipo C, responsável por 70% dos quadros. A importância de dispormos de mais armas no combate à doença não é pela frequência de casos, mas pela gravidade.


O médico acrescenta que a “vacina é a única ferramenta efetiva e segura que previne a meningite”. A pediatra Sandra de Oliveira Campos, professora de pediatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), ressalta que as picadinhas nas crianças “diminuíram muito os casos no País e, embora não eliminem totalmente a meningite, representam um grande controle”.

Entre 2012 e 2013, as notificações de meningites no Brasil caíram 12%, de 21.710 para 19.090, segundo a coordenadora geral do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues. A pasta também informou que, em 2014, até o dia 12 de agosto, foram registrados 8.691 casos e 685 mortes.


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Caracterizada pela inflamação na meninge [membrana que envolve o cérebro e a medula espinhal, responsável por proteger o sistema nervoso central], a meningite é provocada na maioria das vezes por vírus ou bactérias.


Segundo a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas, as bactérias mais comuns que levam à doença são o meningococo, pneumococo e hémofilo tipo b, “sendo a primeira mais grave pela rápida evolução e fácil transmissão”.

— As meningites meningocócica e pneumocócica estão mais relacionadas com a morte e as graves sequelas. Já a doença causada pelo hemófilo tipo B praticamente desapareceu graças ao programa de vacinação brasileiro e mundial.

Apesar da redução significativa da meningite pelo hemófilo tipo B, Rosana enfatiza que “a doença não está erradicada e os bebês devem continuar recebendo a imunização pentavalente disponível no SUS [Sistema Único de Saúde]”.

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), 10% a 15% das pessoas que contraem a doença meningocócica morrem, mesmo se receberem tratamento antibiótico adequado. No Brasil, as mortes registraram queda de 2,5% entre 2012 e 2013, passando de 1.830 para 1.785.

Doença facilmente transmissível

A transmissão da meningite ocorre de pessoa para pessoa por via respiratória, como tosse, espirro e beijo. Segundo Sandra, a bactéria se multiplica na orofaringe [região da garganta], circula pela corrente sanguínea e infecta as meninges.

— A meningite bacteriana é mais comum no inverno, quando os ambientes ficam fechados e com aglomeração de pessoas, assim como em moradias que vivem muitos familiares juntos.

Democrática, a doença não escolhe sexo ou idade, mas acomete principalmente crianças menores de cinco anos. No entanto, a médica do Emílio Ribas enfatiza que “a idade mais crítica é abaixo dos dois anos, por isso a importância de vacinar os bebês tão cedo”.

— Nessa fase, a criança não tem anticorpos para combater as bactérias e também funcionam como agentes transmissores, podendo infectar todos ao seu redor, inclusive os adultos.

Febre alta, muita dor de cabeça, náusea, vômitos em jato e rigidez na nuca são alguns dos sintomas clássicos do quadro. A professora da Unifesp acrescenta que manchas avermelhadas espalhadas pelo corpo sinalizam meningite meningocócica e o paciente deve ser levado ao pronto-socorro rapidamente.

— Geralmente, são casos graves que o quadro se inicia abruptamente e as lesões na pele são progressivas. A taxa de mortalidade é elevada, chegando até a 50%.

Não à toa, Rosana reforça que se o médico suspeitar de meningite deve iniciar o tratamento o mais rápido possível. Para confirmar o quadro, é feita a coleta de líquor [líquido céfalo-raquidiano], mas algumas vezes “a realização de exames complementares, como tomografia e ressonância magnética, podem ser necessários”, lembra Sandra.

—A demora pode implicar em graves sequelas, como surdez, convulsão, hidrocefalia e perda das funções motoras e cognitivas.

O presidente da SBim alerta que a meningite bacteriana deixa marcas graves em 40% dos sobreviventes.

Meningococo X Pneumococo: veja as diferenças

Entre as meningites bacterianas, a meningocócica — causada pela bactéria meningococo — é a mais grave e a maioria dos casos acomete crianças. A cada ano, estima-se que cerca de 500 mil casos da doença ocorram em todo o mundo, resultando em 50 mil mortes. No Brasil, “a maior incidência de meningite se concentra nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo”, alerta Kfouri.

A bactéria meningococo está dividida em sorogrupos, sendo os mais comuns A, B, C, W e Y. O sorogrupo C é o mais frequente entre os brasileiros, seguido do tipo B. Já os sorogrupos W e Y juntos são responsáveis por 10% das meningites e o tipo A não é comum no País, alerta Rosana.

— Apesar da baixa incidência, na região Sul os sorogrupos W e Y acometem mais a população do que os outros tipos porque os países vizinhos Chile e Argentina apresentam mais casos.

Além da vacina meningogócica C conjugada disponível na rede pública, o presidente da SBim explica que há uma opção nas clínicas privadas que protege não só o sorogrupo C como também o A, W e Y.

— Embora não exista limite de idade para essa vacina quadrivalente, costumamos indicá-la até os 20 anos, por ser o grupo de maior risco. Quem já tomou as duas doses no SUS, pode fazer o reforço com ela para ter a proteção ampliada.

Por ser uma doença contagiosa, agressiva e que desencadeia inúmeras complicações, o tratamento deve ser imediato. Além das sequelas neurológicas, epilepsia e retardo mental, por exemplo, a doença pode provocar necrose da pele e até amputação de membros. Para contornar essas consequências, “a internação é necessária para a aplicação de altas dosagens de antibiótico”, explica Rosana.

A infectologista alerta que, dependendo do tipo de bactéria, os familiares do paciente e amigos da escola também devem tomar remédios para tentar evitar o contágio.

— Higienizar as mãos, o ambiente e os brinquedos da criança assim como manter os locais sempre bem ventilados são atitudes que podem minimizar o risco de transmissão.

No caso da meningite pneumocócica, além das crianças pequenas, ela também acomete adultos jovens. A infectologista explica que a bactéria causadora da doença chamada de pneumococo se encontra na cavidade oral e nasal (nasofaringe) de algumas pessoas e “dependendo da defesa imunológica de cada um ou da agressividade da própria bactéria ela pode causar sinusite, otite, pneumonia e até mesmo meningite”.

— Existem vários tipos de pneumococo e a vacina pneumocócica conjugada disponível na rede pública protege contra 10 deles e a da rede privada abrange 13 tipos.

Apesar da diferença, a médica enfatiza que ambas têm excelente perfil de segurança e os efeitos colaterais são os mesmos de qualquer outra imunização, ou seja, dor no local de aplicação e febre.

Assim como a doença meningocócica, a meningite causada pelo pneumococo também é grave e exige tratamento imediato, reforça Kfouri.

— Os sintomas das duas meningites são parecidos, então o que vai diferenciar uma da outra é a intensidade e a rapidez com que o quadro clínico evolui. O tratamento também é feito com antibiótico e quanto mais cedo é iniciado, menor a chance de sequelas.

Não confunda gripe com meningite

No caso das meningites virais, os médicos avisam que o quadro é mais brando. A professora da Unifesp alerta que qualquer vírus pode causar meningite, mas os mais frequentes são os enterovírus. Segundo ela, a infecção pode ocorrer durante todo o ano, mas são mais comuns no verão.

— Apesar de o paciente com meningite viral ser um transmissor do vírus, não necessariamente o contato vai causar meningite, mas pode desencadear diarreia, resfriado ou outro quadro de virose.

Os sintomas da meningite viral se assemelham aos da gripe e resfriados e a conduta de tratamento é repouso e hidratação para esperar o fim do ciclo do vírus, o que demora entre cinco a sete dias, tranquiliza Sandra.

— Exatamente por ser uma doença benigna, não há vacina para combatê-la.

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