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Novo exame de imagem amplia em 6 vezes precisão para identificar câncer e AVC

Equipamento de tomografia que faz até 30 imagens/s deve chegar aos hospitais em 3 anos

Saúde|Raphael Hakime, do R7, enviado a Magdeburg, na Alemanha*

Exame de imagem promete revolucionar diagnóstico de câncer
Exame de imagem promete revolucionar diagnóstico de câncer

Quem já enfrentou um câncer ou conhece alguém que já passou por esse drama já sabe: identificar o tumor no início amplia as chances de cura do paciente. Um exame ainda em testes na Alemanha poderá acelerar o diagnóstico e o tratamento de câncer, AVCs (Acidente Vascular Cerebral) e doenças neurológicas. E mais: com uma riqueza de detalhes muito melhor.

Uma PPP (Parceria Público-Privada) firmada entre a Universidade de Magdeburg, a Siemens e mais de 20 pequenas e médias empresas e institutos de pesquisa criou o Stimulate (Centro de Soluções para Terapias por Imagem, na sigla em inglês).

Médicos, engenheiros e outros profissionais trabalham para aperfeiçoar as terapias de imagem guiada, diz o diretor do projeto responsável pela área de computação, Bernhard Preim.

— Isso é bom para o paciente, porque os traumas são menores, e bom para os médicos, que demandam novas tecnologias. Entre 2007 e 2050, só na Alemanha, os casos de demência devem crescer 155%, enquanto os de câncer, 52% e os AVCs, mais de 100%.


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Para diagnosticar e tratar essas doenças, a PPP desenvolveu uma máquina capaz de oferecer um exame de imagem com detalhes minuciosos – que vão muito além do que se encontra nos hospitais atualmente. Trata-se de uma tomografia computadorizada, mas com um sistema capaz de gerar 30 imagens por segundo – atualmente, são até 5 imagens por segundo.

Quer dizer que a precisão ficará 6 vezes maior e será mais fácil diagnosticar doenças como câncer, AVC e doenças do cérebro em geral — como os aneurismas cerebrais, por exemplo.


Um dos líderes da pesquisa, o doutor em neurologia da Universidade de Magdeburg Oliver Beuing explica que a ideia “não é fazer o exame mais rápido, mas, sim, deixá-lo mais detalhado com mais possibilidades”. Logo após o diagnóstico, explica, o médico poderá fazer a cirurgia no mesmo lugar, ampliando as chances do paciente.

— Para alguns tratamentos de emergência, você precisa de informações que você não consegue só com a tomografia computadorizada. É por isso que desenvolvemos um equipamento que possa diagnosticar e tratar o paciente, evitando tirá-lo da mesa e leva-lo para outra sala de cirurgia. Então, a gente economiza muito tempo.

A comunidade médica e os pacientes, porém, terão que esperar, porque a expectativa é de que o novo exame só esteja disponível no médio prazo. Beuing afirma que ainda é preciso “aperfeiçoar a apresentação dos dados que esse equipamento é capaz de conseguir”.

— A gente já está testando em alguns pacientes, mas, como ainda faltam alguns detalhes, eu espero ver nos hospitais entre 3 e 5 anos.

Com novo exame, médico poderá tratar câncer ao "cozinha" tumor
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Integração médico-máquina

Uma outra tecnologia, chamada MRI, quer aproximar cada vez mais o médico do equipamento de última geração para fazer as cirurgias — que precisa de uma sala de ao menos 25 metros quadrados. A doutora em física experimental Urte Kägebein, da Universidade de Magdeburg, explica que, “com esse equipamento, você consegue imagens detalhadas com até 0,3 milímetros”. Em seguida, comemora: “Isso sim é alta resolução”.

— Imagina um paciente que tem um câncer no fígado. Ele tem duas opções: uma cirurgia para retirar o tumor ou fazer quimioterapia, que não é um tratamento simples porque, no fundo, todo o corpo é tratado. A cirurgia também pode não ser um bom caminho, especialmente para pessoas mais velhas.

Com o novo exame de imagem, será possível oferecer ao médico — e ao paciente — uma terceira opção. A física afirma que a ideia “é tentar acabar com o tumor onde ele está”.

— Um instrumento passa pela pele, chega até o alvo e, então, começa a esquentar, chegando a 90 graus Celsius. Na prática, cozinha o tumor e ao redor. Então, é possível necrosar ao redor do tumor. É uma boa ideia porque o paciente vai para o hospital dois ou três dias antes da cirurgia, passa pelo procedimento e dois dias depois ele pode ir para casa de novo.

No entanto, alerta que o procedimento não será possível para pacientes em que “os tumores estão espalhados pelo corpo ou são muito grandes”. Ainda não há previsão para a máquina com a nova tecnologia chegar ao mercado.

Formado por uma PPP, o Stimulate foi criado em janeiro de 2015, recebe um aporte anual de 2 milhões de euros do governo alemão e terá financiamento pelos próximos 15 anos.

A Siemens, em contrapartida, complementa o orçamento com recursos que podem se equiparar com os do governo alemão – ou seja, pode aplicar até 2 milhões de euros a mais. Quando concluído, a empresa ganha o direito de patentear ambas as tecnologias.

*O jornalista viajou a convite da Daad (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico)

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