O estado de saúde da cantora Paulinha Abelha, da banda de forró Calcinha Preta, segue grave. De acordo com o último boletim médico divulgado, nesta terça-feira (22), ela continua na UTI (unidade de terapia intensiva) do Hospital Primavera, em Aracaju, entubada, com boa oxigenação e sem necessidade de remédios para manter a pressão arterial.
Paulinha foi internada no último dia 11, após passar mal por problemas renais durante uma turnê do grupo em São Paulo. No dia 15, foi encaminhada para a UTI, e o boletim médico dizia que estavam sendo feitos exames para "melhor elucidação do caso". Dois dias depois, houve a piora do estado de saúde e o coma da artista.
A nefrologista Tereza Fakhouri, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que insuficiência renal pode levar a quadros neurológicos graves.
"No funcionamento do nosso organismo a gente produz algumas substâncias que são resíduos do nosso metabolismo, lixo mesmo. No caso do metabolismo proteico, há o resíduo amônia, que é extremamente tóxico para o cérebro. Então, a amônia é convertida pelo fígado em ureia, que reduz a toxidade, mas ainda é tóxica. E o rim é responsável por tirar a ureia do organismo. Quando temos um problema renal, essas substâncias começam a se acumular e chegam até o cérebro, causando um quadro de problemas neurológicos", explica a médica.
E acrescenta: "Geralmente, o quadro neurológico se inicia com rebaixamento de nível de consciência, uma sonolência, e nos casos mais graves pode levar ao coma. Além disso, algumas medicações utilizadas em pacientes com insuficiência renal podem causar intoxicação".
Na última sexta-feira (18), Paulinha foi transferida para o hospital onde está atualmente. No boletim divulgado naquele dia, os médicos disseram que a cantora respirava com a ajuda de aparelhos e tinha um quadro infeccioso controlado.
"Em quadros neurológicos graves, o paciente pode perder a proteção da via aérea. Não consegue mais prevenir que a saliva vá para o pulmão, para assim proteger as vias aéreas. Ou então o paciente não consegue respirar sozinho mesmo e pode precisar de intubação, como um suporte na substituição dos pulmões", afirma a nefrologista.
Doação de sangue
Ontem, o Instituto de Hematologia e Hemoterapia de Aracaju pediu aos fãs da cantora de forró que doem sangue. Normalmente, pacientes com problemas renais precisam receber transfusão.
"É comum a necessidade de transfusão sanguínea, porque é muito frequente a anemia em pacientes com insuficiência renal, mesmo nas agudas. O rim também tem a função de produzir um hormônio, chamado eritropoetina, que previne a gente de ter anemia", afirma a médica.
O que é a diálise que a Paulinha está fazendo?
Além de usar aparelho para respirar, Paulinha segue desde o primeiro dia de internação fazendo tratamento de diálise.
"Uma máquina é usada para substituir a função renal; quando os rins param de funcionar, conseguimos substituir algumas das funções com o aparelho. A máquina tira o sangue do paciente, passa pelo aparelho, que vai filtrar o sangue e eliminar essas substâncias tóxicas para o organismo. Conseguimos tirar água e possíveis eletrólitos que estão desregulados durante uma insuficiência renal", orienta Tereza.
Normalmente, é possível reverter os problemas renais agudos, mas os rins podem ficar com algumas sequelas.
"A reversibilidade depende muito do motivo que levou à insuficiência renal. De uma maneira geral, os quadros são reversíveis. O que pode acontecer é ficar algumas sequelas para esses órgãos com um déficit de função. O paciente que teve insuficiência renal, mesmo que aguda, ou seja, em quadros reversíveis, tem o risco considerável de se tornar um portador de doença renal crônica no futuro", conclui a médica.