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Pesquisadores da USP validam a eficácia de três novos testes da Covid

Estudo feito com com base em 1.119 amostras sanguíneas de pessoas que tiveram ou não contato com a doença

Saúde|Agência Fapesp

Testes desenvolvidos pela USP tiveram alta eficácia em análise considerada padrão-ouro
Testes desenvolvidos pela USP tiveram alta eficácia em análise considerada padrão-ouro

Pesquisadores do ICB-USP (Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo) atestaram a eficácia de três novos testes sorológicos para a Covid. Desenvolvidos no próprio ICB, os testes usam o método ELISA [ensaio de imunoabsorção enzimática] para a detecção dos anticorpos contra o vírus SARS-CoV-2 e tiveram sua eficácia comparada com outro teste já em uso no mercado, o Elecsys, da farmacêutica Roche.

Publicado na revista Frontiers in Cellular and Infection Microbiology, o trabalho contou com apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e foi realizado com base em 1.119 amostras sanguíneas de pessoas que tiveram ou não contato com a doença. A testagem foi conduzida no HU (Hospital Universitário) da USP ao longo do ano de 2020 e, portanto, mostra um cenário ainda sem vacinas.

Na avaliação, o teste Elecsys, comercializado pela farmacêutica Roche, garantiu 96,92% de sensibilidade [capacidade de detectar casos positivos]e 98,78% de especificidade [capacidade de identificar casos negativos]. O desempenho dos métodos desenvolvidos no ICB foi aproximado.

O teste N-ELISA, que avalia uma proteína N completa do coronavírus, registrou 93,94% de sensibilidade e 94,40% de especificidade.


Já o teste RBD-ELISA, que utiliza um fragmento da proteína spike do coronavírus, obteve 90,91% e 88,80% de eficácia nesses dois critérios, respectivamente, enquanto o Delta-S1-ELISA, que utiliza um outro fragmento da spike, apontou uma sensibilidade de 77,27% e uma especificidade de 76%.

“Obtivemos resultados tão bons com o teste N-ELISA que conseguimos imaginá-lo sendo utilizado comercialmente no futuro. Por adotar uma proteína que é utilizada comercialmente, diferente dos nossos outros dois testes, o caminho é potencialmente menos longo”, destaca Robert Andreata-Santos, doutor em microbiologia e primeiro autor do estudo.


Além disso, os testes RBD-ELISA e N-ELISA talvez possam, no futuro, ser usados para diferenciar se o anticorpo foi induzido pela vacinação ou pela infecção. “Ser eficaz na detecção de anticorpos contra a proteína RBD, que está presente em todas as formulações vacinais atuais, como também contra a proteína N, relacionada com casos de exposição ao coronavírus, indica que em estudos futuros haverá a possibilidade de diferenciar anticorpos produzidos contra a vacina ou contra a infecção quando utilizados ambos os testes”, afirma Andreata-Santos.

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Padrão-ouro de análise

Todos os exames foram validados contra o próprio coronavírus por meio do teste de neutralização, considerado o padrão-ouro para esse tipo de análise.O soro sanguíneo foi aplicado no teste para distinguir quais amostras neutralizavam e quais amostras não neutralizavam o SARS-CoV-2, sendo que as amostras neutralizadas eram consideradas positivas para Covid. Em seguida, esses resultados foram comparados com os resultados dos testes ELISA.


O teste de neutralização, que requer um laboratório com alto nível de biossegurança por envolver manipulação viral, tem sensibilidades e especificidades elevadas, já que é capaz de calcular a carga de anticorpos neutralizantes do paciente.

“Além disso, como o SARS-CoV-2 foi neutralizado, a possibilidade de os anticorpos criados em virtude da infecção pelo coronavírus ou por outro patógeno apresentarem reação cruzada é extremamente reduzida”, complementa Andreata-Santos.

O método também é capaz de identificar se um anticorpo é neutralizante [pode impedir novas infecções] ou se é um anticorpo apenas de ligação [só reconhece uma região do vírus]. Dessa forma, a metodologia elimina quase todas as dúvidas que possam surgir a respeito dos dados de eficácia dos testes ELISA.

O estudo foi conduzido no âmbito do Projeto Temático “Descoberta de antígenos e desenvolvimento de métodos de diagnóstico sorológico e estratégias vacinais contra o ZIKV (Vírus Zika)”, coordenado por Luis Carlos de Souza Ferreira.

Contou com a colaboração de Paulo Margarido HU-USP, Ricardo Fock HU-USP e Juliana Bannwart na coleta do soro e avaliação das amostras por Elecsys, além de grupos de pesquisadores coordenados por Edison Luiz Durigon, Silvia Beatriz Boscardin e Cristiane Rodrigues Guzzo – todos do ICB-USP (Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo).

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