“Precisamos estudar melhor o sistema imune dos recém-nascidos”, diz médico brasileiro sobre o caso do bebê curado da aids
Infectologista garante que criança precisará de acompanhamento médico para o resto da vida
Saúde|Do R7
A notícia de que uma bebê americana infectada com o vírus HIV está aparentemente curada após 18 meses de tratamento traz esperança para os portadores da aids e médicos. No entanto, o infectologista dr. Alexandre Naime Barbosa, da Unesp em Botucatu, defende a necessidade de mais estudos.
— A grande lição que esse caso nos trouxe é que precisamos estudar melhor o sistema imune dos recém-nascidos para que essa hipótese do tratamento completo logo nas primeiras horas de vida resulte na cura.
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A menina nascida no Mississipi no final de 2010 recebeu um tratamento agressivo com medicamentos antirretrovirais nas suas primeiras 30 horas de vida, uma prática rara na Medicina, segundo o infectologista.
— Até hoje a gente sempre tratou os recém-nascidos soropositivos com apenas uma das drogas antirretrovirais durante algum tempo. Só então, a gente verifica se a criança conseguiu ou não eliminar o vírus.
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Sem nenhum sinal da doença, a menina — que hoje tem dois anos e meio — ficou sem tomar o coquetel durante todo o último ano. Apesar do quadro clínico estável, o dr. Barbosa reforça que é uma cura funcional, ou seja, a criança vai precisar de acompanhamento para o resto da vida.
— A cura funcional significa que há presença de material genético do vírus HIV no bebê, mas a quantidade é tão mínima que se mantém indetectável nos testes clínicos padrões. Por isso, o acompanhamento médico é para termos a certeza de que a infecção não voltará.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), 330 mil bebês foram infectados com o vírus da aids em 2012 e mais de 3 milhões de crianças são portadoras do HIV no mundo.