Presidente do CRM do Paraná renuncia para não dar registro para profissionais do Mais Médicos
Maioria dos médicos estrangeiros do programa ainda não têm permissão provisória
Saúde|Do R7
O presidente do CRM –PR (Conselho Regional de Medicina do Paraná) Alexandre Gustavo Bley, renunciou ao cargo nesta terça-feira (24) para não assinar os documentos do registro dos médicos estrangeiros do programa Mais Médicos.
O conselho do Paraná acatou a posição do CFM (Conselho Federal de Medicina) para emitir os primeiros oito registros provisórios dos médicos intercambistas. De acordo com a sua carta de renúncia apresentada na noite de segunda-feira (23), o presidente renunciou em forma de protesto contra a posição do conselho e do governo federal.
— Confesso que prefiro a vergonha da renúncia a ter que conviver com a vergonha de ter traído a minha consciência, pois quando um indivíduo abre mão de suas convicções, perde sua identidade e o significado de sua existência.
O presidente deixou claro para o conselho que não se sentiria à vontade em homologar a habilitação aos médicos, mesmo com a pressão do governo.
— A pressão do governo sobre os Conselhos já passou o campo da argumentação e de forma clara passou à intimidação, colocando em risco a existência dessas instituições.
Registro
Os 20 registros provisórios que devem ser expedidos até o começo da semana que vem pelo CRM são para médicos que vão trabalhar nos seguintes municípios: Curitiba (3), Pinhais (3), Araucária (2) e Arapongas (2), além de Iguaraçu, Capanema, Campo Largo, Piraquara, Contenda, Mandaguari, São Miguel do Iguaçu e Mandaguari (todos com um).
Conselho x Ministério da Saúde
O início dos trabalhos dos médicos estrangeiros no SUS (Sistema Único de Saúde), previsto para esta segunda-feira (23), está comprometido porque a maioria dos profissionais ainda não conseguiu o registroprovisório. Dos 633 pedidos efetuados, apenas 87 foram liberados até o momento pelos conselhos regionais de medicina.
O Ministério da Saúde afirma que os órgãos da classe médica estão fazendo mais exigências do que o previsto em lei — o que atrapalha o processo de registro e, portanto, o reforço dos estrangeiros no atendimento da rede pública.