Queda na produção de testosterona pode causar alteração de humor, depressão e diminuição da libido
Pesquisa revela que 71% dos homens desconhecem os sintomas da andropausa
Saúde|Fabiana Grillo, do R7
Em algum momento da vida, toda mulher vai passar pelo período da menopausa. No caso dos homens, esse processo de envelhecimento também acontece, mas não se pode dizer que é generalizado. Com o passar dos anos cerca de 30% dos homens acima de 60 anos vão apresentar queda na produção de testosterona, fenômeno conhecido como andropausa. Se você nunca ouviu esse termo, fique tranquilo. Uma pesquisa divulgada pela SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) em parceria com a Bayer para comemorar o Dia do Homem, lembrado nesta quarta-feira (15), aponta que 57% dos homens nunca ouviram falar em andropausa (ou hipogonadismo) e 71% desconhecem seus sintomas.
O levantamento foi realizado com 3.200 homens acima de 35 anos em oito capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Salvador, Recife e Curitiba).
Conhecida também como DAEM (Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino), a andropausa se caracteriza pelo declínio gradual e progressivo da produção de testosterona. Segundo o presidente da SBU–SP, Roni de Carvalho Fernandes, os homens que têm mais chances de apresentar o problema são aqueles que já tiveram doença nos testículos, como infecções ou inflamações.
— Também faz parte do grupo de risco os homens que apresentam síndrome metabólica, como diabetes, obesidade, dislipidemia [alteração do colesterol] e triglicérides.
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Entre os sintomas que chamam a atenção para a andropausa, o urologista Carlos Sacomani, diretor de comunicação da SBU, cita diminuição da libido, depressão, alteração do humor, redução da força e da massa muscular, aumento da gordura visceral e distúrbio do sono.
— É importante ressaltar que a diminuição da libido não é a mesma coisa que a diminuição da ereção. São duas situações que acontecem por motivos diferentes e geralmente as pessoas confundem.
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De acordo com os especialistas, o tratamento da andropausa tem como objetivo amenizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida e o bem-estar do homem. Embora a terapia de reposição hormonal não seja prescrita para todos os pacientes diagnosticados com andropausa, é uma das opções disponíveis para tratar a queda hormonal masculina, diz Sacomani.
— Ainda existem muitos mitos em relação a esse tratamento, por isso é importante destacar que a reposição hormonal não causa crescimento da próstata e nem câncer. Pelo contrário, ela vai trazer benefícios cardiovasculares e endócrinos.
Na pesquisa, 87% dos entrevistados confessaram não saber a função da reposição hormonal e 73% acham que a terapia tem como objetivo aumentar o desejo sexual. Entre as maiores preocupações da saúde do homem, 28% citaram as doenças cardiovasculares e 19% com a impotência sexual.
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Outro dado da pesquisa que chamou a atenção dos especialistas é que 51% dos entrevistados nunca foi ao urologista por falta de tempo (33%), ausência de motivos (32%) e medo (15%). Além disso, 52% dos homens consideram desnecessário visitar regularmente esse profissional.
Embora muitas pessoas pensem que o urologista é o “ginecologista do homem”, o presidente da SBU-SP explica que a especialidade trata não só o sistema reprodutor masculino como também o trato urinário de homens e mulheres — rins, ureteres, bexiga urinária e uretra.
Outro dado preocupante do levantamento é que 62% assumiram usar estimulante sexual sem recomendação médica e 47% disseram buscar o comprimido para aumentar o apetite sexual. Isso porque 64% dos homens têm medo de falhar na hora H. Para 38% deles, o mau desempenho na cama afeta a autoestima enquanto 33% consideram ter o relacionamento com a parceira prejudicado.