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Só usar não basta! Conheça a maneira correta de aplicar protetor solar para se proteger do câncer de pele

Dona de casa descobriu a doença após desconfiar de ferida no rosto que não cicatrizava

Saúde|Dinalva Fernandes, do R7

O protetor solar deve ser aplicado de forma correta para ser eficaz
O protetor solar deve ser aplicado de forma correta para ser eficaz

Tomar sol desde pequena era uma das atividades favoritas da dona de casa Débora Faria, de 52 anos. Até poucos anos atrás, ela não ligava para protetor solar e passava horas se bronzeando em Tanabi, na região de São José do Rio Preto (SP), onde os dias de sol e calor são abundantes. Débora nunca pensou que o hábito pudesse provocar algum problema até que descobrir um câncer de pele no rosto.

— Eu sempre aproveitei as horas livres para me bronzear. Lembro que aos 10, 12 anos eu sempre tomava sol. Quanto mais vermelha eu ficava, mais sol queria tomar. Eu gostava de ficar assim porque achava bonito.

No começo do ano passado, a dona de casa começou a reparar em uma ferida pequena no nariz que sumiu em alguns dias. Débora não levou o sinal a sério e, quando a ferida retornou, decidiu usar pomadas para que diminuísse até desconfiar que algo estava errado.

— Ao invés de sarar, a ferida aumentou. Aí procurei uma dermatologista que pediu biópsia para saber o que era. Eu meio que desconfiava do se tratava, mas não queria admitir.


Foi então que a dermatologista confirmou que a dona de casa tinha um carcinoma basocelular sólido e a encaminhou para uma cirurgia. Débora levou 12 pontos no nariz e precisou abdicar do hábito de tomar sol.

Desde a operação, a dona de casa passou a usar protetor solar fator 60 no rosto diariamente, assim que levanta da cama, e só sai de casa com sombrinha, porque não gosta de chapéu.


— Eu também reaplico o protetor a cada duas horas. Isso nunca tinha acontecido com ninguém da minha família. Mas, depois do susto, meus familiares passaram a se cuidar mais e também passo o recado para as amigas e conhecidos.

Quantidade também importa


Débora tomou sem proteção por anos até descobrir câncer de pele no rosto
Débora tomou sem proteção por anos até descobrir câncer de pele no rosto

O câncer de pele se tornou o de maior incidência no Brasil porque o brasileiro ainda não sabe se proteger. Uma pesquisa recente realizada pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), com mais de 2.000 pessoas em 130 cidades, revelou que oito a cada dez brasileiros não usam o produto de forma correta. O estudo ainda mostra que um em cada cinco menores de 16 anos não usa nenhuma forma de proteção nas atividades ao ar livre.

No caso de Débora, ela não usava nenhum tipo de proteção solar, ou seja, aumentando seu risco. Mas o que muita gente não sabe é que só usar o protetor não é o suficiente, já que a quantidade também interfere no fator de proteção, segundo o dermatologista Rafael Pessanha, da rede Clínica Fares.

— Em geral, usamos entre 0,39 e 1,3 mg de protetor solar por centímetro quadrado de superfície de pele. O ideal seriam 2 mg, ou seja, uma colher de chá para todo o rosto, incluindo pescoço. Se uma pessoa aplica metade do volume recomendado de um filtro com FPS 20, ela recebe a proteção equivalente a de um FPS 8. E o pior é que, por achar que está protegida, ela acaba aumentando sua exposição ao sol.

De acordo com o especialista, os médicos recomendam fator de proteção de, no mínimo, fator 30 no rosto e no corpo, mas isso depende da rotina da pessoa. Alguém que trabalha no sol o dia todo com os braços de fora, por exemplo, precisa proteger as regiões expostas. No caso de quem usa maquiagem, o mais indicado é usar filtro solar com cor ou na base, que é diferente de base com filtro solar.

— Os cosméticos geralmente não conseguem fator de proteção maior que 30 ou 35. Por outro lado, o protetor com cor consegue chegar ao FPS 50, 60 ou até 100. Eu sempre peço para usarem filtro solar com base de manhã e, à tarde, passar por cima da base mesmo. Outra opção é usar um pó com filtro solar para retocar a maquiagem no meio do dia. Também pode usar o protetor solar normal e depois a base ou misturar os dois.

O câncer de pele é o câncer mais comum que existe no Brasil e o mais fácil de se tratar, com possibilidade de 100% de cura porque basta tirar o pedaço afetado — no caso do câncer não melanona. A maioria desse tipo aparece em forma de ferida que não cicatriza, explica Pessanha.

Já com o melanona, podem ser necessárias sessões de quimioterapia dependendo da gravidade da doença. A maioria aparece como pinta ou mancha que podem ter forma assimétrica, borda irregular, duas ou três cores diferentes e diâmetro maior que 6 ml, explica o dermatologista.

— Geralmente, essas pintas ou manchas não coçam, não doem ou sangram. Como não incomoda o paciente, ele demora para perceber algo estranho.

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Proteja-se!

O Inca (Instituto Nacional de Câncer) estima que mais de 108 mil pessoas terão câncer de pele este ano. Somente entre 2010 e 2014, quase 18.914 mil pessoas morreram por causa da doença no Brasil. Veja dicas para não fazer parte desta estatística:

— Evite sol entre 10h e 16h

— Use protetor solar, mesmo em dias frios e nublados

— Reaplique o produto a cada três horas em dias comuns e a cada hora se suar demais ou em praias e piscinas

— Não esqueça de proteger os lábios também

— Se for usar maquiagem, aplique primeiro o filtro solar uns 15 minutos antes

— Crianças de até 6 meses não devem usar filtro solar nem repelente

— Para crianças entre 6 meses e 2 anos, o ideal é escolher um protetor solar composto por filtros físicos e não químicos (está escrito na embalagem), pois é mais seguro para esta faixa etária

— Acima dos dois 2 anos, o protetor solar indicado ao público infantil leva em consideração as características da pele da criança. Converse com o seu pediatra ou dermatologista para saber qual é a melhor indicação. O FPS indicado para a criança é sempre acima de 30. Se a pele for muito clara, prefira um acima de 40. Protetores que tenham resistência à água e que não ardam os olhos também são recomendados. Sempre que possível, passe o protetor em casa. Dê preferência, a criança deve estar sem roupa para que nenhuma parte seja esquecida.

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