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Sobreviventes podem desenvolver estresse agudo nos primeiros 30 dias, avisa psiquiatra

Momentos traumáticos podem levar a sentimento de culpa e questionamentos

Saúde|Do R7*

Médico ressalta que estresse pós-traumático pode evoluir para a depressão, se o indivíduo não receber apoio ou ajuda psicológica
Médico ressalta que estresse pós-traumático pode evoluir para a depressão, se o indivíduo não receber apoio ou ajuda psicológica

A tragédia na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, ocorrida no último domingo (27), pode ir além dos traumas físicos. Sobreviventes que presenciaram e ajudaram durante o incêndio podem desenvolver o quadro de transtorno do estresse agudo nos primeiros 30 dias, afirma o psiquiatra Sérgio Barros Cabral, médico assistente do Ambulatório de Ansiedade do IPQ (Instituto de Psiquiatria) do HC (Hospital das Clínicas).

— A pessoa que presencia ou recebe uma notícia de um evento traumático muito grave se sente anestesiada e emocionalmente distante.

No entanto, após esse período de estresse agudo, a pessoa pode vir a desenvolver o quadro de transtorno pós-traumático, explica o psiquiatria.

— Em relação à tragédia ocorrida em Santa Maria, o sobrevivente pode reviver esses momentos durante os sonhos, causando mais sofrimento, como também pode ocorrer o esquecimento do fato — conhecida como amnésia.


Nessa e em outras situações traumáticas de grande porte, a pessoa pode ter dificuldades para dormir, pode ficar assustada, irritada, inquieta, o que compromete o retorno às atividades do dia a dia.

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Além disso, o especialista ressalta que momentos traumáticos podem levar ao sentimento de culpa, ou seja, a pessoa se questiona se poderia ter ajudado ou feito algo melhor no momento.

Perda para as famílias


É normal que a perda de um amigo ou ente querido traga sofrimento e tristeza, levando a pessoa ao momento de luto.

No entanto, quando a perda é causada por eventos traumáticos, como aconteceu na boate em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, as pessoas que receberam essa notícia de grande porte podem desenvolver um quadro de estresse semelhante àquele que presenciou o momento da tragédia, explica o psiquiatra.

— A pessoa que perde um irmão, um filho ou um namorado também pode desenvolver o quadro de transtorno de estresse pós-traumático meses ou, até mesmo, anos após o evento.

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O médico ressalta que o estresse pós-traumático pode evoluir para a depressão, se o indivíduo não receber apoio ou ajuda psicológica.

Tratamento

Para o psiquiatra, tragédias como a que ocorreu em Santa Maria requerem uma atenção psicológica maior. Por isso, após o ocorrido na boate Kiss, muitos psicólogos e assistentes sociais voluntários foram até o local para ajudar a dar a notícia e a apoiar as famílias que estavam bastante fragilizadas. 

— Nos primeiros 30 dias, é preciso que o sobrevivente receba suporte familiar, psicossocial e religioso.

É importante que a família saiba escutar o que a pessoa tem a dizer sobre o momento e seus sentimentos. O médico explica que evitar situações que lembrem o evento traumático também contribui na melhora do quadro de estresse.

No entanto, se após esses 30 dias, a pessoa não conseguir obter uma melhora psicológica e não voltar à rotina, a ajuda médica será necessária, afirma o especialista.

— Recomenda-se que a pessoa passe por um tratamento de psicoterapia específica e até mesmo, será necessário o uso de medicamentos.

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Além dos tratamentos e do apoio, é fundamental respeitar a dor e o sofrimento da pessoa para que ela aprenda a lidar com a situação.

— Após esse espaço, é importante que a família ajude o indivíduo a retomar aos poucos a rotina para que sua vida não fique muito restringida.

* Camila Savioli, estagiária do R7

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