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Tecnologia da Unicamp reduz efeitos colaterais da quimioterapia

Nanotecnologia ajuda na condução de medicamento no tratamento do câncer

Saúde|Agência Inova (Unicamp)

Técnica faz referência a uma estratégia de nanomedicina para conduzir o fármaco
Técnica faz referência a uma estratégia de nanomedicina para conduzir o fármaco Gulcan yasemin Sumer/Getty Images/Hemera

Uma nova tecnologia desenvolvida pelo Instituto de Química da Unicamp é promessa para reduzir os efeitos colaterais causados pelos tratamentos oncológicos. Ainda em escala laboratorial, a patente foi depositada pela universidade junto ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) e será apresentada pela equipe de parcerias da Agência de Inovação Inova Unicamp durante o Pharma Meeting Brazil 2017, realizado nesta quinta-feira (26), em São Paulo, com o objetivo de apresentar oportunidades de negócios para empresas farmacêuticas e da área da saúde. 

A tecnologia consiste em um processo de obtenção de nanopartículas de sílica peguiladas carreadoras de fármacos hidrofóbicos, ou seja, a técnica faz referência a uma estratégia de nanomedicina para conduzir o fármaco – usado na quimioterapia – até as células cancerígenas presentes no paciente.

De acordo com um dos autores da patente, o doutorando Leandro Carneiro Fonseca, ao lado do professor Oswaldo Luiz Alves e dos pesquisadores Diego Stéfani Teodoro Martinez e Amauri Jardim de Paula, explica que, hoje em dia, usa-se uma grande quantidade de fármaco durante o tratamento de quimioterapia. Isso porque o medicamento é insolúvel em água (hidrofóbico) e o sangue é um fluido aquoso (por conter aproximadamente 92% de água). Dada a insolubilidade entre os dois, é necessária uma quantidade maior de fármaco para que este chegue em quantidade adequada até a célula que precisa ser tratada.

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Com o uso da tecnologia desenvolvida pela Unicamp, o fármaco é encapsulado e está presente em menor quantidade, por se tratar de nanopartículas. A sílica, por sua vez, garante uma maior eficiência nesse processo de transporte intravenoso do fármaco até a célula.

— De uma maneira muito simplória, apenas para ilustrar, é como se a nanopartícula de sílica fosse um carro que transporta de maneira mais eficiente o fármaco até a célula sem que haja um desperdício do mesmo no percurso. Isso ocorre pois o nanocarro é solúvel no sangue e seu interior, onde o fármaco está contido, é hidrofóbico, permitindo a elevada retenção do quimioterápico. Dessa forma, é usada uma menor quantidade de fármaco, justamente porque a substância chega na quantidade adequada para o tratamento.


Além da menor concentração necessária de dose de fármacos e também por causa dela, são parte dos benefícios da tecnologia: o não uso de solventes tóxicos nas etapas do processo, e a redução de efeitos colaterais no tratamento de câncer, como: queda de cabelo, náuseas, vômitos, entre outros.

Outra curiosidade relacionada à tecnologia é que as nanopartículas são peguiladas. Isso significa que possuem polietilenoglicol, que ficam como se fossem “fios de cabelo” em volta das nanopartículas, capazes de desviar das células brancas – que são células fagocitárias, responsáveis por identificar corpos estranhos no sangue. Isso se aplica às nanopartículas. Elas são corpos estranhos.


— O uso desse polímero permite que as nanopartículas consigam desviar dessas células, aumentando a probabilidade de não serem detectadas e, consequentemente, podendo circular por mais tempo no sangue otimizando-se as chances de acesso às células cancerígenas.

O Inca (Instituto Nacional de Câncer) aponta a ocorrência de 596.070 novos casos de câncer apenas neste ano no Brasil, de acordo com o último estudo divulgado. Entre os casos mais comuns entre os homens estão: próstata, traqueia, brônquio e pulmão, e cólon e reto. Nas mulheres: mama, cólon e reto, colo do útero.

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