Na mira dos taxistas, Uber se defende: "Sistema de transporte prestou um serviço ruim por décadas"
Especialista defende aplicativo de "carona paga" que causa polêmica em todo o mundo
Tecnologia e Ciência|Tiago Alcantara, do R7
O Uber não precisou de muito para chamar atenção no Brasil. Lançado em junho no País, o aplicativo de carona paga já está disponível em São Paulo e no Rio de Janeiro, além de ostentar o título de inimigo número um dos taxistas.
O aplicativo surgiu há cinco anos nos Estados Unidos e a startup dona do Uber já é considerada a mais valiosa do Vale do Silício. Com tanto barulho em torno de seu nome, o Uber está acostumado com as polêmicas e não liga para as "buzinadas" de taxistas pelo mundo. Diversas cidades dos EUA e outras capitais como Londres (Inglaterra) e Paris (França) já tiveram protestos contra o Uber. No Brasil, é a vez dele ganhar inimigos no eixo Rio-SP. E a lista não deve diminuir.
Segundo o porta-voz do Uber, Lane Kasselman, o app é uma resposta a um serviço de transporte que precisa de mais segurança e estar mais adequado ao mundo moderno. Além de afirmar que o Uber é uma empresa de tecnologia e não de motoristas, o porta-voz ainda duvida que seus concorrentes consigam frear a inovação. O motivo para tanta confiança é a boa recepção do serviço pelos usuários.
Polêmico entre taxistas, aplicativo para "carona paga" Uber estreia no Brasil
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— O sistema de transporte prestou um serviço ruim por décadas. Agora é natural que eles tentem afastar qualquer tipo de concorrência. Já esperávamos uma recepção positiva no Brasil. Nossa maior propaganda são os números. Estamos operando em 94 cidades diferentes pelo mundo.
O codiretor científico de pesquisas sobre vida digital e diretor do MIT Media Lab, Andrew Lippman, concorda com a previsão de Lane e acrescenta que essas rupturas com mercados e meios de produção são causadas apenas em parte pela tecnologia e em maior parte por conta da sociedade.
Ele explica que as mudanças surgem em função da tecnologia ter se tornado algo pessoal e não mais uma ferramenta de trabalho. Segundo o pesquisador do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussetts, na sigla em inglês), as pessoas levam smartphones para todos os lados, como uma extensão de nossa vida digital.
— Estamos no começo de uma nova era digital, nós passamos por períodos de grandes rupturas e estamos vivendo mais delas agora do que no passado por conta da tecnologia pessoal.
Lippman elogia o Uber e chama a startup de "a empresa de transportes com crescimento mais rápido na América".
— É basicamente um serviço de redes de contato. Graças a sua agilidade, flexibilidade com a sociedade e nenhum investimento além de uma boa ideia, está substituindo os táxis. Isso está mudando uma indústria inteira de transporte.
Segurança e a exigência dos brasileiros
Lane Kasselman comenta que o app usa tecnologia de ponta para garantir a segurança tanto no momento da transação quanto nas caronas que oferece. Por isso, os motoristas da rede do Uber não podem ter ficha criminal e seus carros devem ter seguro que cubra possíveis acidentes envolvendo os passageiros.
Kasselman explica outro aspecto de segurança: o pagamento. O app consegue digitalizar dados do cartão de crédito usando a câmera do smartphone e faz as cobranças via Paypal. Os dados são criptografados e separados pela equipe do Uber.
— Para os motoristas é um negócio seguro e ótimo, porque permite que eles não precisem lidar com dinheiro. Por isso, correm um risco menor de assaltos. E é seguro e confortável para os clientes, já que os motoristas não recebem nenhuma informação de pagamento, só sabem o primeiro nome do cliente.
O aplicativo presta serviços em 140 cidades divididas por 39 países diferentes. Perguntado se havia alguma peculiaridade detectada no Brasil, o porta-voz do Uber elogia os adeptos brasileiros.
— Em todos os lugares, o usuário quer uma melhor experiência. Rio de Janeiro e São Paulo são cidades grandes com pessoas sofisticadas e altas expectativas. Por isso, criam uma relação com produtos que entregam esse alto índice de exigência.