Posts em áudio do Twitter facilitam uso da rede social por pessoas cegas
Novo recurso pode ser uma alternativa para melhor a experiência dos usuários que dependem de programas de audiodescrição
Tecnologia e Ciência|Guilherme Carrara, do R7*
O Twitter lançou nesta semana uma nova função que permite anexar áudio às publicações. Além de ser uma nova maneira dos usuários se expressarem, essa também pode ser uma forma de tornar a rede social mais inclusiva.
“A questão do áudio é fundamental para pessoas com deficiência visual. Sem o áudio muitos meios não são acessíveis”, afirma Ademilson Costa, que é cego e consultor da fundação Dorina Nowill, instituição que oferece serviços especializados para pessoas com deficiência visual e suas famílias.
Leia também
Ademilson explica que muitos cegos utilizam as redes e os dispositivos eletrônicos por meio da áudio descrição. “Os smartphones têm tecnologias assistivas, nos iPhones é Voice Over e nos celulares Android é o TalkBack. Assim, o software lê as informações que estão sendo exibidas na tela, como uma conversa.”
Essas ferramentas dos próprios celulares já conseguem fazer a leitura de um tweet, mas nem sempre é fácil a compreensão da informação transmitida por uma voz sintetizada por um programa de computador.
“Ter acesso a uma informação em áudio é mais prazeroso do que ficar ouvindo a tela. É mais próximo a uma experiência humana. O áudio também tem a experiência de entender a intenção e a interpretação”, explica Simone Freita, criadora do movimento Web para Todos.
O movimento Web Para Todos lançou um estudo este ano, em parceria com a big data e a W3C, sobre a acessibilidade nos ambientes digitais. O levantamento aponta que menos de 1% entre os 14 milhões de sites brasileiros estão prontos para receber recursos acessíveis, que é um direito garantido pela lei federal Nº 13.146, de 6 de julho de 2015.
Acessibilidade facilita para todos
Uma das principais barreiras para tornar a internet mais inclusiva são as imagens. As ferramentas que leem a tela são incapazes de fazer a descrição de uma foto postada em uma rede social, por exemplo.
Ademilson diz que quase não utiliza redes sociais como o Instagram, que se baseia totalmente em imagens. "As pessoas não têm consciência e empatia para se colocar no lugar das pessoas cegas e fazer uma descrição".
Ele sugere utilização da tag #ParaCegoVer para sinalizar a descrição das fotos postadas. “É uma forma de despertar a necessidade de colocar descrição”, diz.
A acessibilidade não ajuda apenas pessoas com deficiência, mas também os idosos que podem ter dificuldades para navegar em páginas na internet que não foram pensadas para serem acessadas por todo o público da rede.
Segundo Ademilson, para um cego, existem situações intransponíveis sem a ajuda de outra pessoa, assim como para um idoso, que não sabe o que fazer ao acessar tentar acessar um aplicativo de banco para tentar fazer uma transferência por TED, por exemplo.
“Melhorar a acessibilidade ajuda todos que estão na internet e cria um ambiente mais simples”, conclui Simone.
Veja também:
O que fazer nos acidentes com o computador durante o home office