Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Só pesquisa e desenvolvimento espaciais garantem a soberania nacional

Investimento na área tem papel crucial em caso de conflitos com outras nações

Tecnologia e Ciência|Tiago Alcantara, do R7

Ilustração mostra como era imaginado o programa de defesa espacial dos Estados Unidos nos anos 80
Ilustração mostra como era imaginado o programa de defesa espacial dos Estados Unidos nos anos 80 Ilustração mostra como era imaginado o programa de defesa espacial dos Estados Unidos nos anos 80

O Brasil pode e deve investir em pesquisas espaciais para garantir que suas pretenções como potência tecnológica mundial. O desenvolvimento de um aparato científico no espaço pode garantir ao País um papel de destaque econômico e garantir a soberania em caso de conflitos no futuro, de acordo com especialistas. O atraso tecnológico na área deixa a nação vulnerável e também fora de missões "fantásticas" no espaço, como o envio de sondas até Marte, por exemplo.

Existem 1.084 satélites ativos em órbita do planeta Terra, de acordo com o banco de dados de satélites da Union of Concerned Scientists. Destes, o primeiro lugar fica com os Estados Unidos, que contam com 461 satélites (entre equipamentos privados, militares e do governo norte-americano). O segundo lugar fica com a Rússia, que tem 110 corpos ativos em órbita e a China completa o primeiro time de potências espaciais com 107 satélites. Atualizado em setembro de 2013, o levantamento ainda aponta que o Brasil tem apenas oito satélites em órbita da Terra. Para efeito de comparação, a Índia, outro país em desenvolvimento, conta com 32 satélites.

Para o doutor em Estudos Internacionais pela Old Dominion University Alessandro Shimabukuro uma "guerra nas estrelas" traria mais prejuízos para as nações pelo mundo em função das peculiaridades do espaço - caso os Estados Unidos decidam atacar um equipamento espacial dos chineses, por exemplo, há um enorme de risco de que os próprios satélites norte-americanos sejam afetados pelo lixo orbital gerado pela explosão.

— O interesse em manter o espaço livre de conflitos é que o uso de certos armamentos que destruam satélites e gerem detritos orbitais ameaçaria outros satélites, o que prejudicaria todos os países que se beneficiam dessa tecnologia. O interesse econômico serve como incentivo para evitar que o desenvolvimento e uso de armas espaciais se torne algo atrativo para as potências.

Publicidade

Atraso tecnológico deixa Brasil fora de missões para Marte

Um projeto de defesa vinda do espaço não é coisa de cinema. A chamada Iniciativa Estratégica de Defesa chamou atenção de todo o mundo quando anunciada pelo ex-presidente dos EUA Ronald Reagan, nos anos 80. O programa militar norte-americano teria a intenção de construir um sistema capaz de impedir um ataque nuclear. Conhecido como "guerra nas estrelas", o projeto é considerado um blefe dos americanos durante a corrida armamentista da guerra fria.

Publicidade

Soberania espacial

No Brasil, mesmo em tempos de "paz no espaço", o presidente de Agência Espacial Brasileira, José Raimundo Braga Coelho aponta que as pesquisas para desenvolvimento de um aparato cósmico têm potencial para reforçar a soberania nacional.

Publicidade

— Faz parte da soberania do ponto de vista tecnológico e estratégico. E é um elemento que, em conjunto com muitos outros, pode prover ao Brasil certa segurança. Mas só o satélite em si não faz nada, a gente tem que aproveitar a potencialidade dele para desenvolver outros instrumentos que nos garantam essa autonomia. E que nos garanta nossa defesa contra essas invasões que estão acontecendo no momento.

Atualmente, o País conta com uma série de parcerias com agências espaciais de outras potências para a criação de novos satélites, transferência do conhecimento para desenvolvimento e operação desses satélites. Um exemplo recente dessa política é o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação Estratégica (SGDC). Em novembro, a presidente Dilma Rousseff anunciou um investimento de R$ 1,4 bilhão no projeto.

Para Coelho, o projeto é de vital importância porque será totalmente operado por brasileiros. Além disso, esse também será o primeiro satélite nacional em órbita geoestacionária, considerada privilegiada.

— O SGDC faz parte de uma iniciativa do governo brasileiro para iniciar o desenvolvimento de satélites desse porte pelo Brasil para servir ao povo brasileiro. Além de servir para a comunicação estratégica do País, ele também vai servir para levar a todo o povo brasileiro a possibilidade de ter internet banda larga. Portanto, isso tem uma denominação de inclusão digital da população brasileira. Ele serve a dois grandes propósitos de grande impacto social: o primeiro é a comunicação estratégica no governo e o segundo é a inclusão digital, poder prover a todo o brasileiro a possibilidade de utilizar internet de banda larga com uma eficiência muito grande.

O presidente da AEB ressalta que o governo encomendou esse satélite de uma empresa de fora, por meio de uma licitação de fora, mas já existe um planejamento para transferência de algumas tecnologias que são consideradas críticas para as nossas defesas.

— Como é o primeiro, não poderia ser desenvolvido pelos brasileiros. A partir do próximo satélite dessa família, o Brasil poderá dar sua contribuição. Vamos começar a desenvolver várias partes aqui no Brasil, até conseguir desenvolver um satélite inteiro.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.