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Venezuela: Correa alerta que intervenção seria 'novo Vietnã'

Em um momento de máxima tensão em que a comunidade internacional tenta ingressar ajuda humanitária na Venezuela com apoio de militares

Noticias|Da EFE

Correa disse que é um político desprestigiado
Correa disse que é um político desprestigiado

O ex-presidente do Equador, Rafael Correa, advertiu nesta quarta-feira (27) em entrevista à Agência Efe que uma "invasão" da Venezuela seria um "novo Vietnã" para os Estados Unidos, e lamentou que os governos de direita em países da região tenham atrasado a América Latina em "décadas".

"Possibilidade sempre há. Mas eu não acredito que seja provável uma intervenção direta dos EUA. Porque o custo em vidas humanas para eles seria muito grande", afirmou Correa em Bruxelas, onde vive atualmente.

O ex-presidente se referiu à situação da Venezuela no contexto das ameaças às quais, segundo sua opinião, os governos de esquerda enfrentam em países da região.

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"(Dizem que) é preciso tirar Maduro porque é um presidente ilegítimo, que as eleições não foram transparentes. Eu estive nessas eleições, mais transparentes não poderiam ser. Mas não ganharam os que eles querem que ganhe", ressaltou.


Em um momento de máxima tensão em que a comunidade internacional tenta ingressar ajuda humanitária na Venezuela com apoio de militares, para Correa está claro que os EUA não estariam dispostos a tentar uma "invasão", apesar de seu presidente, Donald Trump, e o presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Juan Guaidó, não descartarem nenhuma medida.

"Tentar uma invasão, como faziam antes na América Central, no Caribe... não se deve subestimar a Venezuela. Se acham que Maduro não tem apoios, que as forças armadas venezuelanas estão contra Maduro, que a população não está disposta a defender seu país, que não tem dignidade, soberania, estão totalmente equivocados", disse.


"Isso vai ser outro Vietnã para os EUA", previu Correa, em referência ao alto custo representado por esse conflito no sudeste asiático (1955-1975).

Em sua opinião, a questão da ajuda humanitária é utilizada como "provocação".


"Eles a levam à fronteira em caminhões militares, ao lado colombiano, ao lado brasileiro, inclusive pelo Caribe, para que em algum momento alguém de algum lado da fronteira dê um tiro e se gere um conflito armado", opinou.

"Isso é o mais provável, que os EUA utilizem a Colômbia, o Brasil, para gerar um conflito armado que eles apoiem com alta tecnologia, suas bombas e mísseis dirigidos", completou.

Correa também rejeitou que haja uma emergência humanitária na Venezuela, apenas "problemas econômicos", e comparou a situação às armas de destruição em massa que disseram que havia no Iraque: "Ainda as estão buscando".

Para o ex-presidente equatoriano, "não podem permitir que no pátio traseiro, como os EUA nos consideram, haja um governo de esquerda e, mais ainda, manejando as maiores reservas de petróleo do mundo".

Nesse sentido, Correa se mostrou convencido de que a onda de governos de direita em países latino-americanos "nos atrasou em décadas".

"Há uma restauração conservadora, vivemos em uma direita articulada nacional e internacionalmente sem limites, sem escrúpulos, sem respeitar a democracia", salientou.

"Claro que houve uma mudança absoluta no nível do balanço político da região. Até alguns anos atrás, de dez países sul-americanos, oito tinham governos de esquerda. Agora só restam Venezuela, Bolívia e Uruguai", apontou.

Segundo disse, "já não podemos falar só de uma restauração conservadora, mas do Plano Condor 2", em referência à operação de repressão da oposição das ditaduras militares latino-americanas dos anos 70.

"Agora são muito mais sutis, mas mais eficazes. Não chamam os militares porque não têm necessidade disso. São suficientes a imprensa, o sistema de justiça, instâncias internacionais como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos com sede em Washington, financiada pelos EUA, para impor seus caprichos", declarou.

Por fim, Correa se incluiu, junto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre os políticos desprestigiados.

"Já não desaparecem, já não torturam. Apenas arruínam sua reputação, te condenam nas manchetes e juízes apenas copiam o que dizem as manchetes na imprensa burguesa", lamentou.

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