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Tarifaço ajuda a derrubar exportações do café brasileiro em 2025, mas setor termina o ano aliviado

Logística, geopolítica e clima foram desafios do cafeicultor durante o ano, mas projeções são otimistas

Agronegócios|Do R7

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Café brasileiro teve queda de 21% nas exportações em 2025, após recorde em 2024.
  • Fatores como menor disponibilidade, tarifa dos EUA e infraestrutura portuária contribuíram para a redução.
  • Apesar da queda, o setor apresentou resultados financeiros melhores do que o esperado.
  • China se destaca como mercado promissor para 2026, com foco em adaptação cultural e sustentabilidade.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Depois do recorde de exportação do café brasileiro que ocorreu em 2024, o volume de 2025 caiu 21%, mas essa queda já era esperada. Os motivos são vários: a menor disponibilidade do produto, os impactos do tarifaço dos Estados Unidos e também o atraso da infraestrutura portuária brasileira. Em entrevista ao Record News Rural desta sexta (12), Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, o Cecafé, falou sobre os desafios do setor durante o ano.

Segundo Matos, a reforma tributária forte no começo do ano foi uma das responsáveis pelo resultado. Um clima complexo fez com que a colheita, ocorrida entre julho e agosto, fosse menor do que a da safra de 2024. Já o tarifaço de Trump em julho foi “o grande pesadelo”, como o especialista parafraseou, mas ele acredita que, tendo em vista todos os obstáculos enfrentados, o resultado obtido foi melhor do que o esperado e que o cenário para o cafeicultor é de otimismo.


Questionado pela opinião da Cecafé em relação à queda das exportações, ele lembra que ocorreu uma antecipação de embarques vindos da União Europeia e que este momento adequado para negócios fez com que o primeiro semestre de 2025 tivesse um menor estoque, mas que agora, com o fim da safra, ele é recuperado. “Veja bem, nós exportamos 36,8 milhões de sacas, estamos 10 milhões de sacas abaixo do mesmo período do ano passado, mas é o terceiro maior volume. Só em 2020 tivemos 40 milhões de sacas neste mesmo período. Então é o terceiro maior recorde ali do top 3 das exportações de Brasil.” Além disso, ele aponta que a receita cambial teve uma compensação 25% superior ao mesmo período do ano passado, que é R$ 14,3 bilhões.

Mas o ano não foi só de lucro. Segundo o membro da Cecafé, de agosto para frente, o tarifaço foi um prejuízo muito grande e também acabou afetando os principais receptores da mercadoria. Matos explica: “Precisamos lembrar que no primeiro semestre tivemos uma exportação boa dos Estados Unidos, em termos percentuais, uma representatividade até ligeiramente acima da meta histórica. Esse impacto que teve no segundo semestre colocou os Estados Unidos e a Alemanha na primeira posição de receptores, porque nos meses anteriores a gente viu EUA na terceira posição.”


Ele lembra, entretanto, que o Brasil não depende só destas duas nações. Itália, Japão e Bélgica completam o ranking do top 5. Ele dá um destaque especial para a China. Para Matos, há um grande potencial no mercado chinês: “Nós aumentamos mais de 20 vezes as exportações nesses últimos oito anos. E mais recentemente foi com a Lanking Coffee. Fizemos uma assinatura de contrato junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin para entrar com lojas temáticas do Brasil, que vendem camisetas da seleção, imagens da cultura brasileira etc.” A estratégia pode parecer estranha, mas ele esclarece que na China o café é consumido de uma maneira diferente, sendo mais vendido em cafeterias e E-Commerce do que no varejo, devido a uma tendência da população mais jovem do país.

Outro costume interessante que o entrevistado apontou foi o dos chineses misturarem o café com outras bebidas, como água de coco, suco de laranja e bebidas alcoólicas. Matos afirma que a China é o próximo grande alvo para 2026 e que para se adaptar à cultura oriental e às novas tendências de mercado, ocorreu um rebranding do café brasileiro exportado. Outra mudança no mercado foi a percepção americana do produto devido à inflação que ocorre nos EUA: “O consumidor reclamou muito quando ficou sem café brasileiro. Foi o item alimentício com maior nível de inflação nos últimos meses. Chegou a ser nove vezes acima da média da inflação norte-americana.”


Ele aponta que, fora as possibilidades de mercado, também é necessário analisar os desafios climáticos e interpretar os dados meteorológicos e modelos agroclimáticos disponíveis. Matos acredita que as mudanças climáticas têm sido o maior desafio da atualidade para o Brasil e que a sustentabilidade tem um papel-chave para o cultivo do grão.

Ele finaliza comentando que ao fazer parte de um setor produtor, ele é também a porta de frente de toda a discussão de sustentabilidade. Ele divulga que o café brasileiro possui quatro pilares, compromisso com o meio-ambiente, com a governança, com a sociedade e com a tecnologia. Um modelo ESG+T. “Na COP30, tivemos a chance de estar em dois pavilhões, França e Itália, a convite desses governos. A ministra do Meio Ambiente da França fez um convite para discutirmos a lei anti-desmatamento da Europa. Isso porque temos uma plataforma que se antecipou e já respondeu aos importadores com dados oficiais, públicos mostrando que soberania começa respeitando as nossas informações.”

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