Candidata à presidência pelo PSOL, Luciana Genro fala sobre suas propostas
Em entrevista, candidata apresenta metas e ideias
Bahia|Do R7 com Record Bahia

A candidata à Presidência da República pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), Luciana Genro, em entrevista a Record Bahia falou sobre sua trajetória, metas e propostas. Luciana Genro começou na vida política cedo, aos 14 anos, ainda na escola. Filha de Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul, ela saiu do PT e fundou o PSOL.
1. A senhora pode falar um pouco sobre sua trajetória politica?
Luciana Genro: Eu fui deputada estadual por dois mandatos, antes disso eu comecei a minha militância com 14 anos de idade, no PT. Meu pai é um politico conhecido no partido, é governador do Rio Grande do Sul. Fui expulsa do PT em 2003 e isso é orgulho, por que foi exatamente nessa turma que está preso, Zé Dirceu e essa turma do mensalão, que expulsaram a mim e alguns deputados na época por que a gente se recusou a compactuar com essa lógica que o pessoal que chega ao poder esquece tudo que prometeu antes, esquece tudo que se comprometeu com seus eleitores, que só chega no poder para se acomodar, para ficar lá com os tapetes, com o ar condicionado, com os cargos, com as benesses e se esquece dos compromissos que assumiu. Como já era deputada federal há dois mandatos, fundei o PSOL, um novo partido, justamente para poder continuar defendendo essas ideias que eu acredito, e o PT abandonou.
2. A senhora tem alguma ideia para combater a inflação?
L.G.: O governo acha que vai conter a inflação aumentando os juros, mas isso não adianta. O aumento dos juros só serve para o cidadão pagar mais caro nas prestações, no banco. Esse controle da inflação não funciona para o povo, funciona para os milionários e bancários que ganham absurdos. Só no ano passado os bancos lucraram cerca de R$ 70 bilhões, só para ter noção esse valor é quase tudo que o Brasil irá gastar em educação no ano de 2014.
3. Quais as suas metas e propostas para educação?
L.G.: Tanto para educação como para saúde, é preciso ter mais investimentos. Para isso é necessário que esses pouquinhos, essas cinco mil famílias que tem riquezas enormes paguem mais impostos, até para que o assalariado pague menos. A gente quer reduzir esses impostos para a classe média, para os trabalhadores e pegar essas cinco mil famílias que tem esse monte de dinheiro acumulado, fortunas acimas de R$ 50 milhões e que eles contribuíssem com 5% ao ano dessa fortuna, com isso nós poderíamos dobrar os investimentos em educação.
A Dilma tinha prometido para as mulheres e para as crianças do nosso Brasil era a creche. Ela prometeu que iria resolver o problema da falta de creche para crianças de 0 a 5 anos e isso não aconteceu. Isso é muito grave porque a creche é fundamental no desenvolvimento da criança. Então a creche é muito importante para que ele possa depois acompanhar o desenvolvimento na escola e chegar até a universidade. Minha primeira proposta é essa, é que esse dinheiro que eu vou tirar dos banqueiros, dos milionários, dos grandes empreiteiros, que vão pagar mais impostos, vai ser para fazer creches para que as mulheres possam ter a tranquilidade de colocar seus filhos lá e poderem trabalhar e também participar da política. É muito importante que as mulheres participem da política. Eu estou aqui hoje, porque eu tive essa oportunidade. Eu tive um filho com 17 anos, e tive todo o apoio do pai do meu filho, da minha família para poder continuar estudando, mas tive que trabalhar e isso não é fácil. Não é fácil estudar, trabalhar e cuidar de uma criança. Como eu tinha condições financeiras, eu pude colocar meu filho em uma creche. Ele foi para creche com um mês e meio para continuar fazendo as minhas coisas. Isso não acontece com a maior parte das mulheres e esse é um ponto fundamental que quero mudar na educação.
4. Quais são as metas e propostas da candidata quanto a segurança pública?
L.G.: Eu vejo justamente que a gente precisa dar um exemplo primeiro por cima. Se a gente tiver uma elite política que comande o País, que dê um exemplo de austeridade, de não ter privilégios, de não ter mordomias, de não cometer corrupção, de não roubar, de ser honesta, nós vamos dar um exemplo para toda a população e, obviamente, isso deve ser acompanhado por politicas públicas para que esses jovens que estão na criminalidade tenham uma perspectiva de vida, porque jogar eles na prisão vão sair de lá pós-graduados no crime, porque a prisão é um lugar degradante, um lugar humilhante. Eles não aprendem nada de bom, só de ruim para saírem de lá mais violentos, mais revoltados, mais dispostos a cometer crimes porque não tem mais nada a perder. Então, a gente precisa através da educação, através do emprego, através da perspectiva de futuro para esses jovens, disputar eles com o crime, disputar eles com o narcotráfico, que oferece essas facilidades de poder, de dinheiro, mas que também oferece morte, violência, prisão. Então eu acredito que se houvessem políticas públicas para a juventude que oferecessem uma perspectiva de futuro, nós teríamos uma segurança pública muito melhor e uma tranquilidade muito maior para toda população.
5. Quais as suas ideias para a saúde?
L.G.: A gente tem um problema grave que é a questão dos medicamentos, porque muitas vezes a pessoas até consegue um atendimento, mas depois ela não consegue comprar o medicamento. Precisamos "quebrar" as patentes dos medicamentos, porque os laboratórios tem a exclusividade na produção de um medicamento, tornando-o caro e as pessoas não conseguem comprá-lo. A gente precisa "quebrar" essas patentes para que o estado brasileiro produzam os medicamentos e forneça gratuitamente ou mais barato para a população. Além disso, a gente precisa de muito mais médicos trabalhando, com um plano de carreira, bem tratados pelo governo, não como temos hoje no Programa Mais Médicos que é uma precarização. Precisamos de um programa como o Mais Médicos no sentido de termos mais médicos, mas não de médicos precarizados, que não tem um plano de carreira, não tem uma segurança na profissão. Além dos médicos, é preciso estrutura, porque as pessoas muitas vezes ficam esperando uma internação e não tem leito hospitalar. Tem que ter um investimento forte na área da saúde para poder dar conta de todos esses problemas e realmente possibilitar que desde a atenção básica, daquele médico da família que vai lá visitar a pessoa na sua casa, e dá as instruções básicas para que ela possa ter uma melhor condição de saúde e depois até o momento que ela pode necessitar de uma internação. E também a questão do saneamento básico, que parece que não tem nada a ver com saúde, mas tem porque grande parte das doenças, principalmente que as crianças adquirem, é porque andam de pé descalço no meio do esgoto e não tem saneamento na casa.
6. Quais as suas considerações finais?
L.G.: Quero dizer que nós, do PSOL aqui na Bahia, temos candidatos também. Temos o Marcos Mendes, nosso candidato a governador, temos o Ronaldo, nosso vice, temos o Hamilton, candidato ao senado. Vários candidatos a deputado como o caso do nosso vereador Hilton, que é candidato a Deputado Estadual. Esses candidatos do PSOL vão mostrar para o povo da Bahia que nós temos uma proposta de mudança real na política, para que ela deixe de ser uma bandalheira, deixe de ser uma carreira para alguns ganharem dinheiro, deixe de ser um balcão de negócios e seja efetivamente uma missão para poder transformar a vida das pessoas e ajudar a se desenvolverem enquanto seres humanos, terem melhores oportunidades, terem chances de terem um bom emprego, terem acesso a uma educação, um transporte público e uma saúde de qualidade.