A noite era de expectativa. Em frente à Arena Fonte Nova, centenas de pessoas já se enfileiravam horas antes da liberação para a entrada no estádio. Um longo tapete rosa dava acesso à um portal em forma de um imenso “X”. Eram poucos os seguranças e muita a energia dos fãs soteropolitanos que, há 14 anos, não recebiam a visita da Rainha dos Baixinhos.
Às 21h07, as correntes se desatavam e a correria dos que lutavam por um lugar na frente do palco começava. “Paquitas” de toda sorte se apressavam em meio a pompons, botas e chapéus. Gente de todas as idades se amontoava e gritos de euforia eram constantes. Alguns, estridentes, outros emocionados.
Como um baile à fantasia, os fãs devidamente caracterizados se misturavam às presenças de personagens de Alice no País das Maravilhas, tema adotado para o “Chá da Xuxa”. Em pouco tempo, o clima se mesclava, e não se sabia mais quem era adulto, criança, ou os dois.
Passadas as fotos e a tensão da chegada, a plateia foi recebida por Giordanna Forte, uma DJ carioca cuja festa no Rio de Janeiro teria inspirado Xuxa na concepção daquele show. O público ouviu por cerca de uma, duas horas a mixagem de diversos sucessos nacionais e internacionais, mas o que era para ser uma abertura se prolongou demais, e não agradou quem ansiava por ver a verdadeira estrela da festa.
Vaias foram ouvidas. No início, tímidas, mas, à medida que a música eletrônica continuava, o descontentamento da plateia aumentava. “Estamos aqui para ver nossa rainha, e de vaias certamente ela não vai gostar”, disse a DJ, incomodada com a pressão do público.
O apresentador, também desconhecido dos baianos, se apressou para acalmar os ânimos. “Ela está chegando!”, dizia a todo momento. Milhares já aguardavam, com certa impaciência.
Às 23h30, meia hora antes do previsto, Giordanna saía do palco para dar lugar à abertura das cortinas e à aterrisagem da icônica nave espacial prateada que trazia Xuxa Meneghel abordo. Vestida a caráter dos shows antológicos que marcaram os anos 80, a comoção foi generalizada quando os primeiros tons da voz da loira foram reproduzidos.
Ao fim da também clássica contagem regressiva, que abria os programas infantis matinais da apresentadora, músicas que fazem e fizeram parte do imaginário, da memória e das festas de aniversário de grande parte da população brasileira eram ouvidos, cada qual com uma emoção diferente. Com o figurino predominantemente preto, Xuxa dava um tom mais adulto à apresentação em suas intervenções e interações com a plateia que, celulares em riste, registrava cada detalhe.
Destaque para ‘hinos’ da loira, como “Tindôlêlê”, “Ilariê”, “Lua de Cristal”, “Arco-íris” e “Vamos Brincar”. Referências às diversas fases dos programas da apresentadora estavam presentes a todo momento, seja no figurino, no cenário ou na coreografia dos bailarinos. A noite, além de expectativa, era especialmente de nostalgia para os fãs apaixonados, que iam das lágrimas à euforia.
No palco, Xuxa, com 54 anos, não se privou de dançar na maioria das músicas apresentadas. Um pouco rouca, teve apoio de playback, mas isso não diminuiu o impacto da apresentação da artista. “Dizem que estou velha para ser rainha, mas, vamos combinar, tem muita rainha aí pelo mundo bem mais velha do que eu. Sou Rainha dos Baixinhos, e não abro mão disso”, disse a estrela da RecordTV sob fortes aplausos da audiência.
O show, que terminou por volta das 2h desta quinta-feira (12), data do propício feriado do Dia das Crianças, mostrou a força e apelo que Xuxa Meneghel, um dos maiores cases de sucesso da televisão e do marketing brasileiro, parece que vai exercer por mais um bom tempo no coração e na memória de ‘altinhos’ por Salvador, como pelo Brasil à fora.
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