A memória nos remete a chacina na mesma SC, em 2021, quando jovem atacou bebês com uma adaga 

A tragédia em Blumenau (SC) tem componentes de crueldade, insânia e barbárie que nos chocam de forma arrebatadora. Mal tivemos tempo de nos recuperar do doloroso ataque em Vila Sônia e temos que lidar com o absurdo de saber que crianças foram mortas a machadadas. Não há como manter a frieza e apenas buscar entendimento ou as causas e responsáveis “coletivos” de tamanha violência.

Infelizmente, a memória nos remete a uma chacina semelhante, ocorrida na mesma Santa Catarina, em 2021, na cidade de Saudades. Armado com uma adaga, um jovem, sem histórico criminal, atacou bebês, professoras e funcionárias de uma creche que atendia alunos de 6 meses a 2 anos. Três crianças, uma professora e uma funcionária morreram no massacre.

Por sobrevivência, tendemos a esconder nos porões da mente esses fatos dantescos. Temos que seguir em frente, e esse misto de dor e revolta tem de ser aplacado. Mas sempre será difícil lidar com a capacidade do ser humano de agir de forma monstruosa — e contra vítimas indefesas, vulneráveis, pequenas. Bebês.

É claro que não devemos nos conformar com nossa indignação, nossa profunda repulsa diante desses eventos. Temos que cobrar autoridades, buscar modos de prevenir e dar segurança a todos. Somos um país violento. Mas isso não nos impede de chorar nossos mortos, mesmo que diariamente. Só não podemos banalizar nem normalizar o horror. O horror.