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AGU reafirma constitucionalidade de prisões em 2ª instância

Para André Mendonça, ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, o importante é que a prisão em 2ª instância seja considerada constitucional

Brasil|Do R7

Para AGU, decisões em 2ª instância são constitucionais
Para AGU, decisões em 2ª instância são constitucionais

Ao comentar nesta quinta-feira (4) a retirada de pauta das ações que tratam da execução antecipada da pena, o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), André Mendonça, afirmou que o "importante" é que a prisão após condenação em segunda instância continua sendo entendida como constitucional pela Suprema Corte.

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Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao cargo de chefe da AGU Mendonça enviou recentemente manifestação ao STF defendendo a medida, que é uma das bandeiras do Executivo e considerada um dos pilares da Operação Lava Jato. O pronunciamento da AGU marcou uma virada de entendimento no órgão, que à época do governo Temer era contrário à prisão antecipada.

Questionado sobre como avalia o adiamento da análise das ações, Mendonça afirmou que "é decisão do Supremo e a gente respeita". "Vamos aguardar o momento oportuno do julgamento", disse a jornalistas, antes de entrar na sessão de julgamentos do STF de hoje. Além do chefe da AGU, ministros da Corte também comentaram a decisão do presidente Dias Toffoli, que retirou as ações da pauta do próximo dia 10 ao atender a um pedido feito pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

"Quem gera a pauta é o presidente, se achou conveniente adiar, eu não vejo problema em relação a isso", disse o relator da Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin. O ministro emendou em seguida, no entanto, que quando julgou o habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ano passado, já havia indicado que o mérito das ações que tratam do tema deveria ser julgado. Fachin é favorável à prisão de condenados em segunda instância da Justiça.


Os ministros Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes também frisaram que as decisões sobre a pauta do plenário cabem ao presidente da Corte. "Eu tenho julgado de acordo com a Constituição, enquanto não houver uma decisão definitiva sobre essa questão", apontou Lewandowski, que é contrário a execução antecipada da pena e já deu liminares que contrariam o entendimento majoritário do STF.

De 2016 pra cá, o plenário do Supremo já decidiu em três ocasiões distintas que é possível a prisão após a condenação em segunda instância. O tema também veio à tona no julgamento de um pedido de liberdade de Lula - preso e condenado no âmbito da Operação Lava Jato - em abril do ano passado, quando o Supremo negou por 6 a 5 conceder um habeas corpus ao petista.


Ao falar sobre a decisão, Gilmar destacou que Toffoli deve ter entendido como razoáveis as razões da OAB, ao pedir o adiamento da pauta. Segundo a entidade, que é autora de uma das ações sobre o tema, a nova diretoria do Conselho precisa se "inteirar" do processo.

"Houve o pedido da OAB e o presidente avaliou, certamente auscultou o tribunal, avaliou que eram razoáveis as razões, por isso assim decidiu. De fato houve troca no comando na instituição, e deu-se esse tempo. Nós temos esses adiamentos. É a nossa vida", completou Gilmar.


Já o ministro Marco Aurélio ironizou a justificativa da OAB, de que a nova diretoria precisa se inteirar do processo. "É um tempo realmente novo, que não estava colocado, talvez por isso", disse o ministro, que é relator das ações e cobra o julgamento de mérito desde dezembro de 2017.

Momento

Oficialmente, com exceção de Marco Aurélio, os ministros do STF têm adotado um tom ameno sobre o adiamento das ações, observando que a OAB, como autora de um dos processos, tem o direito de fazer esse pedido. Nos bastidores, no entanto, há a avaliação de uma ala da Corte de que agora não era o melhor momento de julgar o caso. Desde que decidiu que a Justiça Eleitoral é competente para processar crimes como corrupção quando há conexão com delito eleitoral, os ataques e críticas contra o STF registraram um aumento. Outra fator ponderado é o julgamento do recurso de Lula no Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra a condenação do triplex do Guarujá, que deve ser analisado na próxima terça-feira (9).

Integrantes de ambas as Cortes acreditam que a conclusão do caso do petista no STJ ajudaria a distensionar o clima do julgamento sobre prisão em segunda instância no STF. No plenário, a Corte pode mudar o entendimento atual para permitir a prisão somente após análise do STJ, considerado uma espécie de 'terceira instância' na Justiça. Nos dois tribunais, era esperado que o processo de Lula, que será levado em mesa (sem pauta prévia) pelo relator Felix Fischer, fosse analisado durante o mês de março - o que não aconteceu.

Se for analisado no dia (9), o julgamento acontecerá a um dia de quando seria a análise das ações sobre prisão em segunda instância pelo Supremo. Se começar nesta data, o julgamento pode não ser concluído do mesmo dia. Isso porque, o ministro Joel Ilan Paciornik, da Quinta Turma do STJ, se declarou impedido de julgar o recurso do ex-presidente. Se houver algum empate (2 a 2) na sessão, o processo ficaria suspenso para que um membro da Sexta Turma do STJ fosse convocado a participar do julgamento.

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